Com quase meio trilhão em caixa e 17% do Produto Interno Bruto (PIB), os fundos de pensão se transformaram numa força poderosa dentro da economia brasileira. Em sete anos, a carteira de investimentos, que inclui participações em algumas centenas de empresas, projetos de infraestrutura e títulos públicos, quase triplicou (186%), de R$ 168,5 bilhões, em 2002, para R$ 482 bilhões, em novembro do ano passado. Isso significou um crescimento médio de 25% ao ano.
Nesse período, sua participação no PIB subiu de 12% para 17% - e deve fechar 2010 em 18%. "Em dez anos, eles vão representar 40% da economia doméstica", projeta o presidente da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), José de Souza Mendonça.
Por causa da baixa poupança interna, os fundos viraram - especialmente no governo Lula - uma das principais alavancas de desenvolvimento do País, consolidando a ideia de economia social. Como detêm um caixa bilionário de longo prazo, influenciam nas decisões de investimentos de setores estratégicos da economia interna, como energia, telecomunicações e mineração. Nos últimos anos, essas instituições estiveram envolvidas em grandes negociações, fusões e aquisições realizadas no mercado nacional.
Os primeiros passos ocorreram durante o processo de privatização, protagonizado pelos fundos de pensão, especialmente os estatais. Passada essa fase, os fundos se acomodaram um pouco. Afinal, a elevada taxa básica de juros garantia o cumprimento das metas atuariais.
"Sem muito esforço, tínhamos uma rentabilidade considerável com as aplicações em renda fixa", reconhece Luis Carlos Afonso, diretor financeiro e de investimentos da Petros (dos funcionários da Petrobrás), o segundo maior fundo do País, com patrimônio de R$ 44 bilhões.
Com o ciclo de queda dos juros, os fundos tiveram de alçar voos mais altos e diversificar sua carteira de investimentos. A estratégia foi apostar no mercado de renda variável, que inclui participação em projetos de infraestrutura e em empresas - medida que ganhou força a partir da crise global, que derrubou o preço das empresas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
"Entre 2008 e 2009, a Petros aumentou de 23% para 33% a fatia da carteira em renda variável. Na Lupatech, por exemplo, construímos uma posição em 2009 que chegou a 15% de participação", comenta Afonso. Hoje a instituição tem presença em empresas como Brasil Foods, América Latina Logística, CPFL, Invepar, Iguatemi, Lupatec , Log-In, JBS e Vale, entre outras.
Uma das principais apostas dos fundos de pensão para garantir o crescimento nos próximos anos é o setor de infraestrutura, o maior gargalo da economia brasileira. Além do pré-sal, projetos como os da Hidrelétrica de Belo Monte e o Trem de Alta Velocidade (TAV), entraram no radar dos executivos que administram o dinheiro dos trabalhadores.
"As oportunidades estão por toda parte, em energia elétrica, transportes, logística e a cadeia de óleo e gás", afirma o diretor financeiro da Petros, Luís Carlos Afonso.
Segundo ele, o setor elétrico, por exemplo, tem características importantes para os fundos de pensão, que precisam ter uma carteira de investimentos de longo prazo para cumprir as metas atuariais. "Os empreendimentos do setor são de longo prazo e risco baixo. Depois de fazer os aportes iniciais, o investimento se torna uma renda fixa", comenta.
Sobre Belo Monte, ele afirma que a Petros está em período de discussões com alguns parceiros. Mesma situação é descrita pelo diretor de Investimentos da Funcef, Demósthenes Marques. Ele afirma, no entanto, que uma participação no empreendimento apenas poderá ser definida depois que o edital for publicado.
"Só saberemos se o projeto é arriscado ou não depois que sair as regras do jogo, como a definição do preço e total de investimento. De qualquer forma, Belo Monte é uma obra mais complexa que as demais."
Na Funcef, fundo dos funcionários da Caixa Econômica Federal, a realocação da carteira de investimentos foi planejada em 2004, com uma projeção de cenários que mostrava que a rentabilidade dos juros ficaria abaixo da meta atuarial já neste ano.
"Outra parte dos recursos foi investida em aplicações ancoradas em índice de preços, como debêntures. Outra parcela foi para renda variável, que saiu de 14% para 36%", diz o diretor de Investimentos da Funcef, Demósthenes Marques.
Hoje o fundo, terceiro maior do País, com R$ 37 bilhões de patrimônio, é cotista em 33 Fundos de Investimento em Participações (em 2004 só participava de 1), com presença em mais de 70 empresas. Além disso, detém participação direta em companhias como ALL, Vale, OI e Invepar.
No maior fundo do País, Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), que sozinho detém 28% do sistema, a participação em renda variável vem alta desde a privatização, quando arrematou uma fatia importante da Vale. "Naquela época, a empresa valia US$ 10 bilhões. Hoje, está em torno de US$ 150 bilhões, um crescimento de mais de 15 vezes", comenta o diretor de investimentos da Previ, Fabio Moser.
Cerca de 60% da carteira do fundo está aplicada em renda variável. Entre 1998 e 2008, a rentabilidade desse portfólio foi de 1.150%, contra uma alta de 750% do Ibovespa. A Previ detém hoje participação relevante em mais de 50 empresas, como Banco do Brasil, Neoenergia, CPFL, OI, Klabin, Brasil Foods e 521Participações, entre outras.. (O Estado de S. Paulo).
Fonte! Chasque postado no dia 01/03/10 no galpão virtual (blog) do Reginaldo o Conselheiro - http://www.reginaldoconselheiro.blogspot.com/.
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