Tenho me surpreendido com a crescente procura pelo investimento em ações. Minha surpresa se deve ao fato de que aqueles que se convencem de que as ações são um bom negócio tendem a concentrar todas as suas fichas nessa modalidade de investimento. Em minha rotina diária de respostas a dúvidas de leitores, ouvintes e internautas, são comuns indagações do tipo "Tenho 10 000 na poupança e quero transferir tudo para um fundo de ações, o que você acha?".
Acho um absurdo! Esse é o tipo de decisão que refl ete um comportamento especulador, e não de quem investe em empresas. Especular é para profi ssionais, pessoas que vivem do mercado de investimentos, e não para investidores de fi nal de semana. Falta a essas pessoas a percepção de que investimentos não servem apenas para multiplicar riquezas, mas também para nos proteger de imprevistos e para permitir que aproveitemos oportunidades.
Transferir todo o dinheiro para um fundo de ações é ruim
Em outras palavras, o papel de nossos investimentos é também de aumentar nossa liquidez. Você realmente começará a construir riqueza no dia em que perceber que o que o enriquece é a renda fixa, e não o investimento em renda variável. Quem constrói casas para revender não enriquece porque teve a brilhante ideia de construir, mas, sim, porque juntou dinheiro que permitisse pagar a obra a um preço bem menor do que o de revenda. Quem investe em ações não enriquece simplesmente por ter bons papéis, mas, sim, por conhecer seu mercado e contar com reservas na renda fi xa para aproveitar a queda de preços em uma crise e fazer boas compras.
Por isso, a melhor das estratégias sempre terá uma parcela razoável da carteira investida em renda fixa. Para as pessoas comuns, o ideal é que a maior parte do patrimônio esteja nessa modalidade. Com uma parcela menor investida em renda variável, você aprenderá a lidar com o risco e dará oportunidade de obter ganhos acima da renda fi xa. Com a parcela maior em renda fi xa, você terá liquidez e condições de aproveitar as pechinchas geradas por desesperados gananciosos que vendem bons ativos nos momentos turbulentos.
Fonte! Chasque publicado na Revista Você S/A (http://www.vocesa.abril.com.br/), na edição 141 (março de 2010), por Gustavo Cerbase - consultor financeiro pessoal, sócio-diretor da Cerbasi & Associados Planejamento Financeiro e autor do livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos. http://www.maisdinheiro.com.br/.
O problema é que as pessoas começam a ler sobre ações e acham que sabem tudo. E não sabem absolutamente nada, ainda... é fácil se empolgar com o rendimento dos juros compostos. E o pior: querem lucro em dois, três anos (ou até menos). Complicado!
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