Endividada, li sobre os investimentos e vi que as ações podiam render mais que a poupança
Há oito anos, eu devia R$ 7 mil no cartão de crédito. Era mais de três vezes o meu salário. Eu gastava sem controle, especialmente em roupas e sapatos. Os juros tornaram a dívida impagável. Ao renegociá-la, recomendaram que eu aprendesse a gastar direito.
Comprei livros de finanças e vi que os juros, apesar de odiados por quem paga, aumentam os lucros de quem poupa. Fui aprender a fazer investimentos.
Aí, descobri as ações da bolsa de valores. Fiquei maravilhada ao saber que elas são uma pequena fração de uma empresa. Ao comprá-las, o acionista se torna um pequeno proprietário e recebe os lucros dessa empresa. Entendi que o valor da ação muda a cada instante porque depende da avaliação dos investidores sobre os rendimentos dessa empresa no futuro. Quando acham que o lucro vai aumentar, as ações sobem, e vice-versa. Mais interessante foi saber que qualquer pessoa pode comprar uma ação.
Nessa época, em 2002, acreditavam que o lucro das empresas brasileiras fosse acabar por causa da eleição do presidente Lula. Esse medo barateou demais as ações, mas eu não tinha um centavo para aproveitar as pechinchas. Prometi quitar as dívidas para poder investir.
Em abril de 2007, já tinha pago parte das minhas dívidas. Apesar de ler tudo sobre a bolsa, ainda tinha medo de investir errado e me endividar de novo. Mas resolvi arriscar.
Procure uma corretora antes de começar a negociar
Antes de investir na bolsa, abra uma conta em uma corretora, instituição financeira que compra as ações. Esses negócios são feitos por telefone ou site da corretora.
Quando uma ação é vendida, são as corretoras que pagam o investidor. Para isso, elas cobram taxas para comprar e vender ações e para guardar o dinheiro em segurança. Bancos também têm corretoras, mas prefiro investir com quem trabalha só com ações, porque pago taxas menores pelas transações.
Todas as corretoras estão no site da Bovespa. Veja algumas: XP: http://www.xpi.com.br/, Socopa: http://www.socopa.com.br/, Gradual: http://www.gradualinvestimentos.com.br/, Ágora: http://www.agorainvest.com.br/ e Um: http://www.uminvestimentos.com.br/.
Compro e vendo ações no computador
Liguei para uma corretora onde eu já tinha uma conta e consegui bons descontos nas taxas. Fechei o negócio no meu computador, por meio do site da corretora. É o que chamam de ''home broker''. Até hoje, é nesse site que vejo o preço das ações e como vão os investimentos.
Transformei R$ 350 em R$ 600 após 1 ano
Com R$ 350, comprei ações da Petrobras e Vale. Aprendi nos cursos que empresas grandes como essas despertam mais interesse dos investidores e suas ações são mais fáceis de negociar. Por isso são indicadas para iniciantes. E é fácil acompanhar o desempenho delas. Eu via só pela TV. Conferia meus lucros uma vez ao mês, no extrato da corretora.
E eles estavam ótimos! Um ano depois, eu estava com R$ 600! Se eu tivesse investido em poupança, teria só R$ 370. Ganhei 12 vezes mais! Usei a grana para pagar a última dívida do cartão, mas queria investir de novo.
É preciso ter calma e investir por anos
Aí, veio a crise econômica nos Estados Unidos, em setembro de 2008, que assustou os investidores por causa da queda nos lucros das empresas de todo o mundo. As ações ficaram muito baratas de novo. Como eu já tinha visto a recuperação da bolsa após uma crise, fui às compras. Em novembro de 2008, usei R$ 2 mil do 13º salário para comprar ações da Petrobras. Hoje elas valem R$ 3.500. Na poupança, esses R$ 2 mil seriam R$ 2.100.
Depois, comprei ações de outras sete empresas que valem hoje o dobro do investimento. Sei que essa é uma riqueza que pode desaparecer a qualquer momento, se houver outra crise. Por isso, sigo uma dica das palestras que frequentei para conhecer o mercado de ações: a bolsa é um investimento de retorno para mais de cinco anos. Só assim posso acompanhar o crescimento de uma empresa e usufruir dos lucros dela.
As mulheres se dão bem nesse aspecto: somos mais cautelosas e suportamos perdas financeiras rápidas. Mesmo assim, evito ficar muito tempo ligada no site onde confiro meus investimentos. Faço isso uma vez por dia. Nos fins de semana, planejo minhas compras futuras.
A bolsa garantiu minha estabilidade atual. No futuro, quero montar um clube de investimento, uma reunião de pessoas que compram as mesmas ações por um período pré-determinado e dividem as taxas e os lucros dessas ações. Para isso, é preciso pedir autorização para a bolsa e ter a supervisão de uma corretora. Vou me aposentar com a renda dos investimentos nas ações.
Fonte! Dona da história: Flaviana Amarante, 33 anos, médica, São Paulo, SP . Reportagem: Leo Branco. Chasque publicado no galpão virtual http://www.mdemulher.abril.com.br/.
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