A melhor opção para reduzir o sobreendividamento público, diz em exclusivo ao Expresso o autor do best-seller
"Capital no século XXI", é um imposto extraordinário progressivo sobre o
valor líquido das fortunas acima de um milhão de euros.
A austeridade é a pior solução para diminuir o excesso
de dívida pública, diz o professor francês Thomas Piketty. Ele é autor
de "Le Capital au XXI siècle" (editora Seuil, 2013, cerca de 1000
páginas) cuja tradução em inglês ("Capital in the Twenty-First Century",
Harvard University Press, 685 páginas, abril de 2014) se tornou
rapidamente líder da lista de best-sellers na Amazon e esgotou
nas livrarias norte-americanas. Alguns economistas, como o
norte-americano Larry Summers, já o consideram um forte candidato a um
Prémio Nobel.
A austeridade implicará décadas de sacrifícios para a
maioria da população e só será benéfica para os grandes portefólios
detentores de obrigações do Tesouro. O que aconteceu no Reino Unido
entre 1810 e 1910 é bem ilustrativo dos malefícios de uma tal opção
política por uma austeridade prolongada, sublinha o autor recorrendo a
um caso de antologia histórica.
A melhor opção, diz o fundador da École d'Économie de
Paris, é um imposto extraordinário progressivo sobre o valor líquido das
fortunas acima de €1 milhão, com uma taxa de 1% entre 1 e 5 milhões e
de 2% acima de 5 milhões, aplicado ao longo de um período de tempo como
medida fiscal de emergência.
€300 mil milhões por ano
A taxa anual progressiva sobre as fortunas (avaliadas
em termos líquidos, insiste o autor para não assustar as classes médias)
acima de €1 milhão, poderia abranger, no caso da União Europeia (UE),
uma minoria de 2,5% da população adulta e permitir uma arrecadação
fiscal anual na ordem de €300 mil milhões, equivalente atualmente a 2%
do PIB. Essa taxa deve aplicar-se a todo o tipo de ativos detidos por
esses escalões de contribuintes.
Se for politicamente difícil, a sua segunda escolha é
aumentar a inflação para fazer diminuir o sobreendividamento público,
apesar das desvantagens que acarreta.
Fonte! Chasque (postagem) de Jorge Nascimento Rodrigues, publicado no
dia 23 de maio de 2014, no Sítio Expresso Digital. Abra as porteiras clicando
em http://expresso.sapo.pt/imposto-sobre-as-fortunas-e-preferivel-a-austeridade=f871714
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