domingo, 24 de novembro de 2013

Juros compostos traduzem o avanço da vida


dinheirama-post-juros-compostos-avanco-vida Não podemos dizer que juros compostos são um assunto pouco abordado. Na verdade, existem muitas pessoas que explicam, comentam e opinam sobre ele, inclusive eu. No entanto, ao perceber que pessoas esclarecidas e inteligentes ainda possuem um conceito que pode ser ampliado, é importante voltar ao tema.

Vamos conversar sobre a capitalização composta, ou como comumente costumamos falar, juros compostos. Ou ainda, juros sobre juros.

Chamado juridicamente de anatocismo, esta forma de capitalizar ainda é vista por muita gente bem informada como um artifício maléfico, uma espécie de invenção ardilosa para prejudicar as pessoas comuns.

Pior do que isso, é visto como crime. Um crime que seria praticado diariamente pelos bancos e instituições financeiras, pois o fato é que o mercado financeiro funciona usando este critério no Brasil e no Mundo.

Juros compostos na prática

A capitalização composta se caracteriza pelo fato de remunerar os juros, assim como o capital inicial. Desta forma, gera um crescimento exponencial ao longo do tempo. Exatamente por isso, muita gente a vê com desconfiança, mas é exatamente por isso que ela é um método mais adequado à realidade.

Isso porque considera e incorpora a geração de valor como plataforma para a geração de mais valor. Se você prestar atenção, as coisas funcionam da mesma forma na vida.

O aprendizado, por exemplo, funciona da mesma maneira, seja ele científico ou não. Quando você está lendo este artigo, está usando um saber que foi adquirido antes, no caso a leitura. A leitura não só foi adquirida, como foi incorporada, e com base nela você está compreendendo o que eu escrevo.

Você não volta para a alfabetização todas as vezes que precisar ler. A mesma coisa ocorre na matemática. Para resolver uma equação, você não volta para aprender as quatro operações, pois isso já foi incorporado ao conhecimento.

Sem esta incorporação, não haveria avanços na ciência porque as pesquisas sempre teriam que começar do zero, sem considerar o que foi devidamente descoberto no passado ou por outro pesquisador.

Voltar ao ponto de partida sempre impediria que alguém completasse o caminho de Santiago, pois a cada parada teria que voltar ao começo. Também impediria que um atleta surfasse a maior onda do mundo porque teria sempre que começar com as menores, como fazia no começo da carreira.

Juros compostos para o bem e para o mal

Talvez a compreensão fique melhor quando constatamos os efeitos deste tipo de capitalização numa situação inversa, já que habitualmente as críticas só existem nos financiamentos.

Vamos abordá-lo pela ótica dos investimentos. Imagine que você tem R$ 100.000,00 e os guarda em investimento de sua preferência. Como o seu dinheiro ficará à disposição de terceiros, você tem direito a uma remuneração. Nada mais justo.

Digamos que esta remuneração seja de 1% por cada mês que você deixe o dinheiro lá, o que faria você ter direito a R$ 1.000,00 ao final dos primeiros 30 dias. Agora imagine que você não retirou esta quantia que soma agora R$ 101.000,00.

Suponha que, mesmo assim, mês após mês, o banco continuaria remunerando apenas o capital inicial de R$ 100.000,00, desconsiderando os rendimentos. Certamente, você iria reclamar, pois ele estaria usando o principal e os rendimentos que você não sacou. Certamente, os mesmos que criticam a capitalização composta reclamariam.

Ora, se você não retirou o dinheiro do rendimento, o correto é que ele seja considerado na hora de remunerar seu investimento no mês seguinte. Sem isso haveria uma grande perda para você – e esta perda se acentuaria quanto mais tempo você deixasse o dinheiro lá, quando deveria ser exatamente o contrário.

De que lado dos juros compostos você deve estar?

Fica claro que no intuito de reduzir o impacto dos pagamentos (dívidas geralmente não pagas), se questione o regime composto, mas nunca vi ninguém reclamar dos bancos porque eles adotaram este regime na hora de capitalizar o investimento.

Se assim fosse, seriam dois pesos e duas medidas para a mesma moeda, porque pagamento e recebimento, financiamento e investimento, são dois lados da mesma operação.

Se o sistema financeiro remunerasse você com juros compostos e recebesse o que seus clientes devem via juros simples, quebraria na certa e levaria a economia inteira junto.

O regime composto de capitalização é, na verdade, uma forma adequada de representar matematicamente o que a vida nos ensina todos os dias. Aquilo que você conquista hoje pode e deve ser usado para que você conquiste mais coisas amanhã.

Foto “growth graph”, Shutterstock.

Fonte! Chasque (texto) de Tibério Rocha Júnior, publicado no sitio Dinheirama no dia 07 de novembro de 2013. Abra as porteiras clicando em http://dinheirama.com/blog/2013/11/07/juros-compostos-traduzem-avancos-vida/.

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