Audiência na Justiça do Trabalho de uma cidade fortemente colonizada por
alemães. O reclamado é um senhor de gestuais grosseiros e impacientes. O
reclamante, um jovem franzino e constrangido, pede reconhecimento de
vínculo de emprego como trabalhador - alegando ter sido caseiro no sítio
do reclamado.
Questionado pelo juiz acerca da possibilidade de acordo, o reclamado afirma, sotaque carregado, peito cheio de mágoas:
- Acordo? Dei casa e comida para essa criatura e agora me apronta essa!
O magistrado tenta suavizar:
- Sei que o senhor pode estar chateado, mas o reclamante trabalhou no seu sítio e foi embora sem nada receber. Sugiro que proponha um valor, daí encerramos a discussão hoje mesmo.
- Não seja por isso. Este dinheiro basta a esse morto de fome! São 300 pilas! – diz o reclamado, puxando seis cédulas de R$ 50 do bolso e colocando-as sobre a mesa.
Perplexo, o juiz dirige-se ao reclamante:
- O senhor, por gentileza, apanhe o dinheiro e guarde-o no bolso.
Sem nada entender, mas confiando na determinação, o reclamante recolhe as cédulas. Em seguida, antes que o reclamado diga outros impropérios, o magistrado volta à carga:
- A esmola já foi aceita. Agora, o senhor trate de pensar numa proposta de acordo, e medite ou oriente-se com seu advogado antes de abrir a boca. Eu lhe repito: antes de abrir a boca. O lugar onde o senhor está se chama Justiça, e não feudo! E o juiz sou eu.
Veementemente alertado por seu advogado, o alemão duro concorda em pagar mais R$ 1.500 e, assim, acabar com a demanda. Acordo fechado, cheque assinado, formalidades preenchidas, processo encerrado, clima ainda hostil na sala de audiências, o empregador levanta-se e parte sem se despedir de ninguém.
Deixa o foro trabalhista, embarca em sua camioneta, cantando os pneus etc. Aconteceu numa cidade da Grande Porto Alegre.
Fonte! Chasque publicado nas páginas do Jornal do Comércio de Porto Alegre/RS, na edição do dia 28 de setembro de 2012, na coluna Espaço Vital, por Marco A. Birnfeld.
Questionado pelo juiz acerca da possibilidade de acordo, o reclamado afirma, sotaque carregado, peito cheio de mágoas:
- Acordo? Dei casa e comida para essa criatura e agora me apronta essa!
O magistrado tenta suavizar:
- Sei que o senhor pode estar chateado, mas o reclamante trabalhou no seu sítio e foi embora sem nada receber. Sugiro que proponha um valor, daí encerramos a discussão hoje mesmo.
- Não seja por isso. Este dinheiro basta a esse morto de fome! São 300 pilas! – diz o reclamado, puxando seis cédulas de R$ 50 do bolso e colocando-as sobre a mesa.
Perplexo, o juiz dirige-se ao reclamante:
- O senhor, por gentileza, apanhe o dinheiro e guarde-o no bolso.
Sem nada entender, mas confiando na determinação, o reclamante recolhe as cédulas. Em seguida, antes que o reclamado diga outros impropérios, o magistrado volta à carga:
- A esmola já foi aceita. Agora, o senhor trate de pensar numa proposta de acordo, e medite ou oriente-se com seu advogado antes de abrir a boca. Eu lhe repito: antes de abrir a boca. O lugar onde o senhor está se chama Justiça, e não feudo! E o juiz sou eu.
Veementemente alertado por seu advogado, o alemão duro concorda em pagar mais R$ 1.500 e, assim, acabar com a demanda. Acordo fechado, cheque assinado, formalidades preenchidas, processo encerrado, clima ainda hostil na sala de audiências, o empregador levanta-se e parte sem se despedir de ninguém.
Deixa o foro trabalhista, embarca em sua camioneta, cantando os pneus etc. Aconteceu numa cidade da Grande Porto Alegre.
Fonte! Chasque publicado nas páginas do Jornal do Comércio de Porto Alegre/RS, na edição do dia 28 de setembro de 2012, na coluna Espaço Vital, por Marco A. Birnfeld.
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