Saiba diferenciar quando um bem ou serviço que você adquiriu foi apenas uma despesa do cotidiano ou um investimento que pode gerar retorno ao seu patrimônio
Considerado um bom investimento,
imóvel pode ser mau negócio
em certos casos
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Um imóvel, um carro ou uma viagem podem ser uma
mera despesa ou transformar-se em um investimento valioso. Vai depender
do uso que se faz deles e do momento do mercado, que é extremamente
volátil, explica a consultora de finanças pessoais Suyen Miranda. “Não
adianta comprar dez sacos de alface por R$ 0,10 se você não puder
consumir todos. Mas se você doá-los para uma creche, onde a demanda é
grande, certamente terá feito bom uso de sua compra”, exemplifica.
Para os itens de consumo preferidos do brasileiro, a lógica é a mesma. Confira oito produtos ou serviços que costumamos adquirir e saiba em que casos eles podem dar retorno ou ser lembrados apenas como mais uma dívida a pagar:
CARRO
Gasto – Considerado um bom investimento no passado, hoje o automóvel popular perde 10% de seu valor por ano. “É um bem de consumo que agrega qualidade de vida, mas não é para ganhar dinheiro”, acredita o educador financeiro e presidente da consultoria DSOP Educação Financeira, Reinaldo Domingos. Se for somente para satisfação pessoal e não gerar rendimento, afirma a consultora Suyen, o carro tem mais perfil de despesa, ao requerer recursos financeiros para manutenção e outros gastos.
Investimento – “Ele pode ser considerado um
investimento se for ferramenta de trabalho, algo que viabilize visitar
clientes, e parte fundamental para viabilizar um negócio próprio”,
observa a especialista. Ganhar dinheiro com a venda de carros é somente
para especialistas ou vendedores com experiência neste mercado.
JOIAS (OURO E PEDRAS)
Gasto – Joias de valor fascinam, mas sua revenda
dificilmente é bom negócio. Quando avaliadas para o leilão de penhores
da Caixa Econômica, seu valor é calculado pelo peso do objeto, e não
pelo trabalho artístico ou pelas pedras incrustadas. E assim como outros
bens, a joia ou pedra preciosa passa a valer menos no momento em que é
comprada. Diamantes podem perder 50% do valor ao sair da loja.
Investimento – Investir em joias só é vantajoso
se a peça tiver um forte valor agregado. Se for antiga ou tiver um
cunho histórico, pode ser valiosa dentro de um mercado muito segmentado,
explica Suyen. “Mas é preciso encontrar um bom comprador para a peça e
que esteja disposto a pagar por ela”. Diferente das joias, os títulos de
mercado lastreados em ouro são considerados um investimento, já que
ganham ou perdem valor em pouco tempo. Neste caso, você nem vê a cor do
ouro. Apenas detém um papel atrelado à valorização do metal.
OBRA DE ARTE
Gasto – Assim como as joias, ao comprar o
trabalho de um artista, não se deve pensar em gerar aumento de capital. A
menos que você seja um especialista, a compra deve ser feita apenas
pelo interesse em adquirir a obra. “Se você não entende nada de arte,
caia fora”, recomenda Domingos.
Investimento – Há profissionais que
enriqueceram vendendo obras de arte, mas eles são a absoluta minoria e,
geralmente, profundos conhecedores de seu trabalho. Eles costumam atuar
em mercados específicos, como antiguidades, e atuam em círculos fechados
de compradores, além de conseguir estimar o valor de uma peça e sua
liquidez (facilidade em vendê-la). Fora estes casos, é um mau negócio.
ROUPAS E ACESSÓRIOS
Thinkstock/Getty Images
Vestuário como ferramenta de marketing pessoal é investimento
Investimento – Comprar um belo terno para trabalhar ou para uma entrevista de emprego é, certamente, uma boa aposta financeira, segundo Domingos. Roupa e acessórios só são investimentos se agregarem valor a sua imagem. Do contrário, são itens de consumo base do cotidiano. “Só é investimento se a peça adquirida servir como um marketing pessoal”, acredita a consultora Suyen.
VIAGEM
Gasto – Difícil definir os gastos com viagem
como um dinheiro mal gasto, a menos que o passeio seja forçado ou por
alguma obrigação. É daqueles itens que quase sempre geram satisfação,
mais associada a experiências do que a bens materiais. “Viagens aumentam
a cultura e a bagagem pessoal, mas não o patrimônio material”, explica
Suyen.
Investimento – Se for uma viagem de negócios,
aí sim ela contribui para o enriquecimento material, aponta Domingos.
Viajar para fazer um curso também pode gerar bons frutos. Mas o maior
benefício é a realização pessoal e o acesso a cultura e conhecimento.
CURSOS
Gasto – De MBAs a workshops, os cursos
oferecidos no mercado podem tanto atender a uma necessidade de
atualização profissional quanto ao ímpeto de ocupar-se com algo
prazeroso. “É apenas um gasto aquele curso de artesanato em que você se
distrai, mas fora dali nunca pintou um pano de prato”, exemplifica a
consultora Suyen. Adquirir conhecimento para não aplicá-lo é uma despesa
sem retorno.
Investimento – Cursar uma especialização ou
mesmo um intensivo de férias que sirva como complemento para sua
profissão é um ótimo investimento, explica o presidente do Dsop. “Se é
para alavancar um negócio ou melhorar seu cargo na empresa, é um
dinheiro muito bem aplicado”. Nem sempre um curso que agrega
conhecimento, no entanto, trará um benefício direto na carreira.
“Cultura bem usada nunca é despesa”, acredita Suyen.
LAZER
Gasto – Atividades associadas ao tempo livre,
geralmente, se enquadram nas despesas comuns do cotidiano. Mas para que
seja um dinheiro bem gasto, é essencial fazer disso um prazer. “Jantar
fora todos os dias torna-se um hábito, mas se for uma vez por semana, é
laser”, diz Domingos.
Investimento – Se você é um crítico gastronômico, comer em restaurantes será mais que um momento de prazer, mas uma ferramenta de trabalho. O mesmo pode ocorrer para quem trabalha com música e vai ao show de um ídolo. Visitas a parques, museus ou ir ao cinema podem ser investimentos, desde que agreguem algum valor, mesmo de forma indireta.
IMÓVEIS
Gasto – Em muitos casos, um imóvel gera mais despesa do
que rendimentos. Suyen cita uma casa de praia que fora de temporada nem
sempre é fácil de alugar. “Ele precisa de limpeza, manutenção e
recolhimento de impostos sem gerar necessariamente lucro”, diz. Sem
contar a necessidade de reforma. Se comprar um imóvel para alugar,
deve-se avaliar antes a procura e demanda na região. Mas se a casa é
aproveitada pelos proprietários com frequência, gera menos despesa.
Investimento – Para fazer a compra de um imóvel uma
oportunidade, é preciso ter conhecimento deste mercado. Para Domingos,
já passou a fase de supervalorização dos preços vista nos últimos quatro
anos e as chances de lucrar caíram. “Ganhar dinheiro com isso também
requer especialidade”, avalia. É mais um negócio para profissionais do
ramo imobiliário, que conhecem a demanda de determinadas regiões e a
liquidez do ativo. Para Suyen, na maioria dos casos o imóvel é
considerado um investimento.
Fonte! Este é um chasque de Tais Laporta - iG São Paulo, publicado no dia 16 de agosto de 2013. Abra as porteiras clicando em http://economia.ig.com.br/financas/meubolso/2013-08-16/voce-gasta-ou-investe-confira-8-dicas.html
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