quarta-feira, 24 de julho de 2013

Privação financeira aflige os aposentados do fundo de pensão Aerus

Privação financeira aflige os aposentados do fundo de pensão Aerus Félix Zucco/Agencia RBS
Goeth é um dos 10 mil ex-trabalhadores da Varig que viram sua renda
encolher com a ruína do fundo de aposentadoria complementar           
Foto: Félix Zucco / Agencia RBS
 
A promessa de uma aterrissagem segura na aposentadoria ao aderir ao Aerus se transformou em decepção e angústia para Valmir Dexheimer Goeth, 76 anos, e outros 10 mil ex-trabalhadores de empresas como Varig e Transbrasil. Com recursos esgotados pelo pelo fim do patrimônio das companhias, cuja venda garantia o pagamento da folha, os beneficiários temem ficar sem receber nos próximos meses.

Os primeiros prejudicados seriam os cerca de 8 mil aposentados pelos planos 1 da Varig e da Transbrasil. Há sete anos, eles já recebem apenas 8% do que teriam direito – e, para piorar, sem correção, devido ao fim das companhias e à intervenção federal no fundo de pensão.

Goeth deixou a ativa em 1992 como instrutor de mecânicos na Varig, a aérea gaúcha que se tornou símbolo de orgulho para os brasileiros. Até 2006, pôde usufruir do conforto proporcionado pelo beneficio que recebia, fruto da contribuição iniciada em 1983, um ano depois da criação do Aerus. Com ruína da companhia e do fundo, viu a sua situação financeira se deteriorar aos poucos.
Quando jovem, Goeth planejava chegar a esta idade com uma renda que garantiria estabilidade, mas hoje recebe apenas R$ 400 mensais.

– A minha situação foi degringolando dia a dia – relata Goeth, integrante de um grupo de beneficiários que na última terça-feira foi ao aeroporto Salgado Filho participar de um protesto contra a situação do Aerus que se repetiu em quatro capitais.

Beneficiários cortam gastos para enfrentar a baixa renda

Com o colapso do fundo de previdência complementar – a Varig não repassava o dinheiro descontado dos funcionários e também fez empréstimos com o Aerus –, ficaram para trás as idas ao supermercado sem se preocupar com a conta e os passeios com a família. O carro, ano 1995, foi dado pelo filho. Enquanto tinha saúde plena, Goeth ainda conseguia trabalhar para garantir uma renda extra. Tratada pelo SUS por não ter como pagar um plano de saúde, a artrose nos joelhos se tornou mais uma limitação.

– Ano passado aluguei a minha casa e fui para um apartamento menor – conta Goeth, que reforçou o orçamento com a diferença entre o aluguel que paga e o que recebe, além do salário mínimo que ganha do INSS.

A aflição do ex-instrutor é compartilhada por Isa de Moraes Cordeiros, 76 anos. Viúva de um ex-piloto por quatro décadas na Varig, ela recorda da confiança do marido que, ao contribuir pelo teto para o Aerus desde a criação do fundo, não temia qualquer aperto financeiro no futuro.

– Meu marido sempre falava que, quando ele se fosse, eu ia ficar muito bem – conta a pensionista.
E até 2006, ficou. Na época, recebia R$ 3,5 mil. Corrigido, calcula, o valor hoje seria de pelo menos R$ 6 mil. A cada mês, no entanto, pingam somente R$ 447.

– Baixou muito o meu padrão de vida. O condomínio onde moro é caro, o plano de saúde é caro. Faço muito empréstimo – revela Isa, que admite estar "muito endividada".
Não fosse a aposentadoria pelo INSS, o quadro seria ainda mais dramático. Mesmo assim, precisou vender a casa na praia, o carro e abriu mão de qualquer possibilidade de lazer que envolva gasto adicional.

O marido de Isa era amigo e colega do pai da psicóloga Marcia Cassali, que levou a mãe de 82 anos para o protesto no Salgado Filho. Graças à aposentadoria do INSS e a aplicações feitas pelo pai em vida, a família não chegou a passar necessidade com a derrocada do Aerus. Mesmo assim, precisou se desfazer de patrimônio para pagar algumas contas.

Beneficiários ocupam sede

Em protesto contra a falta de uma solução, desde o dia 27 de junho um grupo de aposentados está acampado na sede do Aerus, no centro do Rio. Apesar da idade avançada, com média de 75 anos, dormem em colchonetes nos corredores à espera de um desfecho para o caso da Aerus. A ocupação é transmitida ao vivo pelo site do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) – o que apelidaram de "Big Brother por justiça".

A indignação cresceu com a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, de negar um recurso que beneficiaria os aposentados. A tentativa era de receber uma indenização antecipada da União, responsabilizada pela má gestão do Aerus. A revolta foi maior porque, em maio, Barbosa já havia suspenso o julgamento que envolvia indenizações da União à Varig devido ao congelamento das tarifas aéreas entre 1985 e 1992. A conta estaria hoje em R$ 7 bilhões. A empresa, por sua vez, deve R$ 5,7 bilhões ao Aerus.

O caso teve vitória da Varig em todas as instâncias e, no STF, na última tentativa da União de reverter a condenação, a relatora, ministra Cármem Lúcia, votou a favor da companhia.

Fonte! Chasque publicado na página eletrônica do jornal Zero Hora de Porto Alegre, em 20 de julho de 2013. Abra as porteiras: http://www.blogger.com/blogger.g?blogID=1994875672116691398#editor/target=post;postID=1873943099842980615

Nota do O Bolso da Bombacha!

Aos investidores de agora, fica a velha e batida lição" "nunca coloque todos os ovos numa única cesta". Isto quer dizer, diversifique os seus investimentos, por menores que estes investimentos sejam....

Os jovens de hoje, serão adultos amanhã e velhos depois de amanhã. E é melhor envelhecer com muito dinheiro no bolso da bombacha....

Baita abraço

Valdemar Engroff - o gaúcho taura


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