Quem
aproveitou a oportunidade teve ganhos
dignos da
bolsa com aplicação no Tesouro Direto
FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
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Os títulos prefixados e indexados à inflação (juros mais a variação dos
preços do período) do Tesouro Direto são vendidos com taxas que variam de
acordo com as condições de mercado. Quando os investidores acreditam que as
condições econômicas vão piorar no futuro, a tendência é que esses juros subam,
e vice-versa. Em período eleitoral, a incerteza sobre o resultado agrava as
oscilações.
Antes do primeiro turno, com o crescimento de Fernando Haddad nas
pesquisas, as taxas subiram. Isso porque, em geral, a plataforma econômica do
petista desagradava aos agentes do mercado, e eles imaginavam que o País
precisaria apertar os juros no futuro caso ele vencesse. No início de setembro,
o Tesouro Prefixado com vencimento em 2021 chegou a oferecer taxa de mais de
10% aos investidores. Com o crescimento de Bolsonaro, com discurso pró-mercado,
porém, os juros cederam. No dia seguinte ao segundo turno, a taxa do papel era
de 8,03%.
Quando as taxas dos novos papéis caem, o valor dos títulos que já
circulavam no mercado sobe, uma vez que eles oferecem retorno maior. Por isso
que, em outubro, os títulos indexados à inflação registraram a maior
valorização desde o início da série histórica, em 2003. O índice IMA-B, que
representa uma cesta desses papéis, teve alta de 7,14%. Já o IMA-B 5 , composto
por títulos com vencimentos acima de cinco anos, saltou 10,66%.
"Notamos
esse movimento da segunda quinzena de outubro para frente", contou Fábio
Macedo, diretor comercial da Easynvest. "Mas o fluxo de compra continuou
forte mesmo depois disso, porque ainda há taxas interessantes."
Quem
comprou R$ 10 mil em títulos indexados à inflação com vencimento em 2035 em 25
de setembro, por exemplo, lucrou R$ 1.070,00 ao vender os papéis em 29 de
outubro. A operação representaria um ganho de 10,7% em pouco mais de um mês,
maior que a alta de 6,6% registrada pela bolsa no mesmo período.
Mas
movimentos de curto prazo como esse têm um custo. Quem fica menos de seis meses
com um título na mão paga Imposto de Renda de 22,5%, a maior alíquota. Roberto
Indech, da Rico Investimentos, alertou para o risco que pequenos investidores
correm ao especular no curto prazo com títulos públicos, uma vez que vender os
papéis antes do vencimento pode levar a perdas, dependendo das condições de
mercado.
A partir de agora, a expectativa é de oscilações mais brandas nas taxas.
"Agora, tudo depende de ações concretas. A sinalização é muito boa, mas o
espaço entre promessa e realização é grande, e a tendência é que os juros
fechem em ritmo mais lento", analisou Marcelo Sande, da plataforma de
investimentos Genial.
Na
avaliação de Sande, caso se concretizem as propostas de Bolsonaro que agradam
ao mercado, títulos com prazo mais longo devem atrair investidores
estrangeiros. "Ainda tem uma gordura para ser queimada na parte longa da
curva de juros com o governo realizando o que promete. Mas os investidores
devem saber que esses papéis também são bastante sensíveis ao exterior",
completou.
Rafael
Mazzer, gerente de portfólio do braço de gestão do BTG Pactual, acredita que o
maior ganho potencial está em papéis prefixados de longo prazo, mas admite que
eles são vulneráveis a grande volatilidade. Por isso, para pessoas físicas,
sugere como alternativa papéis atrelados à inflação. "Para pequenos
investidores, preferimos papéis atrelados à inflação, mesmo que se abra mão de
algum ganho. Isso porque, em caso de reversão de cenário, a expectativa para a
inflação também se eleva, compensando parte do movimento. Funciona como uma
espécie de seguro", disse.
Segundo
Indech, da Rico, o investidor que acredita que poderá precisar do dinheiro no
curto prazo deve se manter nos títulos pós-fixados, aqueles que seguem a taxa
Selic e não sujeitam o investidor a perdas em caso de saída antes do
vencimento. Já em aplicações de prazo mais longo, ele sugere o Tesouro IPCA com
vencimento em 2024. "Não gosto de recomendar ativos de longuíssimo prazo,
porque as coisas mudam muito rapidamente no Brasil. E o Tesouro IPCA é mais
indicado porque protege da inflação."
Fonte!
Chasque (reportagem) publicado no caderno Empresas & Negócios, do
Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, na edição do dia 19 de novembro de
2018.
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