quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Plano de previdência, PGBL ou VGBL?

No nome, apenas uma letra diferente: na tributação, uma enorme diferença

VGBL ou PGBL? Apenas uma letra difere o nome dos planos de previdência, vendidos em larga escala. O primeiro, V de vida; o segundo, P de plano; e ambos geradores de benefício livre.

Com nomes tão parecidos, não são improváveis equívocos na hora de optar por um ou outro. Corrigir o erro de uma escolha malfeita pode custar muito caro. Juliano descobriu, fazendo a declaração do Imposto de Renda (IR), que comprou o produto errado.

Em 2017, seduzido pela perspectiva de pagar menos Imposto de Renda, depositou 12% de sua renda bruta tributável em um PGBL, contando que faria a declaração completa e o valor seria deduzido da base de cálculo do IR devido.

Entretanto, o somatório das despesas dedutíveis, incluindo o aporte no PGBL, não atingiu 14% da renda tributável. Como a declaração simplificada permite a dedução de 20%, Juliano optou por ela, reduzindo o imposto a pagar em 2018.

O desconto-padrão, limitado a 20% da renda tributável, inclui todas as despesas dedutíveis, até mesmo aportes em planos de previdência. A compra do PGBL, com a estratégia de reduzir o Imposto de Renda, foi inútil.

O que fazer com o PGBL? Resgatar, meu caro Juliano. Quanto antes, melhor. A base de cálculo do Imposto de Renda no caso do PGBL é o valor de resgate, que inclui capital mais juros. Adiar a correção desse equívoco vai aumentar o custo do IR.

Por que o imposto incide sobre o valor total, e não apenas sobre os rendimentos, como no caso do VGBL e de produtos de investimento tradicionais? Porque o PGBL é o único produto de caráter previdenciário que oferece o benefício fiscal.

O problema é que muitos vendedores e compradores do produto olham apenas para a perspectiva de reduzir o imposto agora. Esquecem, ou não sabem, que esse imposto será pago no resgate, já que o incentivo fiscal se trata de diferimento fiscal.

Traduzindo "diferimento" em miúdos: o pagamento do IR é adiado para a data do resgate. Assim, o imposto será menor no ano em que é feito o aporte e maior no ano do resgate.

Parece injusto, afinal Juliano não usou o benefício fiscal. Não usou, mas poderia ter usado. O Imposto de Renda será pago, tenha sido usado ou não o incentivo fiscal. Por isso é importante avaliar muito bem antes de aderir ao PGBL.

Quanto ele pagará de imposto no resgate? Depende do regime de tributação escolhido na adesão ao PGBL.

Se optou pela tabela progressiva, pagará 15% na fonte e fará o ajuste de contas com a Receita na declaração de 2019. O valor do resgate (capital juros) entra como renda tributável, e o imposto pago na fonte será compensado. A alíquota final será definida em razão da renda tributável do contribuinte, 27,5% no caso de Juliano.

Se ele optou pela tabela regressiva, a coisa complica um pouco mais. Como o resgate será feito em prazo inferior a dois anos, a alíquota será de 35%, sem direito a compensação na declaração de ajuste anual.

VGBL deveria ter sido a escolha de Juliano e será a dos que não podem antecipar o modelo de declaração de Imposto de Renda que será usado no ano seguinte.

É mais prudente deixar o aporte no PGBL para o fim do ano, quando já for possível antever a declaração do Imposto de Renda do exercício. O rascunho da declaração pode ajudar muito nesse sentido.

Tem dúvida? Vai de VGBL ou escolha outro produto de investimento com boa relação custo-benefício, afinal não haverá incentivo fiscal em nenhum dos casos.

Fonte! Chasque (post) de Marcia Dessen - Planejadora financeira CFP (Certified Financial Planner), autora de Finanças pessoais: O que fazer com meu dinheiro. Publicado na página 6 do Jornal do Comércio de Porto Alegre, na edição do dia 13 de agosto de 2018.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Você hoje cuidando do seu amanhã


Não espere ajuda do governo ou da família, assuma a responsabilidade pelo seu futuro

Sabemos que é preciso poupar para o futuro. Dois argumentos para afirmar que isso deixou de ser desejável e passou a ser obrigatório: a perspectiva de vida mais longeva e alterações nas regras da aposentadoria social que virão, mais cedo ou mais tarde.

Então uma coisa é certa: todos precisamos poupar, hoje, parte da nossa renda para prover o nosso futuro. Isso é inegociável.

Para atingir esse objetivo, é necessário projetar nosso orçamento daqui a muitos anos.

Difícil, mas não tem outro jeito. Se não soubermos de quanto precisaremos para viver na aposentadoria, não saberemos quanto devemos poupar hoje para acumular recursos suficientes para nossa subsistência.

Definido o montante das despesas, com a melhor projeção possível, estime o montante de eventuais rendas: pensão do INSS, plano de previdência fechado, juros de investimentos, aluguéis de imóveis etc. A diferença entre entradas e saídas permitirá apurar a renda complementar necessária para fechar o caixa mensal projetado.

O exercício de planejar o futuro continua. Com que idade pretende se aposentar? Qual a expectativa de vida a partir da idade de aposentadoria? Qual será a rentabilidade real (descontada a inflação), líquida (descontados os custos e o imposto de renda), da nossa carteira de ativos, financeiros ou imobiliários?

São premissas de difícil definição, porém necessárias para calcular quanto devemos acumular na fase ativa para financiar a fase seguinte.

Nada como um bom exemplo para ajudar a entender o conceito. José tem 43 anos, é casado, tem dois filhos pré-adolescentes. Orçamento mensal atual de R$ 15 mil, que ele pretende manter para assegurar o mesmo padrão de vida. Estima que o aumento das despesas com saúde será compensado com a redução das despesas com educação dos filhos.

Calcula que precisará de uma renda de R$ 5.000 para complementar a aposentadoria. Pretende se aposentar aos 65 anos e tem expectativa de viver mais 30 anos a partir dessa idade. Com base no seu perfil conservador, entende ser adequado considerar taxa de juros real líquida de 3% ao ano, seja no período de acumulação (até 65 anos), seja no período de retiradas (dos 65 aos 95 anos).

Embora José tenha hoje certa reserva financeira, existem outros projetos de vida que pretende alcançar no curto e no médio prazo. Para o objetivo de aposentadoria, não há capital disponível e partiremos de zero.

Premissas definidas, calculadora financeira na mão, vamos aos números. Primeiro, vamos apurar que capital será necessário para permitir saques mensais de R$ 5.000 por 30 anos (360 meses). O prazo (n) = 360 meses; a taxa de juros (i) = 0,25 ao mês; retiradas mensais (PMT) = 5.000. Pressionamos a tecla PV (valor presente) e a calculadora responderá R$ 1.185.947,00.

Segundo cálculo, quanto José deverá investir por mês, pelos próximos 22 anos (264 meses), até os 65 anos, para acumular essa quantia? Voltamos à calculadora: o valor futuro (FV) = 1.185.947; o prazo (n) = 264; a taxa de juros (i) = 0,25. Pressionamos a tecla PMT para saber que a aplicação mensal será de R$ 2.965,00.

Se o orçamento de José permitir essa poupança, ótimo. Caso contrário, deverá considerar a hipótese de adiar um pouco a idade de aposentadoria e/ou reduzir as despesas atuais e abrir espaço no orçamento para alcançar esse objetivo.

Conhece a história do cobertor curto? Se cobrir com folga o presente, vai faltar dinheiro no futuro. Equilibrar e esticar o cobertor, desafio de todos.

Fonte! Chasque (post) de Marcia Dessen - Planejadora financeira pessoal, diretora do Planejar e autora de 'Finanças Pessoais: o que Fazer com Meu Dinheiro', publicada na página 6 de Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, na edição do dia 6 de agosto de 2018.

domingo, 12 de agosto de 2018

Atitude 99! Fundação CEEE realizou o 5º Seminário Caminhos para o Futuro em Porto Alegre

Buenas gauchada e amigos do Rio Grande e de toda esta terra em redor que chamamos de mundo. A mídia social, no meu caso é usada para: família, economia e finanças pessoais, cultura, tradição, tradicionalismo e esportes. E no dia 31 de julho fui surpreendido por um evento sobre finanças pessoais e aposentadoria complementar, promovido pela Fundação CEEE / Família Previdência, por intermédio de uma chasqueada (postagem) no galpão do Facebook. O evento foi realizado no Centro de Eventos do Barra Shopping, na capital gaúcha. 

E o Jornal do Comércio de Porto Alegre trouxe um chasque (matéria), na edição do dia 30 de julho, a respeito: "a quinta edição do Seminário Caminhos para o Futuro, com o tema previdência particular, uma nova aposentadoria, saudável e longeva, sendo palestrantes desta edição, o economista e educador financeiro Marcos Silvestre e o médico Emílio Moriguchi, especialista em saúde, coordenador do Centro de Geriatria e Gerontologia do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre". 

O evento iniciou por volta das 14h, e teve a abertura feita pelo presidente da Fundação CEEE, Rodrigo Sisnandes Pereira, que dias antes tomou posse, iniciando o segundo mandato de dois anos, à frente da Fundação, onde focará o produto Família Previdência, um plano que está sendo ofertado a entidades, associações de classe, empresas, etc, que tem como atrativo a possibilidade  do beneficiário poder associar os seus familiares. E o presidente nos trouxe alguns dados:

1 - No Brasil temos a previdência oficial (INSS), a complementar aberta (bancos, financeiras e seguradores) e a complementar fechada (empresas e entidades associativas);

2 - Temos no Brasil, 305 entidades de previdência complementar fechada (o que na nossa opinião é pouco), com 1.105 planos previdenciários, com um ativo total de R$ 863 bilhões de reais, que corresponde a 13% do PIB. Estes planos estão em 3.129 empresas, tendo 700 mil assistidos e um público total de 7,2 milhões de pessoas;

3 - Isto quer dizer que a previdência complementar Brasil tem um longo caminho a percorrer, pois, do universo de 200 milhões de habitantes, temos um público total vinculado à previdência complementar fechada de apenas 7,2 milhões de pessoas, que corresponde a apenas 3,6%. E o presidente encerrou o seu depoimento dizendo que "no futuro a previdência privada será política de recursos humanos nas empresa, como atualmente acontece com os planos de saúde".

E de São Paulo veio para o evento, trazendo na sua "mala de garupa" as suas ideias, o economista e educador financeiro Marcos Silvestre, que palestrou sobre a Previdência Privada, a nova aposentadoria, com planejamento eficaz, rumo à prosperidade financeira. E para isso, pensar em prosperidade, para uma melhor idade, só é possível se formos nos preparar para viver esta melhor idade com planejamento financeiro, onde nos apresentou o Plano da Virada e alguns dos seus passos, com destaque para:

1 - Devemos montar um projeto particular de previdência complementar, de preferência, desde a juventude, pois, segundo ele, "não se pode confiar somente na aposentadoria oficial do INSS, pois, as reformas do sistema aos poucos vão acontecer", no Brasil e em toda esta terra que chamamos de mundo, ou seja, vai ser mais demorado daqui algum tempo para adquirir o direito de usufruir a aposentadoria oficial e com grandes possibilidades de o benefício ser bem menor do que atualmente;

2 - Para chegar à renda necessária para a idade certa, deve-se contar com o benefício oficial, mais a renda proveniente do patrimônio acumulado ao longo da vida, ou seja, este patrimônio acumulado "deve pagar as contas do cotidiano" e a sua vida financeira se resume em: quando mais cedo começar a investir para a sua aposentadoria complementar, melhor e mais próspera e digna será a sua velhice após realmente parar de trabalhar, não importando a idade que terás;

3 - Para isso o Marcos Silvestre citou a ferramenta "aposentômetro", criada por ele para calcular a reserva necessária para a aposentadoria complementar/privada, corrigida pela inflação, acumulando e rentabilizando os valores investidos. E finalizou a sua palestra dizendo que "o projeto de previdência particular deve ser a prioridade das prioridades na sua vida financeira. Comece a plantar hoje para colher no futuro".

Bueno! Não adianta nada o vivente prosperar, acumular patrimônio financeiro e estar preparado para quando realmente se aposentar, se não houver uma boa preparação em relação a sua vida, a sua saúde. E este foi o tema abordado pelo médico Emílio Moriguchi, especialista em saúde, envelhecimento e longevidade, que nos trouxe alguns dados:

1 - Em 2015, pela primeira vez tivemos mais idosos acima dos 60 anos de idade, do que crianças até 5 anos de vida (estamos vivendo mais e tendo menos filhos, o que reflete também nas reformas sugeridas e na sobrevivência dos planos de aposentadoria oficial);

2 - Um idoso no Brasil (60 anos), vai viver em média mais uns 22 / 23 anos, tendo saúde até mais ou menos até os 75  anos (por uns 15 anos) e estamos envelhecendo mal, pois, mais de 80% dos idosos no Brasil, no último ano, foram ao médico pelo menos uma vez;

3 - A nossa saúde depende da saúde da mãe e o nosso envelhecimento começa e é preparado desde o útero. Isso quer dizer que se a mãe estiver bem de saúde ao longo da gestação, as chances de sermos saudáveis ao longo da vida, será maior;

4 - O médico também nos trouxe a informação de que as pessoas vivem mais nas "zonas azuis (longevidade com qualidade)": Sardenha (Itália); Loma Linda (Califórnia/EUA); Costa Rica (América Central); Okinawa (Japão). E no Brasil, mais precisamente aqui no Rio Grande do Sul, Veranópolis (a terra da longevidade), que provavelmente um dia fará parte das "blue zones" (zonas azuis).

5 - O que temos em comum nestas "zonas azuis"? dietas regadas com frutas, verduras, peixe, vinho tinto (na Sardenha); dieta vegetariana com jantar leve e nozes (na Califórnia/EUA); dieta com verduras, frutas, peixe e soja (no Japão) e dieta com tortilhas (milho), feijões e pouca carne (na Costa Rica). E em comum, prevalecem as refeições em família e amigos e a boa companhia. E para complementar, em termos de alimentação saudável (sem excessos e sem obesidade), devemos consumir pouca gordura, muitas verduras, legumes e frutas, maneirar no sal e ingerir alimentos ricos em cálcio. Além disso é preciso repousar de 7 a 9 horas por noite; não dormir demais/de menos; dar aquela sestiada após o almoço e priorizar o lazer nos finais de semana (jogos, encontros com familiares e amigos). E para manter a qualidade física adequada, é preciso caminhar pelo menos cinco dias por semana, 40 a 60 minutos por dia, sem excessos, sem forçar o ritmo, tendo por parâmetro, suar levemente, sem sentir palpitações ou outros sintomas.

E o evento foi se encaminhando pro fim, quando aconteceu o debate, com a participação dos palestrantes, sendo mediadora a jornalista Zete Padilha, onde eram encaminhadas perguntas pela plateia que lotou o auditório, para serem respondidas pelos palestrantes, perguntas estas que envolviam:

1- Os custos e percentuais praticados pela Fundação CEEE/Família Previdência em seus planos de previdência complementar, sendo respondidas pelo presidente da Fundação CEEE, Rodrigo Zinandes Pereira; 

2 - As perguntas com enfoque à educação financeira foram respondidas pelo Educador Financeiro Marcos Silvestre, com destaque "onde começar hoje para pensar no amanhã"? "Parar para pensar antes de fazer" e isso vale também para a vida financeira, pois devemos abolir o imediatismo, o curtíssimo prazo, no consumo, no gasto do dinheiro sem devido planejamento financeiro e principalmente nos investimentos;

3 - A questão "como planejar uma vida mais saudável, sem uma educação alimentar ideal"? foi comentada pelo médico Emilio Moriguchi, citando que no estilo de vida saudável, somado a uma boa relação familiar, devemos evitar alimentos ultra processados, que com certeza fazem mal, principalmente às crianças, e o que levam isso para a sua vida adulta.
 
Bueno! Perdemos as quatro edições anteriores do evento mas gostamos muito de participar da quinta edição, pois também perdemos diversos eventos deste naipe aqui no Rio Grande do Sul, com a participação do economista Marcos Silvestre, mas desta vez conseguimos até trocar dois dedos de prosa....

Valdemar Engroff