quinta-feira, 30 de abril de 2020

Previc: Grandes fundos de pensão têm liquidez para honrar compromissos sem precisar vender ativos agora



Setor avalia adoção de medidas para minimizar os impactos da crise do coronavírus à sua base de segurados, como o saque de uma parte dos recursos
Poupar para a aposentadoria
(Shutterstock)

SÃO PAULO – O Brasil tem cerca de 250 fundos de pensão, planos fechados de previdência complementar oferecidos por algumas empresas aos seus empregados. Juntas, essas entidades somam quase R$ 1 trilhão em investimentos no mercado, e pagam anualmente aproximadamente R$ 60 bilhões em benefícios para cerca de 860 mil aposentados.

Diante da intensa e veloz realização nos mercados com a disseminação do coronavírus, a primeira preocupação do órgão regulador do sistema da previdência complementar fechada, a Previc, foi em relação à liquidez dos fundos de pensão.

A autarquia buscou contato, em um primeiro momento, com as maiores fundações do país, como Previ, do Banco do Brasil, Petros, da Petrobras, e Funcef, da Caixa (que juntas somam cerca de R$ 365 bilhões em ativos), para entender se elas conseguiriam manter o fluxo de pagamento dos benefícios sem precisar vender ativos no curto prazo em um momento desfavorável do mercado, já que se tratam de investimentos com caráter de longo prazo.

“Esse não é um risco entre os fundos de pensão com que conversamos. Eles têm níveis de caixa suficientes para honrar seus compromissos”, afirmou Lucio Capeletto, superintendente da Previc, durante live promovida nesta quarta-feira (22) pela XP Investimentos.

Capeletto disse também que a Previc estuda permitir o saque de uma parte da poupança previdenciária como forma de atenuar os impactos da crise para os aposentados. Na maior parte dos casos, o participante de um plano de um fundo de pensão só pode ter acesso aos recursos quando se aposenta ou quando decide sair do fundo antes do prazo inicialmente acordado. No entanto, a capacidade de liquidez de curto prazo do sistema tem sido avaliada antes que a decisão seja tomada.

Mudanças na direção do leme
 

Ajustes em caráter extraordinário nas políticas de investimentos, que as fundações elaboram todos os anos para nortear sua atuação no mercado, também devem ser autorizados diante do novo contexto.
“Por se tratar de um desenquadramento passivo, que ocorre quando a alocação determinada pela política em uma classe fica acima ou abaixo do previsto pelas flutuações do mercado, há o prazo de 720 dias para o reenquadramento”, disse Capeletto. “Contudo, ninguém gosta da situação de ficar desenquadrado com perspectivas tão diferentes daqui para frente.”

Também presentes na live, os consultores de investimentos Everaldo França, da PPS, e Guilherme Benites, da consultoria Aditus, sugeriram aos clientes fundos de pensão uma gradual recomposição da carteira de ações, que tiveram perdas similares ao tombo do mercado em março. Ambos ressaltaram, contudo, que percalços no meio do caminho não podem ser descartados.

“Uma leva de fundos foi reaberta para captação, o que pode facilitar a vida de fundações que querem aumentar a posição em renda variável com casas já conhecidas”, disse Benites, que destacou também as oportunidades que existem em títulos públicos e privados de renda fixa.

“O que ajudou a amenizar as perdas foram as posições em fundos de participações, de baixa liquidez, e que, portanto, não têm a remarcação diária das cotas”, afirmou França. A diversificação internacional foi outra opção lembrada pelo consultor da PPS. “Todas as Bolsas caíram, mas a intensidade da queda nos mercados desenvolvidos foi menor do que a observada localmente.”

terça-feira, 28 de abril de 2020

Finanças a serviço de pessoas

Finanças pessoais dizem muito mais respeito às pessoas do que às finanças 
Em momentos como o que estamos vivendo, é muito complicado falar de ganhos e perdas em investimentos, insistir na necessidade de poupar para o futuro, recomendar que dívidas sejam evitadas.
 
Embora corretos, parecem temas absolutamente inadequados, pequenos, agora que estamos todos preocupados em preservar vidas, a nossa e a de todos. Fica evidente que tudo o que abrange e impacta as finanças pessoais diz muito mais respeito às pessoas do que às finanças.
 
Vamos aproveitar a oportunidade e refletir se estamos colocando foco em quem, de fato, importa, as pessoas, seus sonhos, suas necessidades, reduzindo a importância do dinheiro em si e do que ele é capaz de comprar. Pensar mais em ser do que em ter.
 
Tendo isso em mente, trago uma provocação para reavaliarmos as relações comerciais, em particular as que envolvem decisões de investimento. Produtos financeiros são meros instrumentos, são meios, caminhos para chegar a algum lugar, se e quando bem selecionados, para atingir as metas, as necessidades das pessoas.
 
Quando alguém tem dinheiro para investir, a tendência é a de que, aos olhos do assessor de investimento, ele seja apenas um "investidor" com certa quantidade de dinheiro para investir e, depois de cumprido o procedimento de identificar o perfil de risco, segue a recomendação de produto A, B ou C.
 
A expectativa do investidor, por sua vez, é a de que a orientação do assessor, especialista que oferece o produto, será confiável e assertiva, adequada para atingir seus objetivos, respeitados seus limites e restrições.
 
O investidor deve observar se o assessor coloca foco na sua pessoa, em quem ele é, no que ele precisa, e não no seu dinheiro. Se perguntas não forem feitas nesse sentido, se o produto em si merece mais atenção do que o investidor, evite, alguma coisa está errada. É bem provável que o assessor esteja olhando para o dinheiro a ser investido, e não para a pessoa, a quem o dinheiro pertence.
 
O assessor que conhece determinado mercado e distribui produtos de investimento será bem-sucedido se perceber que o investidor importa muito mais do que o fechamento de uma operação de investimento.
 
Ao assessor recomendo que não exalte o produto, aquele que lhe parece o melhor, o que lhe pagará a maior comissão ou o produto da campanha de vendas do mês. Não pule a etapa de ouvir primeiro a pessoa, colocar-se no lugar dela, entender com clareza aquilo de que ela precisa, o que pensa, o que teme, o que espera.
 
A oportunidade para o investidor é aprender a conectar o produto com seus anseios, entender que não existe o melhor investimento, que nem sempre o produto da moda ou o mais rentável é o mais adequado.
 
Aprender a fazer perguntas, a investigar aspectos que nem sempre constam do discurso de venda, entender quais os riscos, os tais imprevistos, muitas vezes omitidos.
 
Investidor, entenda que o valor do seu dinheiro vai muito além da quantidade de moeda que você tem. Saiba refletir se o produto vai proporcionar os benefícios que você procura, se representa solução, e não um problema na sua vida.
 
Aos que assim já procedem, mantenham e aprimorem esse cuidado. Aos demais, uma oportunidade de valorizar as pessoas, o que elas são, e não o que elas têm. Não atribuam ao dinheiro importância demais, o valor não está nele, mas no que ele é capaz de fazer pelas pessoas.
 
 Fonte! Chasque (post) de Márcia Dessen, publicado nas páginas do Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS), na edição dos dias 20 e 21 de abril de 2020, na sua coluna semanal "Opinião Econômica".

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Livro! Os Donos do Dinheiro!

Quando se fala na crise de 1929, imediatamente lembramos dos problemas que ocorreram na bolsa de Nova York, gerados pela “exuberância irracional” e um excesso de liquidez sem precedentes. Mas focamos muito no lado Bolsa de Nova York da coisa … Sabia que esta foi uma crise mundial é apontada por muitos com um dos gatilhos da Segunda Guerra Mundial ? E que um dos motivos para ela ter ocorrido foi a Primeira Guerra Mundial ?

O livro “Os donos do dinheiro” (2010, Campus) abre mão do foco nos fatos ocorridos na bolsa e amplia “um pouco” nosso ângulo de visão. Ele nos mostra a perspectiva de 4 das figuras mais importantes (para a criação/combate da crise) da época: os presidentes dos bancos centrais da Alemanha, da Inglaterra, dos EUA e da França.

Vemos como a Primeira Guerra Mundial “deu início” à crise de 1929, através das multas aplicadas à Alemanha, após sua derrota, com valores absurdos a serem entregues aos vencedores, bem como a luta entre os aliados para quitar suas dívidas de Guerra. Um dos motivos para as multas tão elevadas foi justamente este, permitir que os aliados pudessem devolver o dinheiro (muito dinheiro) aos financiadores da guerra.

Desde o início muitos apontaram que o valor imposto à Alemanha beirava ao absurdo e que o país não teria condições de arcar com a despesa, o que, muito provavelmente, a levaria a uma crise econômica.

Lembra das aulas de história do 2º grau ?

 

Está lembrado, quando ouvimos as histórias da hiperinflação na Alemanha, pré Segunda Guerra ? Quando as pessoas precisavam levar carrinhos de mão com um montanha de dinheiro para comprar pão ? E que, em caso de assalto, o ladrão levava apenas o carrinho e não o dinheiro, pois o valor dele era corroído rapidamente. Enquanto o carrinho de mão 

Aqui no Brasil tivemos um período de inflação muito elevada, mas não chegava aos pés desta crise Alemã …

Isso tudo que ocorreu na Alemanha justamente por causa da cobrança externa. O dinheiro sumiu, as fontes de crédito secaram … e acabou abrindo espaço para que um certo Sr de bigode assumisse o poder e fizesse o que fez … 


Mas e a crise de 29 propriamente dita ?

 

Sim, é claro que falam dela. 

Mostram as idas e vindas do padrão ouro, o sobe e desce das taxas de juros, o aumento e a diminuição da oferta de crédito aos mercados e … a derrocada final. Infelizmente não é possível dizermos que uma crise do tamanho da de 29 se resume ao “otimismo exagerado que tomou conta dos mercados financeiros”. Uma crise daquela proporção é formada por muitos outros fatores e alguns foram muito bem observados e muito bem detalhados no livro.

Injeção de liquidez exagerada (e na hora errada) no mercado … Corte na oferta de capital (na hora errada) para o mercado … Ânimos se acirrando em alguns países …. Mercados se fechando … Bolsa subindo e subindo e subindo … e logo veio a Segunda Guerra Mundial.

Mas fico pensando … as características que apontei 2 parágrafos acima me parecem familiares … só não me recordo onde vi coisa parecida acontecendo.

(torço para que esteja MUITO errado …)

Em suma: leia este livro ! Uma ótima fonte de conhecimento histórico e da economia como um todo. 

Fonte! Chasque (post / artigo) publicado no sítio oficial Clube do Pai Rico em 26 de março de 2020. Abra as porteiras clicando em: https://www.clubedopairico.com.br/livros-os-donos-do-dinheiro/20543

domingo, 5 de abril de 2020

Livro! Quebre a caixa, fure a bolha

Quebre a caixa, fure a bolha - É hora de romper as regras (Faro Editorial, 160 páginas), de Conrado Navarro, mineiro, empresário, triatleta e colecionador de carrinhos (tem 500) e livros (1.500), é desses livros que bem poderia ter um palavrão na capa, mas que não funcionam muito bem na vida real.

Navarro é do Portal Dinheirama e do Canal AutoVídeos, e seus textos ágeis e objetivos, acima de tudo, convidam a olhar a realidade a partir de um outro ângulo, assumindo riscos e responsabilidades como parte de um plano. Quebrar a caixa e furar a bolha deve ser uma decisão consciente e ousada.

Os textos falam em se preocupar mais em fazer do que acertar, em reconhecer o dono da padaria, escutar a mãe e decidir sozinho, ser mais cara de pau, tomar café com estranhos, administrar bem o ego, pagar as contas em dia, decidir não ter chefe, aprender a pedir desculpas, falar mais em público, praticar um esporte desconhecido, dizer não com mais frequência e passar algumas noites em claro, entre outros temas modernos.

O livro é dedicado a todos que em algum momento estiveram com altas expectativas e logo depois desabaram numa frustração por não alcançar o que queriam. Ou que, em determinadas horas, simplesmente não tiveram um pouco mais de ousadia, coragem ou cara de pau para fazer algo em que acreditavam. 

A obra aborda a realidade como algo bem diferente daquilo que foi planejado e do que a pessoa acreditava controlar e apresenta histórias e reflexões sobre o que podemos aprender com os fracassos e frustrações. Navarro pensa que, muitas vezes, para ser um destaque na carreira, você não precisa ser próximo de grandes líderes empresariais e ter acesso aos seus segredos profissionais, e acha que conversar com o comerciante da esquina pode ser até mais produtivo para enxergar novas perspectivas.

Navarro acredita que, para criar oportunidades de negócios e novos apoiadores para suas ideias, faz mais sentido convidar pessoas que você admita para uma conversa do que ficar tratando tudo virtualmente. Enfim, um bom livro para os movimentados dias de hoje, quando é preciso fazer a diferença e inovar. 

Fonte! Chasque (post) de Jaime Cimenti, publicado nas páginas do Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS) na edição do final de semana - dias 3, 4 e 5 de abril de 2020.

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Saúde financeira do colaborador: por que as empresas devem olhar para este ponto

Eu não sei se você já ficou devendo a fatura do cartão de crédito ou se você se enrolou com alguma dívida. Eu também não sei como você reagiu ao fato de estar endividado nem como este cenário afetou a sua saúde (mental e física), sua qualidade de vida e seus relacionamentos. O que eu sei é que a maioria das pessoas que eu conheço e que fazem parte da estatística dos inadimplentes possui algum comportamento prejudicial para si e/ou para os outros.

Já vi pessoas perderem o sono, o casamento e até o emprego. Enquanto umas desabafam com amigos, pegam empréstimo com familiares e desenvolvem ansiedade; outras ficam caladas, buscam resolver e negociar o débito, mas se deparam com as taxas de juros alarmantes disponíveis no mercado, o que chamamos de crédito tóxico aqui na Creditas. Aí, a bola de neve só aumenta. 

Afinal, mesmo após os seguidos cortes na Selic, o Brasil continua no ranking das maiores taxas de juros do mundo, ocupando atualmente o 8º lugar, atrás apenas de Argentina, México, Indonésia, Índia, Turquia, Rússia e Malásia.

As estatísticas comprovam o impacto negativo que as dívidas causam nas pessoas: um levantamento feito por John Gathergood, da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, analisou a saúde mental e financeira de aproximadamente 10 mil pessoas e chegou a conclusão que: pessoas que devem sentem um aumento de constrangimento diante de colegas, desenvolvem fobias e insônia, o que reduz sua capacidade social e de concentração. A análise foi feita em 2012, mas não podia ser mais atual.

Agora, imagine você, CEO, fundador, CFO, profissional de Recursos Humanos: quantos colaboradores da sua empresa estão endividados? Quantos deles estão rendendo menos no trabalho por conta dos juros do rotativo do cartão que contribuem para o crescimento daquela dívida que já foi pequena?

Fonte! Chasque (artigo / opinião) de Fabio Zveibel, publicado no Caderno Especial Marcas de quem Decide, na edição do Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS) do dia 31 de março de 2020.