Com mais de 16 mil participantes, fundo de pensão se estabelece com um dos maiores do Brasil
Para
Sisnandes, ano eleitoral aumentou a volatilidade do
mercado
financeiro MARCELO G. RIBEIRO/JC
|
Um dos
maiores fundos de pensão fechados do Brasil e o principal do Rio Grande do Sul,
a Fundação CEEE de Previdência Privada superou recentemente a marca de 16 mil
participantes, sejam ele ativos, aposentados ou pensionistas. Com adesões
medias de 100 novos contribuintes por mês, a expectativa é atingir, no
somatório de 2018, um número superior a mil novas adesões. O patrimônio da
empresa é de cerca de R$ 6,2 bilhões, conforme balanço patrimonial de agosto, o
que dá fôlego para a empresa buscar bons investimentos no mercado e conseguir
rentabilidade acima da média do mercado.
Atualmente,
são 17 empresas patrocinadoras e instituidoras atreladas ao fundo de pensão,
tanto da área pública, como a própria Companhia Estadual de Energia Elétrica,
além da RGE e da Eletrobras, bem como entidades associativas e de classe com
vinculação à fundação, que oferecem aos sindicalizados a opção de verter
contribuições para uma previdência complementar. Por ser uma entidade sem fins
lucrativos, a Fundação CEEE partilha toda a rentabilidade conquistada através
dos investimentos no mercado aos seus beneficiários, contraindo um percentual a
troco de taxa de administração, para manutenção das atividades. Segundo dados
publicados, a rentabilidade do fundo de pensão entre 2003 e 2017 atingiu
705,06%, enquanto a inflação do mesmo período ficou em 140,14% - ou seja, um
ganho real de 564,92%.
Para o
presidente Rodrigo Sisnandes Pereira, essa variação acima de outros produtos
existentes no mercado que são mais conservadores é um dos atrativos que o fundo
de pensão oferece. Pelo fato da empresa ter a liberdade de buscar
diversificação nos investimentos feitos, como a aplicação dos recursos em
Tesouro Direto, ações na bolsa de valores, dentre outros e, ao mesmo tempo,
entregar o produto dessa manobra ao seu beneficiário torna o fundo de pensão
muito mais atrativo. "É diferente do banco. Lá, você aplica um valor ou
paga mensalmente as parcelas e o direcionamento é para produtos deles. Aqui,
temos todas as alternativas disponíveis para escolher e pensamos sempre a médio
e longo prazo", explica Pereira. A fundação entendeu que o modelo de concentração
de investimento, com ela à frente das medidas a serem tomadas e não o cliente é
mais benéfica, por conta dos resultados obtidos e pela dificuldade do associado
em compreender qual é a melhor alternativa para ele. As escolhas são feitas a
partir de uma equipe especializada no assunto.
Dos mais
de 16 mil participantes, cerca de 9,3 mil são aposentados e pensionistas,
portanto, recebem seus benefícios mensalmente. Para ter direito ao benefício, o
requisito mínimo é contribuir durante cinco anos - as contas são
individualizadas - e ter pelo menos 50 anos. Atingido ambos os pontos, a
fundação permite a retirada integral dos valores corrigidos ou o pagamento
durante um período, determinado pelo próprio contratante, também com os valores
atualizados mês a mês, frutos dos rendimentos particionados pela fundação. Aos
contribuintes desligados de seus empregos, há a possibilidade de manter a
contribuição individual ou também sacar o montante. "O mais importante de
tudo é que, no caso dos planos corporativos, quando há participação do
empregado e do empregador, ambos contribuem com um percentual, então quem
começa o seu plano já tem o dobro do que investiu", explica o presidente.
No associativo, o modelo é auto patrocinado, com contribuição única do
colaborador. A contribuição mínima é de R$ 50,00 por mês.
Apesar do
desempenho promissor, o ano de 2018 para alguns dos principais fundos de pensão
do Brasil não é visto com tanta confiança. O setor encerrou o primeiro semestre
com déficit líquido de R$ 29 bilhões, informou no mês passado a Associação
Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). A
rentabilidade também estaria cerca de 2% abaixo do projetado pelas entidades. O
resultado final está no vermelho desde 2014, quando teve início a crise
econômica. Para Sisnandes, o fato de ser um ano eleitoral aumenta a
volatilidade do mercado financeiro. "Após o primeiro turno das eleições, a
nossa rentabilidade dobrou em dois dias. Em outros meses, identificamos
crescimentos e quedas, como em maio quando houve a greve dos caminhoneiros. É
normal acontecerem esses movimentos", explica o dirigente.
Mais
jovens priorizam previdência complementar
O Família
Previdência, produto em maior evidência na Fundação CEEE, é a aposta da empresa
para atrair novos associados, e isso inclui contribuintes com idades menores. A
possibilidade de incluir filhos, netos e até mesmo quem sequer imagina o que é
a previdência tem dois objetivos principais, conforme explica Rodrigo Sisnandes
Pereira. "Primeiro é a educação financeira, entender o pensamento a longo
prazo e se programar para a velhice, ainda que isso pareça longe no horizonte.
E, além disso, trazer maior qualidade de vida futura a essas pessoas, pois
temos os benefícios concedidos pela Previdência Social não serão suficientes
nem mesmo para os remédios". A criação do Família Previdência tem como
objetivo criar uma espécie de sucessão, iniciada pelos mais velhos ao
incentivar os mais novos.
A cultura
"imediatista" do brasileiro ao pensar no hoje sem se preocupar com o amanhã
é vista com preocupação por Sisnandes. Por isso, para conscientizar os jovens
trabalhadores, a fundação trabalhou em uma série de ações para se aproximar
desse público. Houve em 2018 um reposicionamento da marca, com a presença em
redes sociais, investimento em publicidade e a criação de um aplicativo no qual
toda a contratação poderá ser feita a partir de um smartphone, bem como
consultas diversas e informações gerais sobre a evolução do patrimônio
aplicado.
"Não
dá para pensar na aposentadoria com 50 anos. Você precisa começar cedo,
preferencialmente na juventude", afirma. A ideia é sensibilizar os mais
novos e mostrar que, além dos proventos, esse valor pode ser investido para uma
viagem ou a realização de um sonho.
Em
relação ao debate acerca da reforma da Previdência, o mandatário percebe que o
movimento de readequação precisa ser feito logo em 2019 pelo próximo
presidente, com o intuito de estancar o déficit e garantir regras mais justas.
Todavia,
Pereira entende que a discussão do tema é a grande oportunidade para haver um
"plano nacional de educação previdenciária", cujo ponto fundamental é
o entendimento do que está em debate e principalmente como a previdência
complementar deve ser encarada como um assunto mais sério pela população.
"Hoje, a previdência privada é um privilégio de poucos, mas no futuro será
a necessidade de muitos", complementa.
Dicas para contratar um plano de previdência
Quando eu
devo começar a fazer uma previdência privada? O mais cedo possível. Se puder
começar com 20 anos, seria ótimo. Com 15, melhor ainda. O importante é ter esse
planejamento.
Qual
valor mínimo para eu investir? Aquele que eu posso reservar para esse
investimento, independente de quanto for. À medida em que conseguir ter valores
maiores, o ideal é ampliar os depósitos e aumentar a poupança.
Como eu
sei qual é o melhor plano para mim? É preciso olhar no mercado os planos
existentes e ver qual teve o melhor resultado. Isso ajudará muito a tomar uma
decisão sobre qual escolher.
Posso
usar o investimento em previdência para algo diferente da aposentadoria? Com
certeza. Quando você completa os requisitos para ter direito ao montante
economizado durante 10, 20 ou 30 anos, conforme o plano que escolher, esse
dinheiro é seu. Você opta por receber mensalmente ou sacar tudo e aplicar em
algo que deseje.
Há algum
risco para quem investe? Qual? O investimento em previdência privada é o mais
seguro que eu conheço. Somente em um caso improvável de confisco é que o
beneficiário poderia ter problema. Fora isso, é rentável e totalmente
protegido.
E em
relação ao Imposto de Renda, devo optar pelo regime regressivo ou progressivo?
Depende. As vantagens e desvantagens de cada plano em relação ao Imposto de
Renda precisam ser avaliadas. Os planos VGBL e PGBL tem características diferentes
quanto a esse ponto.
Se eu
quiser sacar o dinheiro antes do programado, o que acontece? É permitido fazer
o saque antes do tempo, no entanto, haverá incidência maior de Imposto de Renda
sobre o montante resgatado. Quanto menor o tempo entre a aplicação e a
retirada, maior a incidência. Essa alíquota pode chegar a 35%, e é reduzida
gradativamente.
No caso
de eu não conseguir mais pagar a previdência, o que acontece? A grande vantagem
da previdência complementar é: esse dinheiro é seu. Desde o momento em que você
aplicou, aquele montante seguirá rendendo até o momento em que decida sacar – e
é possível fazê-lo a qualquer hora. A única questão é atrapalhar o planejamento
de aposentadoria, pois o período sem contribuição não conta, e a data
estabelecida pelo cliente para receber seus proventos será adiada.
Mesmo se
eu tiver direito a uma boa aposentadoria pela Previdência Social, devo fazer
uma previdência complementar? Sim. A segurança de ter um complemento para a
renda proveniente do INSS é importante para todos, a menos, é claro, que a
pessoa esteja satisfeita com o que ganha da previdência pública.
Fonte! Chasque (reportagem) veiculado no caderno especial Seguros & Previdência, publicado na edição impressa do Jornal do Comércio de Porto Alegre, no dia 31 de outubro de 2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário