Franco vê
aspectos positivos nos números
do
primeiro semestre /
RICARDO
BENICHIO/
FENAPREVI/DIVULGAÇÃO/JC
|
Fatores
relacionados com o contexto econômico e político nacional devem contribuir para
que a previdência privada seja, cada vez mais, um tema presente no planejamento
financeiro dos brasileiros. De um lado, a austeridade imposta pela crise
econômica gera uma preocupação maior com as necessidades futuras e com a
perspectiva de garantir uma poupança de longo prazo. De outro, as discussões
sobre a reforma da Previdência - com grandes possibilidades de que o período de
contribuição ao INSS se torne significativamente mais longo para os
trabalhadores - despertam na população um interesse maior pela busca de
informações sobre as alternativas oferecidas pelo setor privado.
Um dos
resultados desse cenário é que o número de pessoas com planos de previdência
privada contratados já é maior. Conforme os dados da Federação Nacional de
Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) referentes ao mercado brasileiro, o
setor fechou o mês de junho com 13.204.283 contratos - 10.048.140 de planos
individuais e 3.156.143 de coletivos. Esse total é 5,6% superior ao verificado
no ano passado, quando foram computadas 12.506.055 pessoas. Pelos cálculos da
entidade, que representa 67 seguradoras e entidades abertas de previdência
complementar do País, cerca de 700 mil novos indivíduos entraram no sistema, em
relação a junho de 2016.
Também de
acordo com a FenaPrevi, os números relativos às contribuições, à captação
líquida e aos resgates computados no primeiro semestre deste ano apresentam
semelhança com os do ano passado. As contribuições aos planos de previdência
privada, por exemplo, chegaram a R$ 54,46 bilhões entre janeiro e junho - ou
seja, 4,81% a mais do que no mesmo período de 2016, quando os aportes
totalizaram R$ 51,96 bilhões. O saldo positivo da captação líquida foi de R$
24,33 bilhões, representando uma queda de 4,94% em comparação com o primeiro
semestre do ano passado. Houve crescimento nos resgates, que totalizaram R$
30,13 bilhões, valor 14,28% maior que o do mesmo período em 2016.
De acordo
com o presidente da federação, Edson Franco, há várias explicações para o baixo
crescimento dos novos depósitos. Uma delas está ligada à renda das famílias,
afetada negativamente no primeiro semestre. Outra é a oscilação dos juros, que
acarreta uma redistribuição dos recursos de poupança entre diferentes produtos
de captação. O dirigente, no entanto, vê aspectos positivos nos números do
primeiro semestre. "Apesar do baixo crescimento, a sustentação da captação
líquida positiva em níveis similares ao do ano passado não deixa de representar
uma performance positiva, especialmente se considerarmos a demora da
recuperação do nível de emprego no mercado formal de trabalho", assinala
Franco.
Quanto ao
tipo de planos contratados, os classificados na categoria VGBL (Vida Gerador de
Benefício Livre) representaram 91,47% do total dos aportes feitos no primeiro
semestre. Já os planos PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) corresponderam a
7,76% dos novos aportes. Na modalidade VGBL, normalmente mais indicada para
quem usa a declaração simplificada do Imposto de Renda (IR) ou é isento, o
tributo incide apenas sobre a rentabilidade do plano, no momento do saque. O
PGBL, que permite abater da base de cálculo do IR os aportes realizados anualmente,
tem incidência de imposto sobre o valor total do resgate. Ambos, como planos de
acumulação, têm seu apelo junto aos consumidores. "É preciso estudar cada
caso, não há uma receita exata para determinar qual é a melhor opção (para quem
pretende fazer um plano de previdência)", observa o vice-presidente do
Clube de Vida e Benefícios do Rio Grande do Sul, Clodomiro Dorneles.
Enquanto
a situação econômica ainda não tem a estabilidade desejada, a busca pela
previdência complementar poderá representar, cada vez mais, uma opção de
segurança. "Na previdência privada, a pessoa poupa para resgatar em vida.
Em momentos de crise, as pessoas aliviam gastos com supérfluos, as chamadas
pequenas indulgências, e ficam mais sensibilizadas, tentam ter uma forma de poupança
para ter mais conforto no amanhã", explica o professor Sérgio Rangel, que
atua na Escola Nacional de Seguros e no curso de Ciências Atuariais da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
Cresce a procura por novos planos
A
perspectiva de mudanças nas regras da Previdência Social já está influindo no
mercado de previdência complementar - tanto na busca de informações por parte
dos consumidores como efetivamente na contratação de novos planos. Entre as
seguradoras, parece haver consenso de que o noticiário referente aos projetos
de reforma previdenciária desencadeou uma reação no mercado consumidor, que
passou a dedicar mais atenção ao tema.
Na visão
dos especialistas, o aumento verificado na contratação de novos planos tem
relação direta com esse novo momento. O vice-presidente corporativo da Icatu
Seguros, César Saut, por exemplo, cita números significativos: a companhia
arrecadou cerca de R$ 1,2 bilhão de reservas novas de previdência ao longo de
2016 - total que, apenas no primeiro semestre de 2017, já passou de R$ 2
bilhões. O processo, segundo ele, é irreversível. "Hoje, há categorias
profissionais que aposentam gente com menos de 50 anos. Mas essas pessoas vão
viver mais de 80 anos. Como é possível alguém ter contribuído por tão pouco tempo
e receber renda por tanto tempo? O déficit da Previdência, no ano passado, foi
superior a R$ 300 bilhões. Não há como aposentar mais gente tão cedo. A
alternativa é fazer reservas para sustentar sua velhice pelo período de tempo
que se quiser ficar sem trabalhar, ou não se puder trabalhar", analisa
Saut.
O
diretor-presidente da Diretoria Executiva do Gboex, Ilton Brum de Oliveira,
também nota um crescimento no número de novos clientes ao longo deste ano.
Mesmo sem citar números exatos, ele percebe uma preocupação crescente,
especialmente entre os trabalhadores que estão próximos da idade de se
aposentar. "Isso (a reforma da Previdência) mexe com as pessoas, que estão
correndo para se aposentar o mais cedo possível. E isso também se reflete na
procura (pela previdência complementar)", constata Oliveira.
Números
da previdência complementar
Contribuições, resgates, captação líquida, ativos e
previsões de janeiro a junho
Fonte! FENAPREVI |
Obs! Para ampliar a tabela acima, clicar na mesma!
Fonte! Chasque publicado no caderno Seguros e Previdência, da edição do Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, edição do dia 31 de outubro de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário