Severo
atua no atendimento de pessoas que
buscam
ajuda para organizar suas finanças /
CLAITON
DORNELLES /JC
|
Em um
país no qual a economia - depois de um período de crescimento - vive anos de
instabilidade, com queda no nível de emprego, baixa histórica na taxa de juros
e perspectiva de mudanças nas regras da Previdência Social, torna-se cada vez
mais importante a população esclarecer melhor sua relação com dinheiro e
patrimônio. Com mais tendência ao consumo do que à acumulação, os brasileiros,
muitas vezes, se veem endividados ou sem recursos para despesas extras - o que
nem sempre se reflete em uma postura mais comedida nos gastos cotidianos.
Embora já
existam sinais discretos de mudança nesse comportamento, o caminho a ser
percorrido ainda é longo, na opinião do educador financeiro Adriano Severo -
que vem atuando no atendimento direto a pessoas que buscam ajuda para organizar
suas finanças. "Percebo que (o comportamento dos consumidores) vem mudando
bem lentamente. Mas existe essa cultura de gastar (o dinheiro) logo, senão
desvaloriza. Isso vem de gerações anteriores. Os preços baixam um pouco, e
pessoas já vão lá e compram, mesmo ainda endividadas. Em alguns países, as
pessoas juntam dinheiro para depois comprar. Aqui, consomem para pagar depois,
parcelado. O acesso ao crédito é muito fácil. Acho que é longo e difícil de
mudar esse cenário", observa ele.
Em seu
escritório em Porto Alegre, Severo atua especialmente na orientação a pessoas
físicas, inclusive com atendimento gratuito para pessoas de baixa renda.
"Independentemente do nível de renda, as pessoas são desorganizadas. Às
vezes, quem ganha mais acaba gastando mais", constata ele, formado em
Administração e especializado em Mercado de Capitais. "Todo mundo precisa
de orientação. Há casos de pessoas sem dívidas, mas que não conseguem fazer
sobrar nada", acrescenta Severo, que nota uma preocupação maior do público
feminino com a questão: "De modo geral, as mulheres são mais decididas,
resolvem efetivamente os problemas, buscam ajuda. Os homens não se expõem
tanto".
Um dos
exercícios propostos para estimular os clientes a poupar é o chamado Desafio
das 52 Semanas, em que a pessoa tem de guardar quantias crescentes a cada
período de sete dias, ao longo de um ano. Severo organizou inclusive uma
tabela, que pode ser acessada em seu perfil do Facebook, para as pessoas
anotarem o quanto pouparam e saberem o quanto estão guardando.
"É
para fazer o movimento toda semana. Não é para ficar rico, mas é para ter o
hábito de poupar, estabelecer meta e manter foco. Quando há um objetivo, se
consegue manter melhor o foco", orienta ele. "O objetivo geral é
fazer as pessoas ficarem dentro de seus orçamentos, sobrando um pouco para
investir. O importante é começar."
Para quem
tem dúvidas sobre onde investir seus recursos, a orientação do educador é
clara: tudo vai depender dos objetivos. "Se a pessoa procurar informações,
poderá escolher onde investir, diversificar. Não é só o índice de juros que
deve determinar (um investimento), mas o rendimento real. Deve-se buscar
informação, de preferência independente", ressalta Severo, lembrando que
todo planejamento financeiro, mirando o presente ou o futuro, deve levar em
conta o conceito de liberdade financeira: "Isso é ter uma renda de acordo
com o que se gosta de fazer e com o padrão de vida que se quer ter".
Sobre a
presença - ainda um tanto tímida - da educação financeira nos currículos de
Ensino Fundamental das escolas privadas e públicas, Severo faz ressalvas.
"É algo embrionário, ainda vai passar por transformações. Não são só
números, matemática, juros. Essa disciplina envolve também a questão dos
direitos do consumidor, por exemplo. E há questões psicológicas também a serem
trabalhadas", diz Severo, reconhecendo a importância desse processo.
"É uma iniciativa bem importante, é aí o ponto (para mudar a cultura). Se
for depender só das buscas individuais por orientação, essa mudança será muito
lenta. Não se conseguiria mudar em escala macro, ou seria bem mais
difícil."
Ações educativas estão em pauta
Cresce
preocupação com uso do dinheiro
JOÃO
MATTOS/ARQUIVO/JC
|
Cresce
preocupação com uso do dinheiro Empresas, entidades e instituições do ramo de
seguros e previdência vêm demonstrando mais preocupação com as iniciativas de
educação financeira, tanto para os clientes como para os corretores
encarregados de lidar com eles. A Confederação Nacional das Empresas de Seguros
Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg),
por exemplo, criou um canal informativo na forma de uma rádio on-line (no site
cnseg.org.br), com conteúdos próprios e entrevistas. "A ideia é massificar
a informação, de forma mais leve, para as pessoas entrarem nesse mundo. Essa é
a nossa principal prioridade, especialmente a educação de seguros, que é um
tema mais complexo", afirma o presidente da confederação, Marcio
Coriolano. Perfis em redes sociais, como YouTube, Facebook, Twitter e Linkedin,
também têm servido como meio de difusão das informações da entidade.
A
internet também vem sendo muito utilizada pelas empresas, como o Gboex.
"Temos, em nossos portais (www.gboex.com.br), um curso de Ensino a
Distância (EaD) de planejamento financeiro, para corretores e clientes. O curso
serve como ferramenta de orientação, tanto para o corretor quanto para os
associados", comenta o diretor-presidente da Diretoria Executiva do Gboex,
Ilton Brum de Oliveira.
A ênfase
no trabalho direto com os corretores está nas estratégias de educação
financeira da seguradora Previsul. "Realizamos atendimento presencial ao
corretor de seguros, oportunizando maior conhecimento de nossos produtos. Com
isso, acreditamos que o corretor pode ofertar produtos mais adequados aos
segurados, principalmente no que se refere ao valor do capital segurado.
Inclusive defendemos a inclusão do seguro como matéria do ensino
fundamental", destaca o presidente da companhia, Renato Pedroso.
O
vice-presidente corporativo da Icatu Seguros, César Saut, vem notando uma
preocupação maior com a educação financeira - tanto em escolas como nas
empresas do setor de seguros, e também dentro das próprias famílias. "Isso
tem um papel importante, no sentido de as pessoas entenderem melhor que, antes
de consumir, têm de ter feito algum depósito em algum mecanismo de
proteção", afirma Saut.
Dicas para os consumidores
Regra básica: A relação entre receita e despesa não pode ser
negativa. Quem vive com o orçamento muito justo sempre pode passar por um
momento difícil, no qual irá precisar de um dinheiro extra, e aí vai se
endividar.
Estilo de vida: Busque adequar seu estilo de vida à sua
capacidade financeira. Não é só por ter a possibilidade de comprar pagando
parcelado, por exemplo, que vai poder comprar, ou ter necessidade. Sempre é
preciso saber se é um desejo ou uma necessidade.
Orçamento: É útil definir um orçamento: determinar antes o
quanto se pode gastar em cada área - como roupa, alimentação e lazer, por
exemplo.
Seguros: A decisão de fazer um seguro está relacionada com
o fato de ter dependentes ou não. Se a pessoa tem dependentes, pode ser
interessante ter um seguro de vida, até que o dependente possa se organizar. É
preciso ter em mente o quanto vai ser necessário para o dependente. Para
trabalhadores autônomos, pode ser útil a modalidade de renda em caso de
impossibilidade de trabalho - sempre de acordo com a quantia e o tempo
necessários em caso de imprevistos (prevendo recursos para seis meses, por
exemplo).
Previdência: Crie um projeto de aposentadoria, adequado à sua
realidade e aos seus anseios, que não seja demais ou de menos. É importante
fazer aportes constantes, periódicos, e diversificar investimentos. A
previdência privada é uma das opções disponíveis.
Fonte! Este chasque foi publicado no caderno Seguros e Previdência do Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, na edição do dia 31 de outubro de 2017.
Em um país no qual a
economia - depois de um período de crescimento - vive anos de
instabilidade, com queda no nível de emprego, baixa histórica na taxa de
juros e perspectiva de mudanças nas regras da Previdência Social,
torna-se cada vez mais importante a população esclarecer melhor sua
relação com dinheiro e patrimônio. Com mais tendência ao consumo do que à
acumulação, os brasileiros, muitas vezes, se veem endividados ou sem
recursos para despesas extras - o que nem sempre se reflete em uma
postura mais comedida nos gastos cotidianos.
Embora já existam sinais discretos de mudança nesse comportamento, o
caminho a ser percorrido ainda é longo, na opinião do educador
financeiro Adriano Severo - que vem atuando no atendimento direto a
pessoas que buscam ajuda para organizar suas finanças. "Percebo que (o
comportamento dos consumidores) vem mudando bem lentamente. Mas existe
essa cultura de gastar (o dinheiro) logo, senão desvaloriza. Isso vem de
gerações anteriores. Os preços baixam um pouco, e pessoas já vão lá e
compram, mesmo ainda endividadas. Em alguns países, as pessoas juntam
dinheiro para depois comprar. Aqui, consomem para pagar depois,
parcelado. O acesso ao crédito é muito fácil. Acho que é longo e difícil
de mudar esse cenário", observa ele.
Em seu escritório em Porto Alegre, Severo atua especialmente na
orientação a pessoas físicas, inclusive com atendimento gratuito para
pessoas de baixa renda. "Independentemente do nível de renda, as pessoas
são desorganizadas. Às vezes, quem ganha mais acaba gastando mais",
constata ele, formado em Administração e especializado em Mercado de
Capitais. "Todo mundo precisa de orientação. Há casos de pessoas sem
dívidas, mas que não conseguem fazer sobrar nada", acrescenta Severo,
que nota uma preocupação maior do público feminino com a questão: "De
modo geral, as mulheres são mais decididas, resolvem efetivamente os
problemas, buscam ajuda. Os homens não se expõem tanto".
Um dos exercícios propostos para estimular os clientes a poupar é o
chamado Desafio das 52 Semanas, em que a pessoa tem de guardar quantias
crescentes a cada período de sete dias, ao longo de um ano. Severo
organizou inclusive uma tabela, que pode ser acessada em seu perfil do
Facebook, para as pessoas anotarem o quanto pouparam e saberem o quanto
estão guardando.
"É para fazer o movimento toda semana. Não é para ficar rico, mas é para
ter o hábito de poupar, estabelecer meta e manter foco. Quando há um
objetivo, se consegue manter melhor o foco", orienta ele. "O objetivo
geral é fazer as pessoas ficarem dentro de seus orçamentos, sobrando um
pouco para investir. O importante é começar."
Para quem tem dúvidas sobre onde investir seus recursos, a orientação do
educador é clara: tudo vai depender dos objetivos. "Se a pessoa
procurar informações, poderá escolher onde investir, diversificar. Não é
só o índice de juros que deve determinar (um investimento), mas o
rendimento real. Deve-se buscar informação, de preferência
independente", ressalta Severo, lembrando que todo planejamento
financeiro, mirando o presente ou o futuro, deve levar em conta o
conceito de liberdade financeira: "Isso é ter uma renda de acordo com o
que se gosta de fazer e com o padrão de vida que se quer ter".
Sobre a presença - ainda um tanto tímida - da educação financeira nos
currículos de Ensino Fundamental das escolas privadas e públicas, Severo
faz ressalvas. "É algo embrionário, ainda vai passar por
transformações. Não são só números, matemática, juros. Essa disciplina
envolve também a questão dos direitos do consumidor, por exemplo. E há
questões psicológicas também a serem trabalhadas", diz Severo,
reconhecendo a importância desse processo. "É uma iniciativa bem
importante, é aí o ponto (para mudar a cultura). Se for depender só das
buscas individuais por orientação, essa mudança será muito lenta. Não se
conseguiria mudar em escala macro, ou seria bem mais difícil."
Ações educativas estão em pauta
Cresce a preocupação com o uso consciente do dinheiro
Cresce preocupação com uso do dinheiro
JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
Empresas, entidades e instituições do ramo de seguros e previdência vêm
demonstrando mais preocupação com as iniciativas de educação financeira,
tanto para os clientes como para os corretores encarregados de lidar
com eles. A Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais,
Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg),
por exemplo, criou um canal informativo na forma de uma rádio on-line
(no site cnseg.org.br), com conteúdos próprios e entrevistas. "A ideia é
massificar a informação, de forma mais leve, para as pessoas entrarem
nesse mundo. Essa é a nossa principal prioridade, especialmente a
educação de seguros, que é um tema mais complexo", afirma o presidente
da confederação, Marcio Coriolano. Perfis em redes sociais, como
YouTube, Facebook, Twitter e Linkedin, também têm servido como meio de
difusão das informações da entidade.
A internet também vem sendo muito utilizada pelas empresas, como o
Gboex. "Temos, em nossos portais (www.gboex.com.br), um curso de Ensino a
Distância (EaD) de planejamento financeiro, para corretores e clientes.
O curso serve como ferramenta de orientação, tanto para o corretor
quanto para os associados", comenta o diretor-presidente da Diretoria
Executiva do Gboex, Ilton Brum de Oliveira.
A ênfase no trabalho direto com os corretores está nas estratégias de
educação financeira da seguradora Previsul. "Realizamos atendimento
presencial ao corretor de seguros, oportunizando maior conhecimento de
nossos produtos. Com isso, acreditamos que o corretor pode ofertar
produtos mais adequados aos segurados, principalmente no que se refere
ao valor do capital segurado. Inclusive defendemos a inclusão do seguro
como matéria do ensino fundamental", destaca o presidente da companhia,
Renato Pedroso.
O vice-presidente corporativo da Icatu Seguros, César Saut, vem notando
uma preocupação maior com a educação financeira - tanto em escolas como
nas empresas do setor de seguros, e também dentro das próprias famílias.
"Isso tem um papel importante, no sentido de as pessoas entenderem
melhor que, antes de consumir, têm de ter feito algum depósito em algum
mecanismo de proteção", afirma Saut.
Dicas para os consumidores
Regra básica: A relação entre receita e despesa não pode ser
negativa. Quem vive com o orçamento muito justo sempre pode passar por
um momento difícil, no qual irá precisar de um dinheiro extra, e aí vai
se endividar.
Estilo de vida: Busque adequar seu estilo de vida à sua capacidade
financeira. Não é só por ter a possibilidade de comprar pagando
parcelado, por exemplo, que vai poder comprar, ou ter necessidade.
Sempre é preciso saber se é um desejo ou uma necessidade.
Orçamento: É útil definir um orçamento: determinar antes o quanto se
pode gastar em cada área - como roupa, alimentação e lazer, por
exemplo.
Seguros: A decisão de fazer um seguro está relacionada com o fato
de ter dependentes ou não. Se a pessoa tem dependentes, pode ser
interessante ter um seguro de vida, até que o dependente possa se
organizar. É preciso ter em mente o quanto vai ser necessário para o
dependente. Para trabalhadores autônomos, pode ser útil a modalidade de
renda em caso de impossibilidade de trabalho - sempre de acordo com a
quantia e o tempo necessários em caso de imprevistos (prevendo recursos
para seis meses, por exemplo).
Previdência: Crie um projeto de aposentadoria, adequado à sua
realidade e aos seus anseios, que não seja demais ou de menos. É
importante fazer aportes constantes, periódicos, e diversificar
investimentos. A previdência privada é uma das opções disponíveis.
- Jornal do Comércio
(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/10/especiais/seguros_e_previdencia_2017/592231-estabelecer-metas-ajuda-a-poupar.html)
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