terça-feira, 24 de abril de 2012

Crédito cooperativo avança entre os gaúchos

No Estado, cooperativas representam 10% do PIB financeiro

Segundo Perius, algumas cooperativas chegaram a crescer 34% no volume de associados
Segundo Perius, algumas cooperativas chegaram
a crescer 34% do volume de associados

A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2012 o Ano Internacional das Cooperativas, dado o potencial para o desenvolvimento social e econômico das comunidades onde o modelo está inserido. No Rio Grande do Sul, berço das cooperativas de crédito no Brasil, o ano é de comemoração não apenas pelo destaque que a ONU está possibilitando ao segmento, mas pelo crescimento sólido que essas instituições vêm registrando nos últimos anos, fator que deixa o futuro como alvo de perspectivas otimistas.

O presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs), Vergilio Perius, lembra que a participação das cooperativas de crédito do Estado lidera a participação no PIB financeiro estadual, na comparação com outras regiões. “Estamos perto de 10%, enquanto nacionalmente a participação do segmento no PIB financeiro é próximo a 4%, o que demonstra a vitalidade que têm nossas cooperativas pela iniciativa histórica, já que o crédito cooperativo nasceu aqui”, explica.

No total, o Rio Grande do Sul soma 1 milhão de associados a essas cooperativas, um décimo dos 10 milhões de cooperados em todo o Brasil na área do crédito. Perius destaca que em 2011 algumas cooperativas chegaram a crescer 34% no volume de associados, em um compasso que foi intensificado a partir de 2008, quando a crise financeira sugeriu aos investidores a busca de novos meios para aplicar seus recursos. O bom desempenho do Estado, porém, ainda deixa margens para uma escalada mais significativa. “Precisamos crescer mais, nossa fatia de mercado deve chegar a 30%, como é na Europa, devemos avançar muito forte nos próximos 10 a 15 anos.”

Uma das instituições que vive esse crescimento é a Unicred. Enquanto no Brasil o crescimento de ativos totais administrados pela entidade foi de 10,3% em 2011, o Rio Grande do Sul ostenta um aumento de 28% no mesmo período, tornando o Estado o grande destaque em nível nacional no ano passado. Hoje são R$ 7,3 bilhões gerenciados na Unicred Brasil, sendo R$ 965 milhões no Estado, onde a projeção é atingir R$ 1 bilhão em ativos já nos próximos meses. O superintendente da Unicred Central do Rio Grande do Sul, Mauro Costa, afirma que a base de associados cresceu 15% em 2011 entre as 19 cooperativas ligadas à central gaúcha, chegando a 26,2 mil cooperados, contra um incremento de 13,2% em todo o País, que totaliza hoje 245 mil associados.

Entre os processos que estão beneficiando o trabalho da Unicred, está a abertura das cooperativas a novos públicos. No início, apenas médicos podiam ser cooperados e tomar crédito na instituição. Hoje, outros profissionais da saúde têm essa oportunidade. “Nos últimos três anos começamos a abrir um pouco mais o leque de público-alvo, com isso temos algumas cooperativas no Estado, não todas, que já possuem no seu quadro social profissionais como engenheiros, arquitetos, administradores e contadores”,  revela.
Costa esclarece que a entrada de profissionais de outras áreas ocorreu para que os postos de atendimento de pequenas cidades pudessem aumentar sua atuação, e que em unidades de Santa Catarina e do Nordeste já existem unidades com livre adesão. Essa não é uma diretriz geral e não está nos planos da central gaúcha.

Sicredi quer chegar a todos os municípios gaúchos

Com uma gama de serviços e uma atuação que não difere das instituições financeiras tradicionais, o Sistema de Crédito Cooperativo Sicredi está comemorando os dados de 2011. O crescimento de 23,5% nos ativos administrados no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina - totalizando R$ 13,9 bilhões - é resultado da abertura de postos de atendimento em diferentes municípios, principal estratégia do sistema para crescer, já que com novas unidades a atração de cooperados é mais intensa.

Presente em 88% das cidades gaúchas, a meta é levar o atendimento personalizado, bem como todos os instrumentos financeiros disponíveis a 100% do território gaúcho em cerca de três anos. “Além disso, estamos reforçando nossa atuação em Santa Catarina, onde começamos há cinco anos e hoje já temos 63 unidades de atendimento, com a projeção de que nos próximos cinco anos vamos atender 50% dos municípios”, explica o vice-presidente da Central Sicredi Sul, Gerson Seefeld.

O executivo diz que a cooperação permite taxas mais competitivas, bem como retorno aos municípios, já que os recursos de cada cooperativa são investidos na própria região onde está localizada. “Esse sistema promove o desenvolvimento e fortalece a economia local”, argumenta Seefeld. “E a diferenciação nas taxas para o crédito que a cooperativa oferece acaba moderando não só as nossas taxas, como a política de tarifas no mercado”, completa.

Com 539 pontos de atendimento no Rio Grande do Sul e com projeto de expansão constante, o Sicredi investe em diversos projetos para manter o ideal de proximidade com seus associados. Os programas Crescer e Pertencer, por exemplo, trabalham questões como os deveres e direitos dos cooperados, bem como o desenvolvimento do processo de participação e decisão sobre o rumo das cooperativas.

Cresol mira no agronegócio familiar

Enquanto a expansão entre públicos e segmentos vem marcando a atuação de algumas cooperativas de crédito, outras mantêm suas origens e o foco do desenvolvimento em áreas específicas. É o caso da Cresol Central, que agrega cooperativas voltadas para o crédito na agricultura familiar. O crescimento nos estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde atua, vem se mantendo em torno dos 25% nos últimos anos. Dentre as 60 cooperativas envolvidas e 110 pontos de atendimentos, 63% estão no Rio Grande do Sul, com 99% do público de agricultores familiares.

O diretor-presidente da Cresol Central, Egon Gabriel Junior, afirma que nos dois estados são administrados um total de R$ 1,3 bilhão em ativos, em uma gestão voltada para o contato direto com os associados, que ganham capacitação para lidar com as ferramentas de gestão. “Precisamos qualificação para esse cooperado poder gerir com ciência e da melhor maneira possível”, diz. Além de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a expansão da Cresol passa pelo Nordeste e por Mato Grosso do Sul, que começam a receber as primeiras unidades da Cresol ainda neste ano.

Fonte! Chasque publicado no Jornal do Comércio de Porto Alegre, na edição do dia 23 de abril de 2012, por Mayara Bacelar. Retrato de Ana Paula Abrato / Arquivo JC.

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