Em tempos de sociedade digital e de consumo, é difícil resistir ao impulso de comprar. Tudo à nossa volta remete a gastos, seja um simples passeio na praia (quando não há como resistir a um sorvete) ou a visita a uma concessionária de veículos só para “olhar” o novo modelo. Nestas ocasiões, a vontade de utilizar o limite do cartão de crédito ou o cheque especial se faz mais aguda.
Crédito caro e acesso fácil, uma combinação ardilosa que costuma resultar em inadimplência, o popular “nome sujo na praça”. A ilusão de que temos condições de conseguir dinheiro sempre que precisamos (não precisamos, só queremos) exige um cuidado maior com as finanças pessoais.
Há que se ter cuidados. Nunca foi “barato” financiar um bem a longo prazo no Brasil, e notícias recentes dão conta de que estamos cada vez mais longe do ideal. Dados da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito, divulgada nesta quinta pelo Banco Central, mostram que, em janeiro, a taxa média de juro do cheque especial foi de 8,72% ao mês (172,60% ao ano). Trata-se da modalidade de crédito mais cara que existe juntamente com a taxa aplicada pelas operadoras de cartão. No conjunto geral, de acordo com o BC, até o dia 11 de fevereiro, a taxa média de juros para as pessoas físicas caiu 0,3 ponto percentual, em comparação com o mês passado.
O cheque especial, apesar de absurdamente caro, tem peculiaridades que fazem dele o preferido de uma grande parcela de brasileiros que o utiliza como alternativa para quitar as contas do mês. Outra percepção errônea, segundo especialistas em finanças pessoais, é a de que o limite do cheque faz “parte da renda”. Isso pode levar ao descontrole nas contas. A tentação é maior no início do ano, quanto impostos como IPTU e IPVA vencem, além, é claro, da tradicional volta às aulas, com a renovação dos uniformes e material escolar dos filhos.
O fato é que há modalidades bem mais baratas, como o consignado, com desconto na folha de pagamento e, por ser dado como “certo”, tem custo menor para o consumidor. Mesmo assim, a taxa tem subido constantemente. Em janeiro houve elevação pela terceira vez consecutiva, chegando a 2,10% ao mês, ante 2,04% em dezembro.
Isso tudo vale para qualquer tomador de empréstimo, seja para crédito da casa própria, e de financiamento de bens como veículos. Esses três segmentos englobam juros que se estendem por 24, 48, 60 meses ou mais. Claro que todos nós gostaríamos de comprar um carro novo, mas é necessário bom senso. Comprometer 20% ou 30% da renda familiar é colocar em segundo plano despesas mais urgentes como mensalidades escolares, por exemplo. É melhor ficar mais um ou dois anos com o mesmo automóvel do que daqui a alguns meses fazer parte do cadastro do Serasa. Além do que, é possível que os juros diminuam mais adiante. Tudo depende (sempre) do contexto da economia brasileira e sua interconexão com a economia global.
Voltando ao início deste texto, dá sim para aproveitar um sorvete bem gelado à beira-mar numa fuga do calor abrasador de Porto Alegre. O que não dá (ou, pelo menos, merece maior reflexão) é adquirir impensadamente um bem desnecessário em um prazo muito longo.
Fonte! Este chsque é o Editorial que foi publicado na edição do dia 25 de fevereiro de 2011, do Jornal do Comércio, de Porto Alegre - RS.
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Observação! Realmente, este gaúcho gostaria de postar um chasque (texto) um pouco mais "positivo", mas, o editorial acima transcreve a pura realidade da nossa sociedade. Este sítio, os sítios parceiros e muitos outros fazem a sua parte: semear pelos quatro cantos do Rio Grande do Sul e do Brasil, a EDUCAÇÃO FINANCEIRA, fazendo com que se acabe com as compras por impulso e os endividamentos absolutamente desnecessários.
Baita abraço
Valdemar Engroff - o gaúcho taura!
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