Alunos
aprendem a lidar com o dinheiro e a poupar por
meio do
jogo Trilhas dos Sonhos LUIZA PRADO/JC
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O pequeno
Nicolas Zamboni Xavier, nove anos, escolhe uma carta do jogo Trilhas dos Sonhos
que diz: "Pense, quem guarda sempre tem dinheiro". Não foi à toa que
o menino, estudante de terceira série do Ensino Fundamental da Escola Municipal
Presidente Dutra, selecionou essa reflexão. Nicolas e os colegas, orientados pela
professora Merlim Zanandréa, estão aprendendo desde cedo regrinhas básicas para
gerir o dinheiro e planejar gastos, da mesada até o orçamento da família. Na
sala de aula, o grupo tem, uma vez por semana, atividades com o jogo, que
insere, de forma lúdica, lições para encarar momentos em que pode ser mais
prudente guardar para literalmente realizar os sonhos.
"Eu
quero ir para o Japão", "eu, para os Estados Unidos", "meu
sonho é ser jogador de futebol" e "eu quero ir a Paris", listam,
em sequência, Manuela Spuldaro Capovilla, Gabrieli Pavoni Picollo, Sara Motele
e Erik Maciel Giotti. Nicolas emenda que poupar garante dinheiro para quando
"acontecer algo de bom ou ruim". "E vale para a gente e para
todo tipo de pessoa", previne o menino, citando que sua mãe costuma gastar
em itens desnecessários para cuidados com o cabelo. "Ela inventa umas
modas que não precisa. O cabelo dela já é bonito", conta. O recado final
do garoto é que, se a mãe economizar, sobra mais até para a família viajar.
Esse
clima em sala de aula mostra os resultados de um programa que uniu a Secretaria
da Educação do município de Farroupilha e a Sicredi Serrana, com sede em Carlos
Barbosa. Desde 2017, o projeto Atitude Cidadã, que já existia em 22 escolas da
rede municipal somando mais de 6 mil alunos, ganhou o aporte do programa de
Educação Financeira da cooperativa de crédito, que inclui a formação dos
professores na metodologia chamada de Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar
(DSOP). O jogo Trilhas do Sonhos foi criado pela equipe da Sicredi e torna
muito mais divertido assimilar o que deve ser uma cultura para o futuro.
Merlim
lembra que as crianças aprendem desde sistema monetário, primeiros passos na
educação e a economizar o dinheiro "para ter uma vida melhor e alcançar
seus desejos e sonhos". O jogo, que lembra o Banco Imobiliário, presente
na infância de muita gente, desenvolve o raciocínio lógico e insere temas como
sustentabilidade. "Quando questiono se ganharam mesada dos pais e
economizaram, a resposta é sempre positiva, e ainda trazem relatos de como
fizeram e o que planejam com o dinheirinho. Muitos guardam para comprar um
livro. O resultado está aparecendo."
O
assessor de programas sociais da cooperativa, Gabriel Munchen, explica que a
iniciativa se encaixa em um processo de gerar ações para fora da operação e
estrutura da Sicredi, alcançando públicos como escolas, além da comunidade. O
pacote inclui primeiro capacitar os professores para terem o subsídio da
educação financeira "para depois transcender com o aluno".
"Primeiro, o professor, e, depois, o aluno", define Munchen. Cátia
Maria Tonin atua na orientação e apoio dos professores e reforça que antes eles
precisam entender a importância da organização financeira pessoal. Os alunos
são o alvo depois disso. "Se o professor consegue se organizar, isso
reflete no bem-estar, pois fica mais tranquilo fazer a gestão de suas
finanças", justifica Cátia.
A
secretária de Educação do município, Elaine Giuliato, diz que o programa quer
tornar as crianças e os adolescentes mais aptos para a vida. Por isso, a
Sicredi entrou com tudo na parceria. Desde 2015, a cooperativa aciona ações
voltadas a funcionários, associados e comunidade aplicando o conceito do DSOP.
"É um projeto que dá muito prazer. O Brasil não é um país endividado? Quem
sabe trabalhando desde cedo teremos outro país no futuro", acredita
Elaine.
Fonte! Chasque (matéria) de Patrícia Comunello, veiculada nas páginas do caderno "Jornal Cidades", do Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, na edição do dia 19 de outubro de 2018.
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