Em 12
meses, essas carteiras atraíram R$ 57,6 bilhões em
aplicações
FREEPIK/DIVULGAÇÃO/JC
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Em
expansão, a indústria de fundos no Brasil já registra um patrimônio de quase R$
4 trilhões. Uma das categorias que mais cresce é a de multimercados (que
investe em diferentes tipos de ativos). Em 12 meses, essas carteiras atraíram
R$ 57,6 bilhões em aplicações, mais da metade dos R$ 100,1 bilhões de captação
líquida de toda a indústria. Segundo analistas, essas carteiras são uma boa
opção em períodos de maior volatilidade. Mas o que se vê, na verdade, são
resultados bastante díspares, que vão de ganhos acima de dois dígitos a
rentabilidade negativa.
Levantamento
feito pela XP Investimentos, com base nos dados da Economática, elenca os
fundos mais atraentes nos últimos 12 meses (até agosto) e aqueles com a pior
performance. Foram consideradas as carteiras com patrimônio líquido de, no
mínimo, R$ 50 milhões, mais de 50 cotistas e ao menos 12 meses de histórico. A
maior rentabilidade foi de 52,11%, e a menor, de -15,56%. "Em 2017, os
ganhos dos multimercados ocorreram pela queda dos juros. Neste ano, vimos uma
difusão maior dos resultados. Os que mais se destacaram foram aqueles com
exposição ao dólar", explica Gustavo Pires, sócio e responsável pela
plataforma de fundos da XP.
Pires
lembra ainda que os fundos de pior desempenho foram afetados por mudanças de tendência
mais rápidas do que o esperado. Ele cita como exemplos a paralisação dos
caminhoneiros e a instabilidade gerada pelo período eleitoral, que afetaram o
preço dos ativos. Já eventos como as crises cambiais na Turquia e na Argentina,
e a guerra comercial entre Estados Unidos e China levaram à valorização do
dólar. "Algumas tendências acabam não ficando claras e dão alguma
dificuldade para o gestor manter a estratégia traçada para o médio ou longo
prazo", diz Pires.
De fato,
os maiores ganhos foram registrados pelos multimercados que investem no
exterior e têm exposição cambial, ou seja, o fundo lucra com a valorização do
dólar - que em 12 meses foi de 29,9% - e com os ganhos do ativo investido. Com
isso, o Safra S&P e o Safra S&P Top acumulam, no período, ganhos de
53,11% e 51,9%, respectivamente, beneficiando-se não apenas da alta do dólar,
mas do bom desempenho do índice S&P 500, da Bolsa de Nova Iorque, que vem
registrando recordes. Para efeito de comparação, a taxa DI, que é o juro dos
empréstimos entre instituições financeiras e que segue de perto a Selic, ficou
em 6,84% no período de 12 meses findo em agosto.
Segundo a
Safra Asset Management, esse tipo de carteira permite oferecer aos clientes uma
estratégia global de investimento. Excluindo-se os fundos que ganharam devido à
exposição ao dólar, o de maior rentabilidade foi o Seival FGS Agressivo, com
32,53%. Ele busca oportunidades em quatro tipos de ativos: moedas, juros,
índices de ações e commodities. Mas quem determina a alocação dos recursos não
é um gestor, e sim um algoritmo.
Carlos
Groehs Chaves, diretor executivo da Seival Investimentos, atribui o ganho ao
fato do fundo ter percebido antes movimentos como a alta do dólar e a queda da
cotação do trigo após o início da disputa comercial. "Conseguimos perceber
a valorização do dólar antes e, mais recentemente, os ganhos possíveis com a
guerra comercial. Identificamos tendência e tentamos surfar nessas ondas",
explica Chaves, acrescentando que o desempenho do fundo não tem relação com os
índices de ações brasileiros.
Os fundos
multimercados mais tradicionais também mostram boa rentabilidade. Como o Itaú
Hedge Plus, com ganhos de 17,33%, e o Itaú Global Dinâmico, com 8,6%. "O
Hedge Plus tem um estilo de gestão que busca ganhos a curto prazo. Já o Global
Dinâmico mira o longo prazo, mas faz ajustes técnicos quando a correlação entre
os ativos muda muito", assinala Andrea Moufarrege, gerente de Comunicação
de Investimentos da Itaú Asset Management.
Entretanto,
há multimercados tradicionais com desempenho abaixo do DI. O CSHG Verde é o
maior exemplo. A carteira, lançada em 1997, é reconhecida como uma das mais bem
geridas do Brasil. Nos últimos 12 meses, porém, tem um ganho modesto, de 4,19%.
Uma das razões foi a forte variação do dólar. Já o pior desempenho foi o do
Alaska Range, com -15,56%. Em carta aos cotistas do fundo, a Alaska
Investimentos atribuiu as perdas à valorização do dólar.
Fonte! Chasque (matéria) veiculada no caderno Empresas e Negócios, do Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS), edição do dia 08 de outubro de 2018.
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