domingo, 18 de novembro de 2018

Fundação CEEE espera terminar no ano com mais de mil novas adesões


Com mais de 16 mil participantes, fundo de pensão se estabelece com um dos maiores do Brasil
Para Sisnandes, ano eleitoral aumentou a volatilidade do
mercado financeiro MARCELO G. RIBEIRO/JC
Um dos maiores fundos de pensão fechados do Brasil e o principal do Rio Grande do Sul, a Fundação CEEE de Previdência Privada superou recentemente a marca de 16 mil participantes, sejam ele ativos, aposentados ou pensionistas. Com adesões medias de 100 novos contribuintes por mês, a expectativa é atingir, no somatório de 2018, um número superior a mil novas adesões. O patrimônio da empresa é de cerca de R$ 6,2 bilhões, conforme balanço patrimonial de agosto, o que dá fôlego para a empresa buscar bons investimentos no mercado e conseguir rentabilidade acima da média do mercado.

Atualmente, são 17 empresas patrocinadoras e instituidoras atreladas ao fundo de pensão, tanto da área pública, como a própria Companhia Estadual de Energia Elétrica, além da RGE e da Eletrobras, bem como entidades associativas e de classe com vinculação à fundação, que oferecem aos sindicalizados a opção de verter contribuições para uma previdência complementar. Por ser uma entidade sem fins lucrativos, a Fundação CEEE partilha toda a rentabilidade conquistada através dos investimentos no mercado aos seus beneficiários, contraindo um percentual a troco de taxa de administração, para manutenção das atividades. Segundo dados publicados, a rentabilidade do fundo de pensão entre 2003 e 2017 atingiu 705,06%, enquanto a inflação do mesmo período ficou em 140,14% - ou seja, um ganho real de 564,92%.

Para o presidente Rodrigo Sisnandes Pereira, essa variação acima de outros produtos existentes no mercado que são mais conservadores é um dos atrativos que o fundo de pensão oferece. Pelo fato da empresa ter a liberdade de buscar diversificação nos investimentos feitos, como a aplicação dos recursos em Tesouro Direto, ações na bolsa de valores, dentre outros e, ao mesmo tempo, entregar o produto dessa manobra ao seu beneficiário torna o fundo de pensão muito mais atrativo. "É diferente do banco. Lá, você aplica um valor ou paga mensalmente as parcelas e o direcionamento é para produtos deles. Aqui, temos todas as alternativas disponíveis para escolher e pensamos sempre a médio e longo prazo", explica Pereira. A fundação entendeu que o modelo de concentração de investimento, com ela à frente das medidas a serem tomadas e não o cliente é mais benéfica, por conta dos resultados obtidos e pela dificuldade do associado em compreender qual é a melhor alternativa para ele. As escolhas são feitas a partir de uma equipe especializada no assunto.

Dos mais de 16 mil participantes, cerca de 9,3 mil são aposentados e pensionistas, portanto, recebem seus benefícios mensalmente. Para ter direito ao benefício, o requisito mínimo é contribuir durante cinco anos - as contas são individualizadas - e ter pelo menos 50 anos. Atingido ambos os pontos, a fundação permite a retirada integral dos valores corrigidos ou o pagamento durante um período, determinado pelo próprio contratante, também com os valores atualizados mês a mês, frutos dos rendimentos particionados pela fundação. Aos contribuintes desligados de seus empregos, há a possibilidade de manter a contribuição individual ou também sacar o montante. "O mais importante de tudo é que, no caso dos planos corporativos, quando há participação do empregado e do empregador, ambos contribuem com um percentual, então quem começa o seu plano já tem o dobro do que investiu", explica o presidente. No associativo, o modelo é auto patrocinado, com contribuição única do colaborador. A contribuição mínima é de R$ 50,00 por mês.

Apesar do desempenho promissor, o ano de 2018 para alguns dos principais fundos de pensão do Brasil não é visto com tanta confiança. O setor encerrou o primeiro semestre com déficit líquido de R$ 29 bilhões, informou no mês passado a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). A rentabilidade também estaria cerca de 2% abaixo do projetado pelas entidades. O resultado final está no vermelho desde 2014, quando teve início a crise econômica. Para Sisnandes, o fato de ser um ano eleitoral aumenta a volatilidade do mercado financeiro. "Após o primeiro turno das eleições, a nossa rentabilidade dobrou em dois dias. Em outros meses, identificamos crescimentos e quedas, como em maio quando houve a greve dos caminhoneiros. É normal acontecerem esses movimentos", explica o dirigente.

Mais jovens priorizam previdência complementar

O Família Previdência, produto em maior evidência na Fundação CEEE, é a aposta da empresa para atrair novos associados, e isso inclui contribuintes com idades menores. A possibilidade de incluir filhos, netos e até mesmo quem sequer imagina o que é a previdência tem dois objetivos principais, conforme explica Rodrigo Sisnandes Pereira. "Primeiro é a educação financeira, entender o pensamento a longo prazo e se programar para a velhice, ainda que isso pareça longe no horizonte. E, além disso, trazer maior qualidade de vida futura a essas pessoas, pois temos os benefícios concedidos pela Previdência Social não serão suficientes nem mesmo para os remédios". A criação do Família Previdência tem como objetivo criar uma espécie de sucessão, iniciada pelos mais velhos ao incentivar os mais novos.

A cultura "imediatista" do brasileiro ao pensar no hoje sem se preocupar com o amanhã é vista com preocupação por Sisnandes. Por isso, para conscientizar os jovens trabalhadores, a fundação trabalhou em uma série de ações para se aproximar desse público. Houve em 2018 um reposicionamento da marca, com a presença em redes sociais, investimento em publicidade e a criação de um aplicativo no qual toda a contratação poderá ser feita a partir de um smartphone, bem como consultas diversas e informações gerais sobre a evolução do patrimônio aplicado.

"Não dá para pensar na aposentadoria com 50 anos. Você precisa começar cedo, preferencialmente na juventude", afirma. A ideia é sensibilizar os mais novos e mostrar que, além dos proventos, esse valor pode ser investido para uma viagem ou a realização de um sonho.

Em relação ao debate acerca da reforma da Previdência, o mandatário percebe que o movimento de readequação precisa ser feito logo em 2019 pelo próximo presidente, com o intuito de estancar o déficit e garantir regras mais justas.

Todavia, Pereira entende que a discussão do tema é a grande oportunidade para haver um "plano nacional de educação previdenciária", cujo ponto fundamental é o entendimento do que está em debate e principalmente como a previdência complementar deve ser encarada como um assunto mais sério pela população. "Hoje, a previdência privada é um privilégio de poucos, mas no futuro será a necessidade de muitos", complementa.

Dicas para contratar um plano de previdência

Quando eu devo começar a fazer uma previdência privada? O mais cedo possível. Se puder começar com 20 anos, seria ótimo. Com 15, melhor ainda. O importante é ter esse planejamento.

Qual valor mínimo para eu investir? Aquele que eu posso reservar para esse investimento, independente de quanto for. À medida em que conseguir ter valores maiores, o ideal é ampliar os depósitos e aumentar a poupança.

Como eu sei qual é o melhor plano para mim? É preciso olhar no mercado os planos existentes e ver qual teve o melhor resultado. Isso ajudará muito a tomar uma decisão sobre qual escolher.

Posso usar o investimento em previdência para algo diferente da aposentadoria? Com certeza. Quando você completa os requisitos para ter direito ao montante economizado durante 10, 20 ou 30 anos, conforme o plano que escolher, esse dinheiro é seu. Você opta por receber mensalmente ou sacar tudo e aplicar em algo que deseje.

Há algum risco para quem investe? Qual? O investimento em previdência privada é o mais seguro que eu conheço. Somente em um caso improvável de confisco é que o beneficiário poderia ter problema. Fora isso, é rentável e totalmente protegido.

E em relação ao Imposto de Renda, devo optar pelo regime regressivo ou progressivo? Depende. As vantagens e desvantagens de cada plano em relação ao Imposto de Renda precisam ser avaliadas. Os planos VGBL e PGBL tem características diferentes quanto a esse ponto.

Se eu quiser sacar o dinheiro antes do programado, o que acontece? É permitido fazer o saque antes do tempo, no entanto, haverá incidência maior de Imposto de Renda sobre o montante resgatado. Quanto menor o tempo entre a aplicação e a retirada, maior a incidência. Essa alíquota pode chegar a 35%, e é reduzida gradativamente.

No caso de eu não conseguir mais pagar a previdência, o que acontece? A grande vantagem da previdência complementar é: esse dinheiro é seu. Desde o momento em que você aplicou, aquele montante seguirá rendendo até o momento em que decida sacar – e é possível fazê-lo a qualquer hora. A única questão é atrapalhar o planejamento de aposentadoria, pois o período sem contribuição não conta, e a data estabelecida pelo cliente para receber seus proventos será adiada.

Mesmo se eu tiver direito a uma boa aposentadoria pela Previdência Social, devo fazer uma previdência complementar? Sim. A segurança de ter um complemento para a renda proveniente do INSS é importante para todos, a menos, é claro, que a pessoa esteja satisfeita com o que ganha da previdência pública. 
Fonte! Chasque (reportagem) veiculado no caderno especial Seguros & Previdência, publicado na edição impressa do Jornal do Comércio de Porto Alegre, no dia 31 de outubro de 2018.

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