sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Em 15 anos, número de idosos cresce 59% no Rio Grande do Sul


Estudo deve orientar políticas específicas a médio e longo prazos
Problemas motores são comuns em pessoas acima
de 60 anos MARCELO G. RIBEIRO
A população gaúcha está envelhecendo, e o aumento no número de idosos exigirá ações específicas para essa faixa etária em vários setores - em especial, no acesso à saúde. Em termos gerais, essa é a leitura que surge do Diagnóstico da População Idosa no Rio Grande do Sul, apresentado ontem pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos do Estado. No período de 2001 a 2015, houve aumento de 59% na população acima dos 60 anos - muito acima da média geral, que ficou em 8,5%. Hoje, essa faixa equivale a cerca de 16% da população gaúcha - o maior percentual entre todos os estados.

A apresentação dos números ocorreu no Dia Internacional da Pessoa Idosa, em evento promovido pela Corregedoria-Geral de Justiça do Estado. O documento será base para a definição de metas do futuro Plano Decenal dos Direitos Humanos de Pessoas Idosas, que deve ser encaminhado nos próximos meses à Assembleia Legislativa. "Ainda há certa fragilidade na estruturação de rede de proteção e garantia desses direitos. Esse diagnóstico é a primeira iniciativa nesse sentido", diz Luiziane Brusa da Costa, coordenadora de Políticas para a Pessoa Idosa da secretaria e responsável pela apresentação dos números.

A estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que, até 2030, o Estado tenha cerca de 1 milhão de idosos a mais do que na atualidade. Isso significa que a população acima de 60 anos pode chegar a 24% do total em pouco mais de uma década.

Nesse sentido, o adoecimento de idosos ganha importância. O estudo aponta aumento na distribuição de medicamentos a pessoas dessa faixa etária, além de indicar que 23,8% apresenta, pelo menos, um tipo de deficiência auditiva, motora, visual ou intelectual. Os óbitos entre pessoas de maior idade aumentaram 37% nos últimos 15 anos, passando de 43.079 falecimentos, em 2000, para 58.838 em 2015. É maior também o número de casos de suicídio, que se tornaram 31% mais frequentes no período.

De acordo com a corregedora-geral do Estado, Denise Oliveira Cezar, é preciso pensar em políticas de inclusão voltadas, especificamente, à população idosa. "Sabemos que uma das maiores dificuldades da sociedade é a inclusão, e não só para idosos. Mas as dificuldades na inclusão dessas pessoas são muito severas. O sentimento de inutilidade se agudiza, e isso gera empobrecimento emocional, isolamento e sensação de abandono", descreve.

Boa parte dos idosos gaúchos segue na ativa. Cerca da metade das pessoas de 60 a 64 anos continua trabalhando, percentual que fica perto dos 40% entre 65 e 69 anos e cai para 25% na faixa dos 70 a 74 anos. A maioria (aproximadamente 60%) trabalha por conta própria ou produz para o próprio consumo, enquanto o percentual de empregados no setor formal fica em 18,3%. Pelos dados mais recentes, de três anos atrás, 17,8% dos idosos do Estado moram sozinhos, e o percentual de residentes na área urbana, embora majoritário (80%), é inferior ao da média dos gaúchos (85%).

Em termos de segurança, os crimes mais comuns são ameaças e furtos, que somam em torno de 50% dos registros tanto em 2015 quanto em 2016. Os dados demonstram um aumento crescente nas notificações de violência contra idosos, com aumento nas situações de sofrimento psicológico ou moral, que somam 38,8%.

A ideia é que o texto final do plano decenal seja concluído em novembro, indo em seguida para avaliação do Conselho Estadual da Pessoa Idosa, formado por integrantes da sociedade civil. A partir disso, passa a tramitar na Assembleia, sem data para votação.

"A gente tem que fazer muita coisa", reforça Luiziane. O que, na visão dela, vai muito além de melhorar o atendimento às necessidades do presente. "Precisamos pensar o envelhecimento como algo que faz parte da nossa vida, como algo que se vai construindo desde a infância. A gente não chega aos 60 e diz, bom, agora somos idosos. Nunca tivemos uma cultura de priorizar o envelhecimento e a pessoa idosa em nossas políticas públicas, e já estamos chegando meio tarde.

Fonte! Chasque (reportagem) de Igor Natusch, publiciado na edição impressa do Jornal do Comércio de Porto Alegre, do dia 02 de outubro de 2018.

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