A crença no poder do bairro ajuda a consolidar as vendas
Alex, Flaubert e Verediani orgulham-se por estarem conseguindo pagar as contas do Le Suisse Café. Luiza Prado/JC |
Passar pelo primeiro ano e olhar de
forma positiva para a etapa. Foi assim que Verediani Dias, 32 anos,
encarou o último 26 de janeiro, quando completou um ano de
empreendedorismo. À frente do Le Suisse Cafe
com os sócios Allex Titton, 29, e Flaubert Pereira, 28, ela produzia
doces em casa para pagar sua festa de formatura em Administração de
Empresas. "Depois de formada, saí do emprego que eu estava e fiquei
trabalhando em casa com doces. Percebia que a demanda estava crescendo,
que não tinha mais como fazer sozinha. Meu noivo, o Allex, é o mais
empreendedor dos três e ele me incentivava muito a abrir um negócio",
conta. Para concretizar o projeto, o casal chamou um terceiro sócio, que
supriu outra área.
"Nos juntamos com o Flaubert, que é primo do meu noivo e trabalha
há oito anos com gastronomia. Unimos o útil ao agradável. Estávamos os
três em um momento meio sem rumo e aí juntamos a ideia de abrir uma
unidade física", explica Verediani.
Operando na Gomes de Freitas, nº 122, no bairro Jardim Itu-Sabará,
em Porto Alegre, o local foi planejado durante 11 meses pelos sócios. O
prazo de estruturação foi uma consequência da escolha do ponto que
abriga o negócio.
"É um bairro que tem bastante movimento, mas não tem nada nesse
perfil. Queríamos esse ponto aqui, mas a loja estava ocupada. Ficamos
esperando 11 meses até a loja desocupar. Acabamos ganhando tempo para
estruturar o negócio", pontua Verediani.
Os sócios estimam que o investimento inicial de R$ 75 mil deve ser
recuperado em dois anos de operação. O primeiro ano, para eles, foi
positivo. "Sabemos a dificuldade do período e de abrir um negócio hoje
em dia, mas foi muito bom. Foi um ano de muito crescimento e
aprendizado. O retorno está sendo muito positivo. Ainda não estamos no
patamar que desejamos, mas ver o pessoal voltando, indicando, e o
negócio se pagando é muito motivador", expõe. Para Allex, a saúde
financeira da operação nos meses iniciais foi uma surpresa. "Esperávamos
muito mais dificuldade. Pensamos que tiraríamos dinheiro do próprio
bolso e não aconteceu. Estamos sempre reinvestindo no negócio", afirma
Allex.
As tortas são o carro-chefe da cafeteria, e custam, em média, R$
10,00 a fatia. Até julho do ano passado, quando contrataram a primeira
funcionária, os sócios operaram sem nenhum colaborador.
"Nos dividimos: eu fiquei mais na parte de atendimento, estoque, o
Flaubert, na cozinha e o Allex, no financeiro", comenta Verediani. Após o tempo de estruturação, os sócios desejam, agora, o crescimento da operação.
"Até aqui, foi acúmulo de aprendizado e de organização. O segundo ano é
para crescimento. A ideia é aumentar faturamento, quadro de
funcionários, diversificar mais em produtos e serviços", revela
Verediani.
Hamburgueria recém-aberta aposta em open de fritas
A Food Lover virou alternativa para casal que enfrentava o desemprego/Luiza Prado/JC |
Estrear no universo do
empreendedorismo não é uma tarefa fácil mesmo quando há planejamento.
Quando a oportunidade do negócio próprio chega inesperadamente, a
empreitada pode ser ainda mais desafiadora. Melissa Renz, 28 anos, e
Solon Almeida, 24, sentiram na pele essas adversidades quando
inauguraram, há três meses, a hamburgueria Food Lover, na avenida Érico Veríssimo, nº 472, em Porto Alegre. Mas eles apostam em um diferencial: open de batata frita.
Solon trabalhava há cinco anos com o pai em uma lancheria no mesmo
bairro, e, quando o negócio encerrou as atividades, o casal se viu em
uma situação profissional similar. "Sou jornalista e não encontrava
nenhuma oportunidade na área, e o Solon ficou sem o emprego com o pai",
conta Melissa, explicando que o término do negócio do sogro foi
fundamental para que os dois iniciassem sua trajetória no
empreendedorismo. "O pai dele tinha estrutura, mesas, equipamentos. Foi
um incentivo para a gente", pontua. Em menos de um mês, e com
investimento de R$ 11 mil, a dupla colocou o projeto em prática com a
ajuda dos familiares. "O cunhado dele é empreiteiro, então deu toda a
mão de obra para a reforma, só pagamos o material. Meu pai é
eletricista, fez toda a parte elétrica", expõe Melissa.
A velocidade com que o negócio tomou forma foi motivo de preocupação no início da operação. Os sócios contam que, nas primeiras semanas, não sabiam como atrair clientes.
Além da divulgação por meio das redes sociais, a dupla apostou em
fazer o open (consumo livre) das batatas para fidelizar a clientela. "No
início, fiquei com bastante medo que acabassem as batatas, mas o Solon
tem experiência e me garantiu que as pessoas uma hora paravam de comer e
que dava sede. Ou seja, iam consumir mais bebidas. Fizemos um evento no
Facebook, e as pessoas o encontraram. Veio muita gente que nunca vimos
na vida. Foi uma loucura", lembra. O serviço, que acontece toda
sexta-feira, custa R$ 15,00 e inclui batata frita com queijo cheddar,
requeijão, bacon e calabresa.
O casal planeja recuperar o investimento inicial no primeiro ano da
operação. Por isso, decidiu encorpar o faturamento oferecendo o serviço
da hamburgueria para eventos. "Para o primeiro ano, o objetivo é
consolidar a loja como um ponto do bairro, mas sabemos que, para
alcançar algumas metas pessoais, precisamos fazer algo mais. Por isso,
abrimos um buffet de festa", explica Solon.
Estreantes no empreendedorismo, eles avaliam de forma positiva os
meses iniciais. "O fato de ser nosso, de ter todas as responsabilidades,
é uma carga maior, mas traz mais satisfação quando os resultados
chegam", afirma Solon.
Fonte!
Chasque (postagem) de Isadora Jaboby, publicado nas páginas do Jornal
do Comércio de Porto Alegre, na edição do dia 12 de março de 2020, no
caderno Geração E.
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