Brasileiros tendem a comprometer a renda com despesas e nãoa conseguem poupar
Carreira única deixou de ser tendência, mas exige
organização, diz Franco
/ZURICH BRASIL/DIVULGAÇÃO/JC |
Grande parte dos brasileiros não está preocupada com as
profundas mudanças sociais no mercado de trabalho, e muito menos com a
segurança de ter uma renda para garantir o futuro. Essa é uma das
constatações da pesquisa Agile Protection - Proteção social: do frágil
ao ágil, produzida pela seguradora Zurich, em parceria com a
Universidade de Oxford. O estudo apresenta as tendências de adaptações e
estratégias de proteção de renda dos indivíduos e foi realizado junto a
1.145 trabalhadores brasileiros com idades entre 20 e 70 anos.
O levantamento também mostra que, mesmo diante das transformações
no mercado de trabalho, que impactam diretamente na renda da população, é
baixo o número de brasileiros que se preocupa com o futuro financeiro,
principalmente entre os mais jovens. Só 23% da população de 20 a 29 anos
e 30% dos que têm de 30 a 39 anos afirmaram que ter dinheiro para a
aposentadoria é a maior preocupação.
De acordo com o levantamento, em todas as estratificações
analisadas, considerando idade e gênero, não há uma percepção clara do
poder disruptivo das tecnologias e suas consequências no tradicional
modelo de trabalho.
Para o CEO da Zurich no Brasil, Edson Franco, o modelo tradicional
de se ter um único emprego ou uma única carreira por toda a vida não é
mais a única possibilidade de trajetória, mas, para isso, é necessário
um planejamento profissional e financeiro. "As inovações criam novos
modelos de trabalho e dão mais liberdade para as pessoas. Entretanto, à
medida em que a flexibilidade dos trabalhadores aumenta, eles também
tornam-se mais suscetíveis a perdas em relação à estabilidade de emprego
e de renda. Nesse sentido, o estudo traz uma valiosa contribuição para
refletirmos sobre o futuro dos empregos e a estabilidade financeira dos
trabalhadores", complementa o executivo.
Outro indicador mapeado foi o total de brasileiros que conseguiram
guardar dinheiro no ano anterior. Dos 1.145 participantes da pesquisa,
só 47% dos entrevistados de 55 anos ou mais e 41% dos jovens de 20 a 29
anos afirmaram ter conseguido constituir uma reserva financeira em 2018.
O grupo de brasileiros de 40 a 54 anos poupou menos - somente 36%
guardou dinheiro em 2018. "Há um sentimento geral de necessidade de um
planejamento financeiro de longo prazo para se ter um complemento de
renda no futuro. Mas, no curto prazo, as despesas domésticas mensais
ainda comprometem grande parte da renda dos brasileiros, principalmente
aqueles com salário inferior a R$ 5 mil", diz o executivo.
Hábito de economizar dinheiro e se planejar é pouco frequente
Planejamento
financeiro não é costume no País
JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC |
Com o desemprego ainda
elevado e o poder de compra comprometido, o brasileiro não está
conseguindo guardar dinheiro, seja para realizar um sonho de consumo,
preparar-se para a aposentadoria ou simplesmente para lidar com
imprevistos. De acordo com levantamento realizado pela Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) em 12 capitais brasileiras, incluindo Porto Alegre,
67% dos consumidores brasileiros não conseguiram guardar nenhuma parte
de seus rendimentos no mês de agosto - o percentual é ainda maior
considerando as pessoas das classes C, D e E (71%).
Já entre as pessoas de renda mais alta
(classes A e B), o percentual de não poupadores é de 54%, um dado
expressivo e que revela que o hábito de poupança não é frequente mesmo
entre pessoas que recebem um salário maior. "A crise econômica tem seu
papel no resultado da baixa poupança. Com desemprego presente em muitos
lares, o orçamento familiar tornou-se mais apertado e, em alguns casos,
insuficiente até para honrar compromissos já assumidos. No entanto, não
se pode ignorar que muitos consumidores não dão a devida importância
para a formação de uma reserva financeira. O consumidor deve ter em
mente que um orçamento controlado pode fazer toda a diferença. O ideal
não é poupar somente o que sobra no fim do mês, mas sempre reservar uma
quantia fixa, encarando o valor destinado para a reserva como mais um
compromisso mensal", afirma a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela
Kawauti.
O levantamento mostra, ainda, que 66%
dos poupadores colocam dinheiro na velha caderneta de poupança,
principalmente pela facilidade de resgate. Somente 16% dos que poupam
guardam pensando na aposentadoria e 42% tiveram de resgatar ao menos
parte do dinheiro poupado.
Segundo a Federação Nacional de
Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), a realidade atual é bem
diferente daquela que vivíamos no cenário de juros altos e se o País
obtiver sucesso nas reformas estruturais necessárias, há grandes chances
de viver um ciclo virtuoso de crescimento com taxa de juros baixa.
Para buscar remuneração melhor para o
capital acumulado, o investidor terá de buscar as aplicações de maior
risco. Isso acontecerá na Previdência e em outras modalidades de
investimento e acumulação. "A previdência privada é um veículo
extraordinário para formar reservas de longo prazo e está intimamente
ligada a essa realidade. O brasileiro está pouco habituado a fazer
planejamento financeiro. Isso tem que mudar, e a educação financeira é o
primeiro passo para que isso ocorra. Em diversos países, o planejamento
financeiro é ensinado às crianças na escola. Temos que avançar nesta
direção. Precisamos aprender a poupar e fazer bom uso do dinheiro para
construirmos uma sociedade mais justa e próspera", destaca o presidente
da FenaPrevi, Jorge Nasser.
Fonte! Chasque (reportagem) publicado no caderno especial Seguros & Previdência, encartado na edição do Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS), na edição do dia 31 de outubro de 2019.
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