Os aposentados e pensionistas não
têm muito o que comemorar
no Brasil, diz advogado ANTONIO
PAZ/ARQUIVO/JC
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Dia 24 de
janeiro, comemorou-se o Dia do Aposentado no Brasil. Apesar de ser uma data
importante, os aposentados e pensionistas não têm muito o que comemorar. Em que
pese existir uma legislação específica para a defesa de seus direitos, o
Estatuto do Idoso, na prática os brasileiros com mais de 60 anos sofrem com a
violação de direitos.
E no
início de 2019, os aposentados brasileiros já sofreram mais um duro golpe. Com
o reajuste de 3,43% a ser concedido a 11,7 milhões de aposentados e
pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que ganham acima do
salário-mínimo o aumento será pago em fevereiro, sobre os vencimentos de
janeiro, a defasagem desses benefícios mais altos em relação ao aumento do piso
nacional chegará a 87,28%.
Esse é o
percentual acumulado de perda do poder de compra dos segurados que recebem mais
do que o piso, no período de 1994 a 2019, ou seja, desde o início do Plano
Real. O cálculo foi realizado pela Confederação Brasileira de Aposentados,
Pensionistas e Idosos (Cobap).
O aumento
de 3,43% deste ano refere-se ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC),
acumulado de janeiro a dezembro de 2018. O indicador é medido pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No caso dos aposentados que
ganham acima do piso nacional, o aumento anual considera a necessidade de
reposição da inflação.
Neste
ano, o reajuste concedido foi menor que o do salário-mínimo, que em 2019
aumentou 4,61%, passando de R$ 954,00 para R$ 998,00 no dia 1 de janeiro. Em
2018 e 2017, o reajuste para os aposentados e pensionistas que recebem acima do
salário-mínimo foi superior, interrompendo uma sequência de 19 anos de
percentuais inferiores.
O piso
previdenciário, valor mínimo dos benefícios do INSS - aposentadoria,
auxílio-doença, pensão por morte - será de R$ 998,00, igual ao novo
salário-mínimo nacional em 2019.
Assim, os
reajustes não são suficientes para os aposentados cobrirem os seus gastos
mensais. Apesar de o governo federal agir conforme a legislação, não é justo ou
razoável com os idosos que têm que arcar com gastos elevados, principalmente
com remédios, plano de saúde e alimentação.
Trata-se
de uma afronta à dignidade humana, uma vez que muitos dos 25 milhões de
aposentados que recebem o salário-mínimo, não conseguem se sustentar com esse
dinheiro e precisam recorrer à família ou então viverem em situação de
miserabilidade.
Importante
ressaltar que cerca de 70% dos aposentados do INSS, recebem a faixa salarial
mínima no País. E o reajuste está longe da realidade da população e do custo de
vida no Brasil. O cálculo do reajuste da aposentadoria no Brasil deveria
considerar a inflação do idoso que paga, por exemplo, de plano de saúde, mais
de R$ 700,00 mensais, isso se considerarmos as operadoras mais baratas.
Ou seja,
como um aposentado que paga esse valor de plano de saúde conseguirá ter
dinheiro para roupas, comida, conta de luz, conta de água e outras necessidades
básicas para sobrevivência, com um salário-mínimo de R$ 988,00? Impossível!
Para comprovar essa tese, foi anunciado recentemente pela Fundação Getulio
Vargas (FGV) o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), que
mede a variação da cesta de consumo de famílias compostas, em sua maioria, por
pessoas com mais de 60 anos, subiu de 0,69%, no terceiro trimestre de 2018,
para 0,80%, no último trimestre do ano.
O
resultado contribui para a alta acumulada no indicador calculado, de 4,75%,
superando o IPC-BR para o mesmo período (4,32%), inflação média percebida pelas
famílias com renda mensal entre um e 33 salários-mínimos. Segundo A FGV,
comparada ao INPC, a inflação dos idosos também foi maior, já que o indicador
nacional de preços ao consumidor, acumulado para 2018, fechou em 3,43%.
Ou seja,
a grande parte dos aposentados no País vive em situação de miséria. Não
conseguem sobreviver com seu benefício e vive da dependência da ajuda de
familiares.
O
Estatuto do Idoso assegura questões básicas de sobrevivência, como o direito à
alimentação via Estado ou família, diante dos casos de vulnerabilidade
financeira; atendimento digno no Sistema Único de Saúde (SUS); programas de
acesso à educação, cultura, lazer; de profissionalização e trabalho; acesso e
amparo do sistema previdenciário; assistência social por meio da Previdência
com um salário-mínimo; reserva de percentual nos programas habitacionais;
transporte gratuito para os cidadãos acima de 65 anos; atendimento com filas
preferenciais; vagas específicas em espaço privados e públicos, dentre outros
elementos que, em suma, garantem uma vida digna, ou, cidadania plena, entre
outros.
E, apesar
de contar com leis específicas, o aposentado brasileiro enfrenta diariamente
dificuldades, principalmente, relativas à aposentadoria e pensões do INSS.
Milhares de aposentados buscam a Justiça, anualmente, para contestar a
concessão, revisão e fraudes de benefícios previdenciários, além de questões
envolvendo os planos de saúde.
Nos casos
envolvendo os benefícios previdenciários, por exemplo, os aposentados têm
travado verdadeiras batalhas jurídicas na busca de revisão dos benefícios e
também, no momento da concessão da aposentadoria. Milhares de aposentados se
socorrem do Judiciário, para revisar seu benefício e os segurados que não
conseguem se aposentar ou obter benefício por incapacidade, judicializam a questão
com a negativa do INSS na concessão do benefício previdenciário.
A futura
reforma da Previdência não irá atingir os direitos daqueles que já estão
aposentados, mas poderá ser um duro golpe na geração futura para aqueles que
pretende se aposentar nos próximos anos, haja vista que diariamente surgem
rumores de como serão as novas regras e todos mostram que a aposentadoria se
tornará mais difícil de ser concedida. Porém, como o texto da reforma ainda não
foi fechado, são apenas rumores e os segurados devem com calma aguardar a
redação final a ser colocada em votação.
Infelizmente,
não enxergamos uma política pública que dê força ao aposentado brasileiro. No
cotidiano, o aposentado é vulnerável e sofre dificuldades para garantir seus
direitos básicos, como o de um salário justo para sua sobrevivência. A torcida
e o apelo é para que o novo presidente, os novos ministros e os legisladores
eleitos façam seu papel e olhem pelo aposentado brasileiro com mais respeito e
justiça.
Fonte!
Chasque de Murilo Aith (Sócio do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados),
publicado no Caderno Empresas e Negócios, do Jornal O Comércio, na edição do
dia 28 de janeiro de 2019.
Dia 24 de janeiro,
comemorou-se o Dia do Aposentado no Brasil. Apesar de ser uma data
importante, os aposentados e pensionistas não têm muito o que comemorar.
Em que pese existir uma legislação específica para a defesa de seus
direitos, o Estatuto do Idoso, na prática os brasileiros com mais de 60
anos sofrem com a violação de direitos.
E no início de 2019, os aposentados brasileiros já sofreram mais um duro
golpe. Com o reajuste de 3,43% a ser concedido a 11,7 milhões de
aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), que ganham acima do salário-mínimo o aumento será pago em
fevereiro, sobre os vencimentos de janeiro , a defasagem desses
benefícios mais altos em relação ao aumento do piso nacional chegará a
87,28%.
Esse é o percentual acumulado de perda do poder de compra dos segurados
que recebem mais do que o piso, no período de 1994 a 2019, ou seja,
desde o início do Plano Real. O cálculo foi realizado pela Confederação
Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap).
O aumento de 3,43% deste ano refere-se ao Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC), acumulado de janeiro a dezembro de 2018. O indicador é
medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No
caso dos aposentados que ganham acima do piso nacional, o aumento anual
considera a necessidade de reposição da inflação.
Neste ano, o reajuste concedido foi menor que o do salário-mínimo, que
em 2019 aumentou 4,61%, passando de R$ 954,00 para R$ 998,00 no dia 1 de
janeiro. Em 2018 e 2017, o reajuste para os aposentados e pensionistas
que recebem acima do salário-mínimo foi superior, interrompendo uma
sequência de 19 anos de percentuais inferiores.
O piso previdenciário, valor mínimo dos benefícios do INSS -
aposentadoria, auxílio-doença, pensão por morte - será de R$ 998,00,
igual ao novo salário-mínimo nacional em 2019.
Assim, os reajustes não são suficientes para os aposentados cobrirem os
seus gastos mensais. Apesar de o governo federal agir conforme a
legislação, não é justo ou razoável com os idosos que têm que arcar com
gastos elevados, principalmente com remédios, plano de saúde e
alimentação.
Trata-se de uma afronta à dignidade humana, uma vez que muitos dos 25
milhões de aposentados que recebem o salário-mínimo, não conseguem se
sustentar com esse dinheiro e precisam recorrer à família ou então
viverem em situação de miserabilidade.
Importante ressaltar que cerca de 70% dos aposentados do INSS, recebem a
faixa salarial mínima no País. E o reajuste está longe da realidade da
população e do custo de vida no Brasil. O cálculo do reajuste da
aposentadoria no Brasil deveria considerar a inflação do idoso que paga,
por exemplo, de plano de saúde, mais de R$ 700,00 mensais, isso se
considerarmos as operadoras mais baratas.
Ou seja, como um aposentado que paga esse valor de plano de saúde
conseguirá ter dinheiro para roupas, comida, conta de luz, conta de água
e outras necessidades básicas para sobrevivência, com um salário-mínimo
de R$ 988,00? Impossível!
Para comprovar essa tese, foi anunciado recentemente pela Fundação
Getulio Vargas (FGV) o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade
(IPC-3i), que mede a variação da cesta de consumo de famílias compostas,
em sua maioria, por pessoas com mais de 60 anos, subiu de 0,69%, no
terceiro trimestre de 2018, para 0,80%, no último trimestre do ano.
O resultado contribui para a alta acumulada no indicador calculado, de
4,75%, superando o IPC-BR para o mesmo período (4,32%), inflação média
percebida pelas famílias com renda mensal entre um e 33
salários-mínimos. Segundo A FGV, comparada ao INPC, a inflação dos
idosos também foi maior, já que o indicador nacional de preços ao
consumidor, acumulado para 2018, fechou em 3,43%.
Ou seja, a grande parte dos aposentados no País vive em situação de
miséria. Não conseguem sobreviver com seu benefício e vive da
dependência da ajuda de familiares.
O Estatuto do Idoso assegura questões básicas de sobrevivência, como o
direito à alimentação via Estado ou família, diante dos casos de
vulnerabilidade financeira; atendimento digno no Sistema Único de Saúde
(SUS); programas de acesso à educação, cultura, lazer; de
profissionalização e trabalho; acesso e amparo do sistema
previdenciário; assistência social por meio da Previdência com um
salário-mínimo; reserva de percentual nos programas habitacionais;
transporte gratuito para os cidadãos acima de 65 anos; atendimento com
filas preferenciais; vagas específicas em espaço privados e públicos,
dentre outros elementos que, em suma, garantem uma vida digna, ou,
cidadania plena, entre outros.
E, apesar de contar com leis específicas, o aposentado brasileiro
enfrenta diariamente dificuldades, principalmente, relativas à
aposentadoria e pensões do INSS. Milhares de aposentados buscam a
Justiça, anualmente, para contestar a concessão, revisão e fraudes de
benefícios previdenciários, além de questões envolvendo os planos de
saúde.
Nos casos envolvendo os benefícios previdenciários, por exemplo, os
aposentados têm travado verdadeiras batalhas jurídicas na busca de
revisão dos benefícios e também, no momento da concessão da
aposentadoria. Milhares de aposentados se socorrem do Judiciário, para
revisar seu benefício e os segurados que não conseguem se aposentar ou
obter benefício por incapacidade, judicializam a questão com a negativa
do INSS na concessão do benefício previdenciário.
A futura reforma da Previdência não irá atingir os direitos daqueles que
já estão aposentados, mas poderá ser um duro golpe na geração futura
para aqueles que pretende se aposentar nos próximos anos, haja vista que
diariamente surgem rumores de como serão as novas regras e todos
mostram que a aposentadoria se tornará mais difícil de ser concedida.
Porém, como o texto da reforma ainda não foi fechado, são apenas rumores
e os segurados devem com calma aguardar o redação final a ser colocada
em votação.
Infelizmente, não enxergamos uma política pública que dê força ao
aposentado brasileiro. No cotidiano, o aposentado é vulnerável e sofre
dificuldades para garantir seus direitos básicos, como o de um salário
justo para sua sobrevivência. A torcida e o apelo é para que o novo
presidente, os novos ministros e os legisladores eleitos façam seu papel
e olhem pelo aposentado brasileiro com mais respeito e justiça.
Sócio do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados - Jornal do Comércio
(https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cadernos/empresas_e_negocios/2019/01/666768-brasil-nao-respeita-os-direitos-de-seus-aposentados.html)
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