TCE aponta necessidade de aprimoramento das gestões e adequação dos orçamentos municipais / Joyce Rocha / JC
A grande maioria das prefeituras gaúchas
apresentou dificuldade em cumprir com os compromissos previdenciários
dos servidores em 2020. Essa foi a conclusão de um levantamento
conduzido pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que traçou um
diagnóstico dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) no Estado.
De um total de 293 municípios que entregaram a documentação atuarial,
161 (54,9%) não apresentaram recursos suficientes para a cobertura dos
benefícios concedidos. Segundo o estudo, que será divulgado nesta
quinta-feira (21), os municípios devem investir no aprimoramento da
gestão para adequar os orçamentos e arcar devidamente com as obrigações
previdenciárias.
Em todo o Rio Grande do Sul, 331 dos 497
municípios possuem RPPS (66,6%) e 166 (33,4%) estão vinculados ao
Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Com base em dados obtidos a
partir dos Relatórios de Contas Anuais de 2020 dos que possuem regimes
previdenciários próprios, a pesquisa apurou que 262 estavam com o
certificado de regularidade previdenciária em dia. Desses, no entanto,
29 não haviam conseguido atender aos critérios mínimos para a renovação,
mas garantiram a documentação por via judicial, tendo de prestar
esclarecimentos e adotar medidas corretivas para a regularização.
Outras 77 cidades (23,3%) com regimes
próprios não haviam apresentado a avaliação atuarial anual do exercício
de 2020. Além disso, 6 (1,8%) delas não enviaram o documento até a data
da realização do levantamento.
Considerando o ano de 2020, os RPPS
gaúchos apresentaram um desequilíbrio atuarial negativo de R$
33.351.988,31, sendo que 283 deles registraram um Índice de Cobertura
Atuarial insuficiente, com os recursos acumulados não conseguindo arcar
com todas as obrigações. Segundo o estudo, 161 não tiveram recursos nem
para cobrir os benefícios que já estão sendo pagos, e um total de 10
RPPS apresentaram resultado atuarial superavitário.
Coordenadora do relatório, a auditora do
TCE Carolina da Conceição reforça que a intenção do estudo, além de dar
transparência aos dados, é reforçar aos municípios a necessidade de
melhorar a condução da gestão orçamentária. "O resultado não nos
surpreendeu, pois a grande maioria das prefeituras tem mantido
dificuldade em cumprir com as obrigações previdenciárias. O que
alertamos é para a necessidade de uma melhora da gestão municipal como
um todo, para que se possa cumprir com os quesitos básicos, entregar
devidamente as avaliações atuariais e conseguir aplicar os recursos de
acordo com os limites previstos em lei", comenta a técnica.
Na evolução dos municípios referente aos
Resultados da Avaliação Atuarial (DRAA) de 2020 para 2021, 212 tiveram
um déficit crescente e 70 decrescente. Ainda, dois municípios tiveram
superávit crescente e cinco decrescente. Um município tornou-se
deficitário no período e três superavitários.
Para Carolina, a compreensão dos
gestores sobre a realidade dos dados pode contribuir diretamente para
uma mudança comportamental daqui para a frente. "Queremos que as
prefeituras entendam que antes mesmo de buscarem recursos, precisam
arrumar a casa e estabelecer medidas para reduzir os gastos e equilibrar
as contas", complementa a auditora.
O mapeamento do TCE foi elaborado com
base nos dados levantados para a consolidação do Relatório de Contas
Anuais dos entes federativos, que tiveram como fonte de consulta os
Demonstrativos Previdenciários disponibilizados pela Secretaria de
Previdência/Ministério da Economia no Sistema de Informações dos Regimes
Públicos de Previdência Social (CADPREV) e as informações contábeis
enviadas pelos municípios, por meio do Sistema de Informações para
Auditorias e Prestações de Contas (SIAPC).
Os municípios que apresentaram
divergências entre o valores registrados e os demonstrativos atuariais
ficam apontados como irregulares no Relatório de Contas Anuais de 2020.
Nesses casos, precisarão enviar esclarecimentos e adotar medidas
corretivas para evitar divergências nos próximos anos. Segundo o TCE, no
entanto, 258 (79,6%) municípios atenderam a todos os critérios
verificados.
Fonte! Chasque (post) publicado no sítio oficial do Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS), por Fernando Crancio, no dia 20 de outubro de 2021. Abra as porteiras clicando em https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/politica/2021/10/816757-maioria-dos-municipios-do-rs-tem-dificuldade-em-arcar-com-beneficios-previdenciarios.html
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