terça-feira, 23 de abril de 2019

Tesouro Selic diminui diferença para caderneta de poupança no curto prazo


Mercado Financeiro>> O Título público é tributado pela tabela regressiva do IR
Recursos chegam a áreas como petróleo, eletricidade
e estradas /FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
O Tesouro Direto, programa de venda de títulos públicos do Tesouro Nacional, reduziu os custos para o investidor que possui o papel mais conservador do programa, o Tesouro Selic. O spread, nome dado para a diferença entre o preço de compra e venda do papel, caiu de 0,04% para 0,01%. Com isso, o produto passa a ser mais vantajoso do que a caderneta de poupança em quase todos os prazos, a não ser em raras exceções.

A afirmação pode soar estranha até para quem acompanha o mundo dos investimentos. A rentabilidade do Tesouro Selic é a própria taxa básica de juros da economia, que está no patamar de 6,5% ao ano. Já a da poupança, hoje, é de 70% da Selic acrescida da Taxa Referencial (TR), atualmente nula.

O investidor atento pode se perguntar como um produto que possui 70% da rentabilidade de outro poderia ser mais vantajoso. A diferença entre os rendimentos ocorre porque o Tesouro Selic possui alguns custos que não existem na poupança.

O título público é tributado pela tabela regressiva do Imposto de Renda (IR). Isso significa que, nos primeiros seis meses, os lucros são taxados pela alíquota de 22,5%. Além disso, a B3, Bolsa de Valores de São Paulo, cobra taxa de custódia de 0,25% ao ano sobre o patrimônio investido, e ainda há o spread, que foi reduzido na última semana.

Já a poupança é isenta de IR, e não incidem outros encargos sobre o produto. Esse cenário faz com que, em alguns prazos mais curtos - e especialmente próximos ao aniversário da caderneta -, o investimento apresente uma rentabilidade maior do que a do título público.

Segundo cálculos do professor de finanças da FIA, Marcos Piellusch, antes da redução das taxas, quem aplicou no Tesouro Selic 2023 em 2 de janeiro de 2018 e fez o resgate em até oito dias sacou menos dinheiro do que aplicou. Com as novas taxas, o produto passaria a ter rentabilidade positiva já no terceiro dia de aplicação.

Ainda que esse fenômeno não ocorra na poupança, especialistas afirmam que ela não pode ser considerada vantajosa frente ao título público. Para eles, o produto possui o lado negativo de ser remunerado em uma única data por mês, a do aniversário. Com isso, caso o investidor precise resgatar antes, fica sem a rentabilidade acumulada no período.

Para Valter Police, diretor de planejamento financeiro da Fiduc, os dois produtos são indicados para compor uma reserva de emergência, ou seja, que precisam ter alta liquidez. "O investidor pode precisar da sua reserva de emergência em qualquer dia do mês, e não só no aniversário."

O diretor comercial da Easynvest, Fabio Macedo, diz que a mudança é bem-vinda para os investidores. "Basicamente, o Tesouro vai pagar mais para recomprar os títulos." Ele concorda com Police: para que a poupança seja vantajosa, é preciso ter muito controle sobre os prazos e finanças pessoais. "É a grande pegadinha da poupança. Simplificando: se você ficar 50 dias no Tesouro, vai receber a remuneração dos 50 dias. Na poupança, receberia só 30."

Segundo o gerente do Tesouro Direto, Paulo Marques, com as novas taxas, o título público agora "ganha ou pelo menos empata" com o investimento mais comum entre os brasileiros - a caderneta de poupança. Ele afirma que a redução nos custos foi possível por causa de melhorias implantadas pelos servidores e que já vinham sendo desenvolvidas há bastante tempo.

De acordo com ele, diminuir os custos para o investidor é um objetivo do Tesouro. Também são estudadas reduções do spread para os outros títulos da plataforma. Ele lembra que, no ano passado, a taxa de custódia dos produtos também caiu de 0,30% ao ano para 0,25% ao ano. 

Fonte! Chasque publicado no caderno Empresas & Negócios, encartado no Jornal do Comércio de Porto Alegre, na edição do dia 15 de abril de 2019. 

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