Mercado Financeiro>> O Título público é tributado pela tabela regressiva do IR
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chegam a áreas como petróleo, eletricidade
e
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O Tesouro
Direto, programa de venda de títulos públicos do Tesouro Nacional, reduziu os
custos para o investidor que possui o papel mais conservador do programa, o
Tesouro Selic. O spread, nome dado para a diferença entre o preço de compra e
venda do papel, caiu de 0,04% para 0,01%. Com isso, o produto passa a ser mais
vantajoso do que a caderneta de poupança em quase todos os prazos, a não ser em
raras exceções.
A
afirmação pode soar estranha até para quem acompanha o mundo dos investimentos.
A rentabilidade do Tesouro Selic é a própria taxa básica de juros da economia,
que está no patamar de 6,5% ao ano. Já a da poupança, hoje, é de 70% da Selic
acrescida da Taxa Referencial (TR), atualmente nula.
O
investidor atento pode se perguntar como um produto que possui 70% da
rentabilidade de outro poderia ser mais vantajoso. A diferença entre os
rendimentos ocorre porque o Tesouro Selic possui alguns custos que não existem
na poupança.
O título
público é tributado pela tabela regressiva do Imposto de Renda (IR). Isso
significa que, nos primeiros seis meses, os lucros são taxados pela alíquota de
22,5%. Além disso, a B3, Bolsa de Valores de São Paulo, cobra taxa de custódia
de 0,25% ao ano sobre o patrimônio investido, e ainda há o spread, que foi
reduzido na última semana.
Já a
poupança é isenta de IR, e não incidem outros encargos sobre o produto. Esse
cenário faz com que, em alguns prazos mais curtos - e especialmente próximos ao
aniversário da caderneta -, o investimento apresente uma rentabilidade maior do
que a do título público.
Segundo
cálculos do professor de finanças da FIA, Marcos Piellusch, antes da redução
das taxas, quem aplicou no Tesouro Selic 2023 em 2 de janeiro de 2018 e fez o
resgate em até oito dias sacou menos dinheiro do que aplicou. Com as novas
taxas, o produto passaria a ter rentabilidade positiva já no terceiro dia de aplicação.
Ainda que
esse fenômeno não ocorra na poupança, especialistas afirmam que ela não pode
ser considerada vantajosa frente ao título público. Para eles, o produto possui
o lado negativo de ser remunerado em uma única data por mês, a do aniversário.
Com isso, caso o investidor precise resgatar antes, fica sem a rentabilidade
acumulada no período.
Para
Valter Police, diretor de planejamento financeiro da Fiduc, os dois produtos
são indicados para compor uma reserva de emergência, ou seja, que precisam ter
alta liquidez. "O investidor pode precisar da sua reserva de emergência em
qualquer dia do mês, e não só no aniversário."
O diretor
comercial da Easynvest, Fabio Macedo, diz que a mudança é bem-vinda para os
investidores. "Basicamente, o Tesouro vai pagar mais para recomprar os
títulos." Ele concorda com Police: para que a poupança seja vantajosa, é
preciso ter muito controle sobre os prazos e finanças pessoais. "É a
grande pegadinha da poupança. Simplificando: se você ficar 50 dias no Tesouro,
vai receber a remuneração dos 50 dias. Na poupança, receberia só 30."
Segundo o
gerente do Tesouro Direto, Paulo Marques, com as novas taxas, o título público
agora "ganha ou pelo menos empata" com o investimento mais comum
entre os brasileiros - a caderneta de poupança. Ele afirma que a redução nos
custos foi possível por causa de melhorias implantadas pelos servidores e que
já vinham sendo desenvolvidas há bastante tempo.
De acordo
com ele, diminuir os custos para o investidor é um objetivo do Tesouro. Também
são estudadas reduções do spread para os outros títulos da plataforma. Ele
lembra que, no ano passado, a taxa de custódia dos produtos também caiu de
0,30% ao ano para 0,25% ao ano.
Fonte! Chasque publicado no caderno Empresas & Negócios, encartado no Jornal do Comércio de Porto Alegre, na edição do dia 15 de abril de 2019.
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