Alternativas energéticas sustentáveis melhoram a produtividade e pesam menos no bolso dos produtores rurais
Placas
alimentam casas dos pescadores que vivem na beira da
praia de
Mostardas. Foto Gustavo Chaves Alves/Divulgação/JC
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Um estado
essencialmente agrícola e do tamanho do Rio Grande do Sul não deixa de ter suas
inúmeras dificuldades no campo, sobretudo quando os custos de produção são
elevados ou quando a energia elétrica ainda não chegou a algumas localidades.
Devagar, mas expressivamente, as alternativas energéticas começam a alcançar
pagos distantes, melhorando a produtividade e pesando menos no bolso do
produtor.
A
concretização é possível através de iniciativas como a da Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), que leva projetos de implementação
de geração de energia de fonte solar para o interior gaúcho. A empresa auxilia
os agricultores no desenvolvimento dos projetos e no acesso ao crédito de
bancos e programas de financiamento. Somente em 2018, foram 611 projetos, sendo
254 deles já implantados. São cerca de 50 técnicos capacitados, que fazem
reuniões e dias de campo para explicar o processo aos agricultores.
Mostardas,
no Sul do Estado, foi o município pioneiro na implementação da geração de
energia fotovoltaica. Os primeiros estudos começaram em 2008, para facilitar a
captura de camarão ao longo do Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Atualmente, a
energia solar chega ao local através de luminárias de jardim abastecidas com
fotocélulas. A alternativa foi mais barata do que instalar grandes placas
solares e ainda eliminou por completo o abastecimento por gás.
As ações
da Emater na região evoluíram para outras demandas e projetos maiores, quando,
em 2013, foram atendidas quatro famílias de pescadores que viviam sem energia
elétrica, em razão da infraestrutura da CEEE-D, concessionária que abastece o
trecho, que não chegava até as casas.
Os
projetos ganharam corpo quando se abriu a oportunidade de financiamento pelo
Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais
(Feaper), relembra o agrônomo Gustavo Chaves Alves, extensionista rural da
Emater. Os projetos também podem ser viabilizados pelo Programa de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com juros de 2,5% ao ano para
empreendimentos de infraestrutura.
A energia
solar passou a abastecer as residências e os freezers que armazenam os
pescados. Por inviabilidade técnica, esses projetos não foram conectados à rede
da concessionária, como ocorre nos casos de microgeração distribuída que cada
vez ganha mais espaço no País. A energia produzida é armazenada em baterias.
Microgeração gera créditos para uso em até cinco
anos
Apenas em
2015 que o projeto de geração de energia solar desenvolvido pela Emater para o
interior do Rio Grande do Sul contemplou a primeira propriedade rural conectada
à rede de energia elétrica. Uma fazenda com produção de arroz, também no
município de Mostardas, recebeu as placas para abastecer a irrigação da lavoura
e a secagem do grão.
A
economia no bolso do produtor foi sentida consideravelmente: a conta de luz,
que chegava a mais de R$ 1,5 mil ao mês, passou a custar a tarifa básica da
CEEE-D para o sistema trifásico no meio rural (algo em torno de R$ 46,89, mas o
valor varia com os impostos federais).
Nesse
modelo, que é de microgeração distribuída ou on grid, a energia produzida pelas
placas fotovoltaicas é injetada no sistema elétrico da companhia, gerando
créditos ao produtor que podem ser utilizados em até cinco anos, abatendo o
valor da conta de luz. O financiamento do projeto foi feito para dez anos, mas
a projeção é de que o investimento retorne antes disso, em até oito anos.
Desde o
ano passado, ao menos cinco projetos foram levados para análise na região de
Mostardas. Os pedidos envolvem geração de energia com autonomia para
pecuaristas familiares, abastecimento de água para os animais e implementos de
segurança das propriedades, como cercas elétricas.
"A
adesão ocorre aos poucos, mas vem crescendo. A região tinha uma deficiência
muito grande de qualidade de energia, e a geração solar supre essa
demanda", avalia Alves. "Os agricultores estão demandando mais
energia do que é disponibilizado", observa Lino Moura, diretor técnico da
Emater.
“Os
agricultores estão demandando mais energia do que é disponibilizado”, observa
Lino Moura, diretor Técnico da Emater. Por isso, a adesão à energia
fotovoltaica tem crescido bastante nas regiões de produção de fumo e aviários,
como o Vale do Taquari, onde há muita demanda energética.
A região
de Caxias do Sul, na Serra gaúcha, também desponta pelo número de iniciativas.
A estimativa é de que a energia solar cresça de 20% a 25% ao ano no Brasil como
um todo.
Em
Teutônia, um dos projetos mais significativos atende a 138 agricultores da
Cooperativa Agroindustrial São Jacó. A energia representava o segundo maior
custo do orçamento da fábrica de ração para animais, mas a luz solar conseguiu
reduzir em 50% os gastos com energia. O investimento foi de R$ 500 mil,
financiado pelo Feaper, e a estimativa é de que se pague em dois anos. Com a
economia, o custo da ração caiu em 7%, afirma o gerente regional da Emater em
Lajeado, Marcelo Brandoli.
Na região
de Lajeado já são 39 projetos instalados. O Vale do Caí é exemplo de outros
casos, onde a energia solar é utilizada para manter câmaras frias que armazenam
frutas e hortaliças. "É importante reforçar que existe uma facilidade de
crédito muito grande para o produtor rural, com juros baixos, que permitem o
retorno do investimentos em poucos anos", salienta Brandoli.
Fonte! Chasque de Bruna Oliveira, publicado nas páginas do Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, na edição do dia 15 de abril de 2019.
Justo o que eu procurava sobre energia fotovoltaica bh
ResponderExcluirBom dia Lucas..... este teu comentário foi em 22 de maio do ano passado.... passado praticamente um ano e meio, mesmo com a crise devido à Pandemia.... conseguiste avançar com teu projeto devenergia fotovoltaica?? Baita quebra-costelas
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