Créditos! http://aprendainvestirdinheiro.com/
|
A
estudante de direito Larissa Galdi começou a investir em títulos públicos pelo
Tesouro Direto no início de 2016. A taxa básica de juros (Selic), que baliza os
retornos dos investimentos em renda fixa, ainda reinava em 14,25% ao ano. No
segundo semestre do mesmo ano, porém, a Selic iniciou sua trajetória de queda,
achatando a rentabilidade dessas aplicações.
Em 2017,
os juros caíram a menos da metade de quando Larissa começou a investir no
Tesouro. Como ela tinha um dinheiro parado e a conhecida renda fixa já não
estava tão atraente, ela resolveu que era hora de colocar o pé no risco.
"Comecei a estudar formas de fugir das taxas frustrantes, passei a
repensar o dilema retorno versus risco e a conhecer expressões de renda variável
que nunca havia utilizado", conta.
Foi em
2017 que ela e diversos brasileiros saíram da zona de conforto em busca de mais
rentabilidade. Para além dos "queridinhos", como a poupança, o
Tesouro Direto e os CDBs, o investidor passou a flertar com aplicações mais
arrojadas, seja investindo diretamente em bolsa - que fechou o ano com alta de
mais de 26%, acima dos 76 mil pontos - ou, sobretudo, via fundos de
investimento - que atendem a diferentes perfis e são uma boa opção para um
pontapé no risco.
Entre os
fundos, os multimercados foram a grande febre em 2017. A captação somou R$ 91,7
bilhões - praticamente o total acumulado por toda a indústria de fundos em
2016. O grande chamariz é ter numa mesma aplicação ativos diversos e com
exposição a riscos diferentes, como renda fixa, ações, câmbio e até
commodities. "Os fundos multimercado foram a minha porta de entrada para a
renda variável: a ideia do risco em prol de retorno começou a me parecer mais
natural", conta Larissa.
Ela não
parou por aí. Com as promoções das instituições financeiras durante a Black
Friday, no final de novembro, ela e o namorado, Carlos Henrique Guimarães,
resolveram turbinar ainda mais a carteira. "Ele tomou coragem e investiu
em fundos de ações, o que me incentivou a seguir o mesmo rumo, ainda que com um
valor mais baixo", diz. "A carteira final tem se revelado
equilibrada, uma vez que o fundo multimercado segura razoavelmente a barra da
volatilidade do fundo de ações, mas os dois ainda garantem ganhos que eu não
teria em um fundo de renda fixa nas taxas atuais."
Já o
engenheiro Pedro Campos optou em 2017 por entrar na bolsa - que foi a estrela
do ano, mesmo com o "sobe e desce" provocado por eventos como a
gravação de Joesley Batista, as denúncias contra Michel Temer e os impasses da
reforma da Previdência. "Tenho medo do que pode acontecer no mercado com
as eleições, mas, mesmo que ocorra uma queda em 2018, empresas boas tendem a se
valorizar no longo prazo", acredita.
O ano que
começou ontem oferece um dilema para o investidor resolver. Se, por um lado, a
aposta é de que haja continuidade da retomada econômica, com crescimento do
PIB, inflação controlada e juros baixos; por outro, o movimento político em
torno das eleições e o perfil do próximo presidente podem jogar um balde de
água fria nos mercados.
Se 2017
foi um ano de turbinar a carteira de investimentos e colocar o pé no risco,
para especialistas, 2018 ainda oferece boas oportunidades para os aplicações
mais arrojados - mas é preciso redobrar a cautela. "2018 vai ter muita
turbulência para quem não gosta de fortes emoções", adverte Alan Ghani,
professor da escola de negócios Saint Paul. Ele aponta os setores de varejo,
minério de ferro e imobiliário como opções promissoras no mercado de ações.
"O
resultado da eleição vai ser determinante. O investidor vai ter de ter coragem
de tomar mais risco e deve estar muito atento no desdobramento eleitoral",
aponta Alexandre Silverio, CEO da Az Quest. Para ele, se o eleito for
comprometido com a política econômica atual, a bolsa pode ser o grande investimento
do ano. Outro destaque entre os ativos de maior risco continua sendo, segundo
ele, os fundos multimercado, pela versatilidade da aplicação.
Martin
Iglesias, especialista em investimento do Itaú, acredita que 2018 ainda será um
ano de mais risco na carteira, mesmo com as incertezas. A dica é não olhar para
retorno passado. "É preciso analisar o risco versus retorno e ver se o
produto é consistente. Às vezes, tem produto que vai muito bem no curto prazo,
nos últimos anos, mas no longo prazo é uma opção ruim", alerta.
Juro real segurou ganho da renda fixa, mas cenário
não deve se repetir em 2018
O tombo da Selic de 14,25% para 7% ao ano do
segundo semestre de 2016 para cá desafiou o investidor brasileiro, apegado à
renda fixa e acostumado à rentabilidade de 1% ao mês sem ter de correr qualquer
risco, como em bolsa. No entanto, apesar do recuo das taxas desses
investimentos, a forte desaceleração da inflação no ano passado garantiu ganho
real mesmo nas aplicações mais conservadoras. Para 2018, porém, esse cenário
não deve se repetir.
Quando a
Selic atingiu a então mínima de 7,25% ao ano, em 2012, eram necessários 96 anos
para que o investidor dobrasse o poder de compra dos recursos investidos em uma
aplicação de renda fixa. Já em 2017, apesar de o juro estar ainda mais baixo,
em 7% ao ano, são necessários 22 anos para se dobrar o patrimônio - menos de um
quarto do período.
O tempo é
menor até na comparação com o final de 2015, quando a Selic estava em 14,25% ao
ano. A rentabilidade, apesar de alta, foi corroída por uma inflação também de
dois dígitos, sendo necessários 53 anos para se dobrar o patrimônio. Os
cálculos são da professora do Ibre/FGV e planejadora financeira Myrian Lund.
Foi considerado Imposto de Renda (IR) de 15% e uma inflação de 2,78% para 2017.
"Apesar da queda de juros, quem aplicou em renda fixa em 2017 se deu bem,
pois a taxa real foi alta", explica Myrian. Se confirmada a projeção do
boletim Focus, do Banco Central, de inflação de 2,78% em 2017, o ganho real
líquido (descontada a inflação e o IR) do ano passado será, mesmo com o tombo
da Selic, superior ao observado em 2016 - 5,52% ante 5,28%, respectivamente.
Esse
cenário, porém, não deve se repetir em 2018. Segundo o último boletim Focus, o
mercado espera inflação de 3,98% para este ano. Com isso, segundo os cálculos
da professora da FGV, o ganho real líquido das aplicações será de apenas 1,62%.
"A taxa de juros real vai ser muito mais baixa em 2018, o que deve
impulsionar ainda mais os investidores para ativos de maior risco", diz.
Diante
desse cenário, a composição da carteira dependerá não só do perfil do
investidor, mas de suas metas. "Se o objetivo é fazer pé de meia ou
estabelecer previdência, recomendo NTN-B Principal 2035 ou 2027 (título público
atrelado à inflação). Outra aposta interessante são os CDBs de bancos pequenos,
já que há alguns pagando acima de 120% da taxa DI", afirma Betty Grobman,
professora de finanças e sócia da BSG DuoPrata.
Ela
lembra também que, em 2018, serão lançados na B3 os ETFs (fundos que replicam
índices) de renda fixa. "Nesses fundos, o investidor terá acesso a todos
os títulos públicos federais, e não só àqueles disponíveis no Tesouro Direto,
através das 'cestas'", diz. Já para quem procura mais risco dentro da
renda fixa, ela aconselha que o investidor fique de olho nas debêntures -
títulos de dívida emitidos por empresas - e em fundos imobiliários: "Há
opções interessantes", finaliza.
Fonte! Buscamos este chasque (matéria) na edição impressa do Jornal do Comércio de Porto Alegre / RS, em 02 de janeiro de 2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário