quarta-feira, 14 de agosto de 2019

A difícil decisão de realizar ganhos

Decidir quando e onde investir não é fácil; a decisão de vender, mais difícil ainda
Há meses, quando comprou uma NTN com vencimento em 2035, remuneração de IPCA + 6% ao ano, José estava convencido de ter aplicado muito bem os recursos destinados a prover renda e rendimentos complementares na sua aposentadoria.
Com essa expectativa de retorno, e disposto a esperar o vencimento da operação, nem ao menos acompanhava a flutuação do preço desse ativo. A coluna “Renda Fixa supera ganho da Bolsa” (05/08) o fez sair da zona de conforto, pensar sobre o assunto e encarar a decisão de vender ou não os títulos, antecipadamente, e colocar o lucro no bolso.
A decisão não é simples, mas já que a oportunidade se apresenta, é recomendável refletir e decidir o que fazer.
Curioso lembrar que, quando ocorre a situação inversa, a de queda no preço, muitos investidores se assustam e tomam a decisão precipitada e, muitas vezes, equivocada, de vender na hora errada realizando um prejuízo que poderia ser evitado.
Quem optar por manter a posição, continua ganhando a rentabilidade contratada, IPCA + a taxa de juros (% ao ano) contratada no dia da compra. Quem decidir vender, precisa de ajuda para refletir acerca das alternativas para reinvestir os recursos.
Primeira sugestão, alongar a carteira, comprar uma NTN-B mais longa do que a foi vendida, 2.035 ou 2.045, por exemplo. José acha longo demais, acredita que nem estará vivo até lá, mas a opção de venda antecipada existe sempre. Se a taxa de juros de longo prazo cair um pouco mais, o título se valorizará e o ganho, na hipótese de nova venda antecipada, será tanto maior quanto mais longo for o prazo até o vencimento.
Ah, mas se o juro subir, posso perder dinheiro, considera José. Verdade, mas só perderá quem se assustar com a flutuação natural do preço e vender o título. Se o pior cenário acontecer, o investidor pode aguardar momento mais favorável para sair da posição ou esperar o vencimento.
Vender uma parte da posição, tirar só o lucro, e manter o principal investido, é outra possibilidade. Essa parcela do lucro pode, por exemplo, ser aplicada em investimentos mais arriscados (ou não). Com a taxa básica de juros na mínima histórica de 6% ao ano, é válido colocar parte do dinheiro em ativos de mais risco e diversificar a carteira, se o perfil de risco tolerar. Mais fácil arriscar só o lucro e preservar o capital, pondera José.
Avalie a hipótese de aderir a um fundo de investimento com uma estratégia de investimento semelhante à que gostaria de implementar, mas não tem expertise nem coragem de fazer isso sozinho.
Avalie investir em um fundo Renda Fixa ativo, que explora as oportunidades de ganho com a flutuação de preços dos ativos de renda fixa; um fundo IMA-B, por exemplo, com a carteira recheada de NTNs, e o gestor pilotando, tomando as complexas decisões que precisam ser tomadas.
Um fundo multimercado que além de ativos de renda fixa (juros e inflação) também investe parte do patrimônio do fundo no mercado de renda variável, outra alternativa.
Por fim, e talvez, mais importante, lembre-se de que existe outra forma de ganhar mais sem correr mais risco: reduzindo o custo de investir. Pilotando sua própria carteira e investindo em Tesouro Direto, o custo é 0,25% ao ano. Pagar pelo expertise dos gestores, vai custar um pouco mais, é natural que assim seja, mas procure pagar a menor taxa de administração possível.
Fonte! Buscamos este chasque nas páginas do Jornal do Comércio de Porto Alegre/RS, edição do dia 12 de agosto de 2019, de  autoria da planejadora financeira Márcia Dessen.

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