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Dificilmente
a pessoa endividada consegue dizer com clareza o que a levou para tal situação.
Isso porque não avalia seu comportamento, sentimentos e forma de agir, fazendo
tudo automaticamente. Alguns encaram o endividamento como algo natural do ciclo
da vida, acreditam que as causas são externas e que o problema está na
economia, isentando-se, assim, de responsabilidade assumindo a condição de
vítima do sistema. Na realidade, o endividamento não está apenas atrelado a
questões comportamentais.
O
endividamento afetivo está vinculado ao sentimento de culpa que as pessoas
carregam consigo em relação aos outros e é muito comum na relação entre pais e
filhos. Os pais, por passarem o dia longe de casa, desenvolvem sentimento de
culpa e, por isso, atendem a todos os pedidos financeiros dos filhos,
independentemente de terem condições ou não.
O filho
percebe o sentimento de culpa dos pais, e, de forma velada, se estabelece o
endividamento afetivo. O endividamento simbólico todos nós temos. Quando alguém
nos faz um favor, é comum pensarmos que ficamos devendo algo, e algumas pessoas
acabam sentindo-se na obrigação de presentear quem lhe prestou o favor, mesmo
que não tenham condições financeiras.
Associar
o endividamento apenas a sintomas depressivos ou de ansiedade é negar algo mais
profundo. A raiz do endividamento está armazenada no inconsciente e
provavelmente está vinculada a situações vivenciadas no primórdio da vida do
indivíduo. Por isso, pode-se dizer que o endividamento financeiro não é causa,
mas consequência do endividamento afetivo. Se as pessoas não tentarem entender
o que as leva a se endividarem, continuarão repetindo esse erro, que poderá se
transformar em sofrimento psíquico.
Fonte! Chasque (texto) de Anissis Moura Ramos - Especialista
em Psicologia Clínica, publicado na coluna "Opinião", na página 4 do Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS), na edição dos dias 24 e 25 de dezembro de 2018.
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