Executivo
não depende de autorização legislativa para
ofertar
os papéis CLAUDIO FACHEL/ARQUIVO/JC
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Dez anos
após a oferta pública de ações do Banrisul, realizada em 2007, o governo do
Estado decidiu levar mais uma fatia do banco à bolsa de valores. A operação,
que deve ser concluída em dezembro, colocará no mercado 49% das ações
ordinárias de propriedade do Estado. Com isso, o governo gaúcho, que hoje detém
99,58% delas, manterá participação de 51%, pouco acima do exigido para
continuar com o controle do banco. O Estado venderá também todas as ações
preferenciais que ainda possui (pouco mais de 14%).
A decisão
foi comunicada ontem pela manhã, por meio de fato relevante; e significa, na
prática, que o governo do Estado passará a ter sócios na administração do
Banrisul. No pronunciamento que fez após a divulgação, o governador José Ivo
Sartori ressaltou que o controle do banco permanece com o Estado. "Esse
processo preserva a condição do Banrisul como banco público, a serviço dos
gaúchos", defendeu Sartori, alegando, ainda, que a decisão garantirá
"um nível mais elevado de governança" à empresa.
A
diretoria do banco, mesmo após a venda, continuará sendo indicada pelo governo,
mas haverá mudanças no conselho de administração, correspondendo à mudança na
estrutura societária. Como não perderá o controle, o Executivo não depende de
aprovação da Assembleia Legislativa nem de plebiscito para levar o projeto
adiante.
O
governador ainda defendeu que não há como antecipar o montante que será
arrecadado com a operação, que dependerá da flutuação do preço dos papéis até a
efetivação da venda. O negócio, porém, será bilionário. Se fosse feito com a
cotação do fechamento do pregão de ontem, por exemplo, a venda representaria um
aporte de aproximadamente R$ 3 bilhões aos cofres públicos. Ao contrário da
venda feita no governo Yeda Crusius e considerada "muito exitosa" por
Sartori, tudo o que for arrecadado terá o governo como destinatário.
Não
haverá, portanto, aumento de capital, com a criação de novos papéis, mas sim
uma venda secundária de ações hoje nas mãos do Estado. Ao todo, o Piratini
abrirá mão de 128 milhões de ações, sendo 99,2 milhões delas ordinárias e as
28,8 milhões restantes, preferenciais. No cômputo geral do capital social do
banco, a participação do governo cairá dos 56,97% atuais para uma fatia em
torno de 25,5%.
A partir
de agora, o Banrisul fará a estruturação da operação, etapa com prazo de
conclusão até 9 de novembro, data de publicação do balanço do terceiro
trimestre. Segundo o diretor financeiro do Banrisul, Ricardo Hingel, haverá
também uma conversão de papéis antes da venda. As 2,7 milhões de ações detidas
pelo governo do tipo PNA, mais antigas, serão transformadas em papéis do tipo
PNB, criados na época da oferta de 2007, que possuem maior aceitação do mercado
por diferenças quanto à distribuição dos dividendos.
Sartori
defendeu que o processo será feito agora porque foram atingidos níveis
favoráveis à venda. O papel PNB, por exemplo, que chegou a valer R$ 5,00 há
dois anos, no auge da crise econômica, agora oscila em torno de R$ 15,00.
Após a
divulgação do balanço, será feito um roadshow em busca de investidores,
apresentando o banco a possíveis interessados no Brasil, em Londres e em Nova
Iorque. A expectativa é de que o roteiro consuma mais 15 dias, encerrando-se na
cidade norte-americana, onde será feito o ajuste entre as ofertas de compra e
venda, o chamado bookbuilding. Com isso, a projeção é de que a venda seja
completada no início de dezembro.
Fonte! Chasque (matéria) publicado no Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, edição do dia 05 de outubro de 2017.
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