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Crédito: www.sindiopticarj.com.br
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A reforma
trabalhista é daqueles assuntos que mexem com o interesse de milhões de
brasileiros. Tivemos a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943, sancionado pelo presidente Getulio
Vargas. A CLT foi o resultado de 13 anos de trabalho - desde o início do Estado
Novo até 1943 - de destacados juristas.
A CLT regulamentou as relações
trabalhistas, tanto do empregado urbano quanto do rural. Desde sua publicação,
já sofreu várias alterações, visando adaptar o texto às nuances da modernidade.
Apesar das críticas periódicas, a CLT cumpre seu papel, especialmente na
proteção aos direitos do trabalhador. Entretanto, pelos seus aspectos
burocráticos e excessivamente regulamentadores, carece de uma atualização,
especialmente para simplificação de normas aplicáveis às pequenas e médias
empresas.
Ao mesmo tempo, a tecnologia dos últimos 20 anos fez com que o início
do século XXI seja marcado pela não geração de empregos. Especialistas lembram
que a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, e a vitória de
Donald Trump para ser presidente dos Estados Unidos são reflexos de sociedades
insatisfeitas por não conseguirem gerar empregos para grandes contingentes de
pessoas, um problema agudo.
Porém, atualizar a CLT não significa, necessariamente,
colocar o empregado em situação de desvantagem frente às empresas, na qual,
convenhamos, com 12,3 milhões de desempregados, ele já está.
Atualizar a CLT
não é tirar direitos protetivos justos e tradicionais, mas adaptá-la aos tempos
modernos. E isso tem um preço, se queremos voltar a crescer com investimentos e
mais empregos e renda. A prova da mudança por novidades tecnológicas
avassaladoras no mercado de trabalho com novas profissões é o setor financeiro
do Brasil. Eram 2 milhões de pessoas trabalhando, e hoje o setor emprega 500
mil. Mas, se analisarmos com olhar atento os textos que serão debatidos no
Congresso, veremos que a maior parte da proposta está vigorando, seja com novas
legislações ou, o não recomendável, na prática.
Mas, sem querer tirar a
preocupação dos empregados com seus direitos básicos, a verdade é que fizeram
terrorismo com as mudanças propostas, anunciando o fim do décimo terceiro
salário,, jornada de trabalho de 14 horas por dia, fim das férias de 30 dias e
por aí afora.
No entanto, não é bem assim, nem poderia ser, eis que, em plena
crise, ou por causa dela, as alterações devem ser milimetricamente calculadas,
planejadas e colocadas em discussão com todo zelo possível. Ives Gandra Martins
Filho, presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), fez forte defesa da
proposta da reforma trabalhista apresentada pelo governo. Se não houver
reforma, disse Martins Filho, o desemprego crescerá ainda mais, e o Brasil
estaria sob o risco de evoluir rumo à situação da Venezuela no mercado de
trabalho. É mais do que óbvio que isso ninguém deseja, nem empregados, nem
empregadores. O fato é que, como estamos tratando as relações entre as empresas
e seus empregados/colaboradores, aí sim é que aumentaremos o desemprego, a pior
chaga social que estamos vivenciando.
A argumentação dos que apoiam a reforma
diz que a CLT mantém várias deficiências, mesmo após a série de ajustes feita
no texto ao longo das últimas décadas. Por isso é que empresários,
trabalhadores e sindicalistas querem chegar a um objetivo comum - que passa
pelo aumento do emprego, pela segurança jurídica e pela harmonia nas relações
do trabalho -, mas só divergem quanto ao caminho para esse objetivo. Então,
vamos à discussão séria do assunto e ao encontro de soluções.
Fonte! Esta chasque é o editorial do Jornal do Comércio, de Porto Alegre/RS, edição impressa do dia 20 de fevereiro de2017
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