Numa comarca do interior instalou-se uma igreja ao lado do foro. Com a finalidade de atrair clientes/fiéis o líder religioso utilizava pesadamente a propaganda, manhã e tarde inteiras: com potentes alto-falantes, procurava fisgar pelos ouvidos.
O discurso era o tradicional: “se você perdeu o emprego, sua mulher lhe deixou, está viciado no álcool e cheio de dívidas, venha para cá e aceite Jesus. Ele vai lhe dar a graça e a sua vida vai mudar”.
Acontece que durante o turno da manhã ocorriam as audiências no foro. O magistrado recém-chegado à comarca - inicialmente apenas incomodado, mas respeitando a liberdade religiosa assegurada pela Constituição - pediu ao escrivão que desse um recado ao religioso para que “baixasse o volume pelo menos durante o turno matutino”.
Os dias se passaram e o efeito foi o contrário: mais volume e mais excitação do gerente da filial de Deus na Terra.
O juiz entendeu que o melhor seria enviar um ofício - falando no direito de vizinhança, sossego público etc., exigindo do pastor a rubrica de «ciente» na segunda via.
Manhã seguinte, audiência criminal.
– Diga-me com detalhes o que aconteceu – dirigiu-se o juiz à testemunha.
Retumbava na sala o mesmo volume: “Sai satanás, sai desse corpo em nome de Jesus!”
E a testemunha:
– Doutor, não consegui ouvir o que o senhor falou.
Uma nova frase retumbava na sala: “Fora, diabo, porque o sangue de Jesus tem poder”.
O juiz avisou - quase aos berros e mostrando o relógio de pulso - que suspenderia a audiência por cinco minutos.
Foi, então, a seu gabinete, vestiu a toga preta que só usava nas sessões de júri popular e avançou a passos largos em direção ao templo.
Na igreja, uns 30 fiéis, todos ajoelhados, mãos para o alto. Uns gemendo, outros chorando, olhos fechados e gritando chavões religiosos. No chão, debatendo-se, o corpo de uma jovem franzina, em cuja testa o pregador tentava colocar a mão.
O pastor, sem se dar conta da presença na porta de entrada do templo do magistrado intruso, ainda faz uma proclamação: “Em nome do Senhor, sai belzebu de sete capas”.
O juiz era um homem alto, forte, cara feia, aí pelos seus 100 quilos. E assim entrou o homem de preto. Sua toga, ao olhar dos que estavam em vias de êxtase, pareceria a própria figura do coisa-ruim.
Então o juiz bradou, com uma voz ensurdecedoramente grave e irritada:
- Dá pra parar com essa esculhambação?!
Cadeiras pra todo lado, fiéis saindo pela janela, gritaria total, a chegada do apocalipse. Até a jovem que se debatia ao chão despertou assustada e correu.
Foi a primeira vez que se viu um juiz exorcista!
Fonte! Chasque publicado na coluna Espaço Vital, por Marco A. Berinfeld, nas páginas do Jornal do Comércio, de Porto Alegre - RS, na edição do dia 14 de junho de 2011.
Esse espantou todos os demônios e endemoninhados!
ResponderExcluirBueno!
ResponderExcluirisso me faz lembrar dos tempos que eu era guri...., onde o silêncio ficava sempre em primeiro lugar. Não se usava ferramentas barulhentas na sexta-feira santa, como martelos, motores, etc. e nem se andava de carro. Tocar o Sino neste dia, nem pensar....
Diziam que Deus não era surdo....
No entanto, hoje, isso faz parte do passado, em quase todos os credos.