domingo, 30 de maio de 2010

Bovespa valorizou 6.000% em 10 anos, diz levantamento

Zulmira Furbino - Estado de Minas

Publicação: 24/05/2010 07:10

Haja coração. O Brasil saiu rapidamente da crise global iniciada em 2008, a bolsa subiu do fundo de um poço de 29 mil pontos para patamares acima de 71 mil pontos mais rápido do que se esperava, mas os titãs do déficit orçamentário da Grécia e de outros países europeus jogaram água na fervura e o medo tomou conta dos mercados outra vez. A nau do pequeno investidor volta a ficar à deriva. Mas atenção. Esse não é um momento para pânico. Ao contrário. É hora de tomar decisões racionais. No longo prazo, a bolsa de valores é imbatível. É o que mostra um levantamento feito pela corretora SLW a pedido do Estado de Minas. Entre abril de 2000 e abril de 2010, período no qual o Brasil passou por duas crises econômicas - 2000/2001 e 2008 - , as ações de empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegaram a valorizar mais de 6.000%.

Foi o que ocorreu com os papéis da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Em abril de 2000, uma ação da siderúrgica valia R$ 0,49. Hoje, custa R$ 31,25. A valorização foi de 6.278%. Ou seja: se você tivesse aplicado R$ 10 mil em ações da companhia há 10 anos, hoje teria em mãos R$ 638 mil. Se a sua opção fosse pela Usiminas, você teria R$ 290,7 mil, valorizando suas economias em 2.934%. Caso a posição fosse comprada na Vale, o valor seria R$ 193,9 mil, alta de 1.839%. Na Petrobras, R$ 97,9 mil (879%) e na Suzano Papel e Celulose, R$ 121,4 mil (1.114%).

Nesses 10 anos, os principais produtos dessas companhias também valorizaram, mas em escala infinitamente menor. O preço da tonelada de bobina a quente vendida pela CSN e pela Usiminas saiu de US$ 358 para US$ 716. O barril de petróleo de US$ 30 para US$ 80 e a tonelada de celulose de US$ 631,12 para US$ 890. De acordo com Pedro Galdi, economista-chefe da SLW, a diferença entre o salto olímpico registrado no valor das ações e o aumento dos preços dos produtos deve ser creditada ao forte crescimento da economia mundial entre 2003 e 2008, quando as bolsas de valores de todo o mundo registraram recordes de valorização.

Por isso, na turbulência atual, é preciso deixar que a razão vença o pânico. "Quem tem carteira de médio e longo prazos não precisa se assustar no curto prazo", defende o economista. Na avaliação dele, o momento assusta o investidor brasileiro, machucado depois do furacão de 2008. No longo prazo, porém, a tendência é de valorização, concordam os analistas de investimentos ouvidos pelo Estado de Minas.

Paulo Esteves, analista-chefe da Gradual Investimentos, explica que mesmo quando a Bovespa está derretendo, um banqueiro como Roberto Setúbal, presidente do Itaú, ou o presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar, Abílio Diniz, não perdem o sono porque as empresas que comandam são patrimônios de família. "Eles não têm a cabeça de um trader (que busca ganhos no curto prazo) e que precisam vender os papéis para fazer caixa, conforme o rigor do momento. Sabem que a crise da Grécia não vai bater na boca dos caixas das agências bancárias do Itaú ou dos supermercados Pão de Açúcar", diz.

Por outro lado, Esteves lembra que existem muitos investidores estrangeiros na bolsa e que, para esses, os papéis das empresas brasileiras são um número piscando na telinha. Aos investidores que querem sair do mercado de capitais em momentos de incerteza ele costuma perguntar: De que lado você está? A sua cabeça funciona como a do empresário ou como a do megaespeculador? "O objetivo de qualquer empresa é gerar valor para o acionista. Quando gera resultado, que é seu objetivo final, a empresa gera resultado e lucro, que vai gerar receitas maiores e lucros maiores. "É um ciclo voltado sempre para o acionista", explica Marco Antônio Ozeki Saravalle, analista de investimentos da Coinvalores.
 
Fonte! Chasque publicado no sítio Portal UAI, na seção de Economia, no dia 24 de maio de 2010 - http://www.uai.com.br/.

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