Finanças! Crianças precisam conversar sobre contas para evitar que tema se torne um tabu
Godoy comenta que é importante saber desde pequeno que o dinheiro é feito para atingir objetivos |
Se alguém abrisse a carteira de um adulto de antigamente, ia
encontrar lá, além dos documentos da pessoa, várias moedas e notas de
dinheiro. Já se a carteira fosse de um adulto de hoje em dia, o que
menos ia ter ali eram notas, mas sobrariam cartões dos mais variados
tipos.
Cada vez mais, as cédulas, como é chamado o dinheiro em papel,
estão dando lugar a outros tipos de pagamento das coisas. Além dos
cartões, já é normal comprar usando só a internet, por exemplo.
Só que, quando a gente não consegue enxergar uma coisa, fica um
pouco mais complicado de entender o que ela é ou como ela funciona. Por
isso, quando as crianças começam a lidar com o dinheiro, recebendo
mesada ou pensando em comprar algo, uma boa ideia é que os pais ajudem
nesse aprendizado mostrando o dinheiro físico, com notas e moedinhas.
Quem dá essa dica é Tiago Godoy, chefe do departamento de Finanças
Pessoais da XP Investimentos. Ele explica que, para que todo mundo
cresça sabendo usar melhor o dinheiro, a primeira providência é entender
que ele é não é infinito. "As famílias mostram que o dinheiro vem do
trabalho. As crianças aprendem como se usa, e que usar o dinheiro é uma
escolha", fala Tiago.
Ele diz que é importante conversar sobre dinheiro com os pais e
responsáveis sempre que der vontade. Não só para tirar dúvidas, mas para
evitar que este tema se torne um tabu, que é como os adultos chamam os
assuntos que eles acham complicado de falar com os outros.
Luana Borin recebe R$ 40 por mês. Ela tem 11 anos e guarda a mesada
para gastar no shopping, ou com dinheiro virtual no videogame. "Eu
gosto porque não tenho que ficar pedindo para a minha mãe", diz Luana.
"Ela criou essa mentalidade de guardar, porém sempre tem um objetivo com
o dinheiro", conta Nathalia Buscarino, mãe da menina.
Tiago Godoy comenta que é importante saber desde pequeno que o
dinheiro é feito para atingir objetivos, e não só para ser acumulado.
"Criança tem que viver vida de criança, e não pensar em investir na
Bolsa", diz.
Outra sugestão de Godoy é que, em vez de mesada, as crianças
recebam semanada, porque pode ser difícil esperar tanto tempo quando
ainda se é criança. "Vamos supor que a ideia é comprar um joguinho que
custa R$ 50. A criança pode anotar o objetivo, e pedir ajuda da família
para uma pesquisa sobre o preço", ensina.
Pesquisa feita, é hora das contas. Se a semanada é de R$ 10, vai
ser preciso economizar por cinco semanas tudo que entrar no cofrinho.
"Se no meio do caminho der vontade de comprar uma bala, e gastarmos
parte do dinheiro, vamos ter que entender que o plano inicial foi
mudado. Daí volta na anotação e faz a continha de quanto gastou. Depois é
preciso comemorar quando conseguir comprar o brinquedo que queria,
recompensando o próprio sucesso."
Tiago ainda lembra: a mesada não pode ser um pagamento pelas
obrigações. "Não brigar com o irmão, fazer a tarefa da escola e ajudar
com as coisas em casa é o certo. E o certo não é remunerável."
Fonte! Chasque (reportagem) postado nas páginas do Jornal do Comércio de Porto Alegre / RS, no caderno Empresas & Negócios, do dia 8 de março de 2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário